Era a noite do luau. 31 de Dezembro. Vesti um vestido branco com alças finas. Roubei de Margot no ano passado. Era um vestido bonito, mas não o tipo que eu usaria. De qualquer forma, resolvi usá-lo por ser dia 31, ir a um luau e claro, estar em uma praia.
Eu estava trancada no banheiro do quarto. Na saleta, sabia que Andrew estava lá devido a música que soava relativamente baixa. Já estava dentro daquele cubículo um tanto abafado por mais ou menos 30 minutos. Tentei arriscar-me a usar maquiagem, mas não havia dado certo. Em meio a tantas desistências, optei apenas por um batom.
Sequei os cabelos e consegui prendê-lo de uma forma bonita e adequada, que combinasse com o vestido. Quando finalmente senti-me pronta, abri a porta e saí, sentindo o clima frio, se comparado à temperatura do banheiro.
Passava das 19h00. Olhei de relance pela portinha da varanda e vi um céu escuro, sem nuvens. Uma noite perfeita. Talvez Andrew tivesse usado suas vantagens de ser metade anjo e realmente interferiu no clima da noite. Não estava quente nem frio, apenas uma temperatura agradável o suficiente para estar em uma praia.
Antes de adentrar a saleta, bati meu pé com as sandálias no piso encerado e pigarreei, esperando que a atenção de Andrew estivesse em mim. Ele estava sentado em uma poltrona, os olhos fechados e o queixo apoiado sobre a mão direita; sua cabeça balançava levemente com o ritmo da música — um rock. Talvez punk.
— Acho que podemos ir. — eu disse, já que Andrew não havia notado minha presença.
Seus olhos finalmente abriram-se e permaceram em mim por alguns segundos. Silêncio.
— Ahn... — murmurou, pondo-se de pé — ok, vamos.
Por um breve momento, achei ter visto um resquício de rubor em seu rosto, mas não pude comprovar tal fato já que Andrew encontrava-se de costas quase no mesmo instante em que levantou-se, abrindo a porta rapidamente.
O segui porta afora. Andrew deixou o som do quarto ligado, mas quanto a isso, decidi não indagar sobre. A viagem curta do elevador até ao térreo foi silenciosa, exceto pela musiquinha irritante que tocava lá dentro. Continuamos em silêncio por todo o caminho em direção à praia, que parecia agora tão próxima do hotel.
O silêncio que nos pairava não era acolhedor ou reconfortante. Era totalmente o oposto. Parecia haver uma certa pressão e, uma hora ou outra, previa que iria nos esmagar.
Tirei as sandálias dos pés antes de pisarmos na areia. Com as tiras envoltas aos meus dedos, aproximei-me instintivamente de Andrew ao ver uma fogueira com pessoas em volta. Achei que tínhamos chegado cedo, mas enganei-me ao ver o grupo vestido em roupas de estampas havaianas dançando.
— Está tudo bem? — indaguei, quebrando o silêncio.
— Sim, está. — sua resposta quase foi impossível de ser ouvida, já que quanto mais avançavamos, mais a música ficava alta.
Antes de estarmos perto da fogueira, uma mulher loira nos parou. Seus olhos claro eram doces, juntamente com seu sorriso caloroso. Em seus braços, pendiam vários colares de flores.
— Bem vindos ao luau! — exclamou ela — querem um colar?
Olhei em volta e percebi que todos usavam os colares coloridos e extravagantes. Certamente não era algo que eu gostaria de usar.
— Bom, há algo além dos colares? — indaguei, um tanto tímida.
— Que tal uma coroa? — ela tirou uma coroa de flores da bolsa que carregava, que até então eu não havia notado a presença. Antes que eu tivesse chance da resposta, ela colocou a coroa em minha cabeça sem qualquer cerimônia — ficou linda em você!

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Meu Carma
FanfictionAndrew apaixonou-se por uma humana, o que logo custou-lhe muito caro, já que esse amor é meramente proibido por distintos os seres. Porém Andrew foi criado por um propósito e tanto o Céu quanto o Inferno sabem que esse amor não deverá ser prolongado...