11. Projeção

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Conversei com Margot por mais alguns minutos. Ela estava animada por passar as férias no litoral e por estar perto de Chris. Ainda não me acostumava com a ideia de que meus dois melhores amigos estivessem namorando. É só que Margot não é do tipo que se prende a alguém por muito tempo, mas sei que os sentimentos dela por ele são verdadeiros e vice-versa.

Desliguei o celular e fiquei pensando em Andrew mais uma vez. Pensei em como queria ele por perto e em como meus sentimentos em relação a ele eram confusos. Eu o queria perto, mas ao mesmo tempo o queria mais longe o possível de mim. Ele é um demônio, não tem sentimentos. E eu devia me parar antes que acontecesse algo horrível.

Ouvi batidas na porta do meu quarto despertando-me enfim dos meus pensamentos. Andei devagar em direção à porta e abri a mesma. Lucy estava ali. Estava séria. Talvez irritada com algo. Só torcia internamente para que ela não tivesse visto as inúmeras louças sujas que eu havia escondido no armário inutilizável da cozinha, prometi a mim mesma que as lavaria quando minha preguiça passasse, apesar de já ter passado duas semanas desde então.

- Para que são essas velas acesas? - perguntou ela, com a voz levemente alterada - está fazendo um ritual aqui dentro?

Revirei os olhos e corri para apagá-las.

- Eu estava meditando. - menti.

- Usando velas? - ela arqueou as sobrancelhas.

- Eu não tinha dinheiro para o incenso. O que quer?

Ela deu um passo a frente, entrando assim em meu quarto que agora cheirava a parafina queimada.

- Eu vim avisar que minhas aulas na faculdade já voltaram.

Agora entendia sua irritação.

- Como assim? Estamos próximos do Natal. As aulas só voltam em Janeiro.

- Como se eu não soubesse! - Lucy bufou irritada.

- Tem certeza disso? - perguntei cruzando os braços.

- Sim, tenho. Taylah mandou mensagem para mim sobre isso. Se as aulas voltaram mesmo, vou ter que voltar a ficar nos dormitórios, mas mamãe ainda não voltou. Estou preocupada com você.

Olhei para ela confusa, afinal, nunca falamos coisas do tipo uma para outra. Era no mínimo estranho.

- Você sabe - continuou Lucy, percebendo meu olhar - sobre o fato de deixá-la sozinha aqui quando prometi a nossa mãe que cuidaria de você.

- Isso é ridículo - disparei - já sou quase adulta. Realmente não vejo problema em me deixar aqui sozinha.

Lucy suspirou.

- Você sabe que mamãe não ia gostar nem um pouco da ideia. Eu vim avisá-la para o caso de que acabe ficando sozinha. Vou ligar para mamãe depois.

- Quero conversar com ela também. - eu disse antes que Lucy saísse do quarto.

Ela assentiu e saiu, deixando-me sozinha novamente. Voltei a olhar para o chão e tomei coragem para finalmente tirar as velas dali. Guardei-as no fundo de uma gaveta qualquer da minha cômoda. Deitei-me em minha cama em seguida e, mesmo que eu não quisesse, meus pensamentos redirecionaram-se mais uma vez a Andrew.

***

Eu estava esperando por ele. Já passava das sete da noite e eu já havia comido alguma coisa. O quarto estava mergulhado em um silêncio mortal, entretanto, minha mente era um caos.

Lucy havia saído mais uma vez. Ela disse que precisava comprar algumas coisas para levar para a faculdade. Antes do jantar, conversamos com mamãe. Ela estava em Dover. Minha mãe viaja muito devido ao trabalho, já que é produtora de eventos. Sua estadia em Dover estava mais longa do que o normal, já que minha avó mora lá e ela está doente desde Outubro. A enfermidade é desconhecida, até mesmo pelos médicos. Mamãe só irá voltar quando vovó melhorar.

Meu CarmaOnde histórias criam vida. Descubra agora