13. Irmão

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— Como vocês entram assim sem ao menos bater? — gritei irritada, levantando-me em seguida — eu podia muito bem estar sem roupa.

— Nada do que eu já não tenha visto. — murmurou Jacob.

Senti minhas bochechas queimarem. Do que ele estava falando?

— O que você quer dizer?

— Ele não quis dizer nada — disse Noah, dando um passo a frente, ficando logo a frente do irmão — viemos chamá-la para ir à cozinha, pois já compramos a pizza. E desculpe pela porta, prometemos bater da próxima vez.

Meneei a cabeça concordando. Olhei para a cama, bem onde Andrew estava sentado antes da porta ser aberta abruptamente. Lembrei-me do olhar de ambos sob o corpo imóvel de Andrew antes do mesmo sumir. Os três — Jacob, Noah e Andrew — trocaram olhares, tenho certeza disso.

— Vocês... vocês não viram mais alguém aqui quando entraram? — perguntei receosa.

— Não. — respondeu Noah olhando em volta — Por que? Você estava com mais alguém aqui?

Percebendo minha pergunta estúpida, xinguei-me mentalmente.

— Não, ninguém esteve aqui.

***

Uma semana inteira se passou. Faltava apenas 4 dias para o Natal e Jacob fez questão de enfeitar a casa. Mamãe ligou algumas vezes, apenas para confirmar que ficaríamos o Natal longe uma da outra. Por causa das aulas, Lucy não aparece há dias e dói o coração ao lembrar que terei que passar o Natal com meus primos estranhos.

Trocávamos algumas palavras quando nos esbarrávamos pela casa, nada mais além disso. Ambos eram sorridentes e simpáticos, mas eu ainda desconfiava um pouco deles. Ainda achava que não éramos parentes.

Jacob era o mais sério dos dois. Vivia na cozinha com um livro de receitas por perto e nas duas únicas vezes que o vi cozinhando, percebi que tratava a comida como se fosse uma obra de arte. Noah estava sempre sorrindo ou soltando comentários sarcásticos. Parece discordar tudo o que Jacob fala o que acaba irritando-o. Está sempre perto do irmão. Na maioria das vezes, cochicha bem próximo de Jacob, como se estivessem conspirando pelas minhas costas, e é isso que preocupa-me.

Eu parei de sair de casa pelo simples fato de que, por algum motivo muito estranho, está nevando durante essa semana inteira. Em Londres não é tão comum nevar e por isso, resolvi me limitar ao conforto de casa. Tomar um chá quente e ler um pouco do jornal pela manhã vem sendo uma rotina agradável.

Acordei cedo e desci os degraus, caminhando calmamente em direção à cozinha. Como esperado, encontrei a dupla dinâmica ali, enquanto bebericavam algo em suas xícaras.

— Bom dia, Amy. — disseram ambos em uníssono, mostrando um sorriso amigável.

— Bom dia.

Peguei o jornal na bancada da cozinha e folheei calmamente, até achar uma página que continha letras negras engarrafadas: "School Learns incendiada. Causa do incêndio: proposital". Segurei com força as folhas finas do jornal e as coloquei mais próximas de meu rosto. Não fazia sentido. Por que fariam isso com uma escola?

— Está tudo bem? — perguntou Noah enquanto tirava a xícara de sua boca vagarosamente.

Não sabia que havia prendido a respiração quando a soltei devagar. Olhei para Noah e depois para Jacob, ambos me encaravam apreensivos esperando por alguma resposta.

— A escola que eu frequento — eu disse devagar, ainda absorvendo a informação — foi incendiada. Tudo indica que foi um incêndio proposital.

Meu CarmaOnde histórias criam vida. Descubra agora