33. Meu

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6 dias.

Hoje completam 6 dias que eu não o vejo. Parece ter se passado uma eternidade desde então, mas foram apenas 6 malditos dias. Não tenho notícias dele e, aparentemente, desde que voltei à minha vidinha mortal e monótona, Noah e Jacob também resolveram abandonar-me. Estou há exatos 6 dias imersa numa tristeza que, pelo que parece, veio pra' ficar.

Não recebo mensagens ou sequer sonhos em que ele possa entrar, apenas para, quem sabe, perguntar se estou bem. Dizer que me ama e poder dizer veemente que está tudo bem e, que permanecerá assim. Andrew sumiu. Simplesmente sumiu, sem deixar explicações.

No primeiro dia, após a partida de Jacob, minha mãe chegou em casa com as malas, sorridente e cansada. Deu-me alguns presentes: livros e casacos de lãs feitos por minha avó. Ela disse que vovó está bem, melhor do que antes e que já retornou normalmente às atividades anteriores. Lucy chegou logo depois — alguns minutos depois de minha mãe — estava cansada também; queixou-se de uma dor de cabeça repentina e foi trancar-se no quarto, prometendo que depois voltaria para que pudesse nos abraçar e ficar papeando na cozinha.

Ainda no primeiro dia, Margot ligou superanimada, marcando planos para os dias que ainda estavam por vir. Planos envolvendo encontros para tomarmos café na companhia de Chris e James; passeios em shoppings e lojas de roupas que estavam, como ela sempre diz, exclusivamente a nossa espera. No fundo, desejava que Andrew estivesse ali para que fôssemos juntos. Queria apresentar meus amigos a ele, mas ele não estava, da mesma forma como continua não estando.

No segundo dia, a saudade cresceu um pouco mais. Procurei em meu celular a única foto que eu tinha dele, a qual tirei quando ele estava dormindo, naquele quarto de hotel com uma vista maravilhosa e única na Flórida. Ele estava ali, naquela foto, dormindo tranquilamente. Aquele era o meu Andrew.

No terceiro e quarto dia, a saudade bateu a porta mais uma vez. Quando a deixei entrar, ela veio como uma enxurrada de sentimentos misto de lágrimas. A saudade reinou em mim mais uma vez, fazendo-me até atualizar minha playlist de músicas colocando as músicas preferidas dele. Eram apenas míseros dias, porém, era como se a cada minuto longe dele, uma parte minha era arrancada e perdia-se no ar, levando também um pouco da sanidade que me restava.

Eu precisava dele, nem que fosse apenas para brigar. Se ele estivesse ali, tudo faria sentido novamente e, a ausência de felicidade não faria-se mais presente.

No quinto dia, eu consegui finalmente sorrir. Margot arrancou-me de casa, com total apoio da minha mãe que, infelizmente, já notava o quão triste eu estava ficando a cada dia. M e eu saímos juntas. Mesmo sendo domingo, fomos ao Belleville Café — nosso lugar preferido no mundo inteiro — já que íamos apenas nos sábados, quando tínhamos tempo de sobra para conversar sobre o que aconteceu durante a semana com a companhia de café e croissant.

O Belleville Café era um estabelecimento comum e pequeno próximo a nossa escola. O Belleville era como se fosse nosso pequeno pedaço da França localizado bem ali, na Leytonstone. Nunca fomos na França, de qualquer forma, a partir do momento que atravessávamos as portas de vidro, nos sentíamos em Paris, tomando um bom café parisiense — feito em Londres mesmo, claro — com o acompanhamento maravilhoso de croissants.

Apesar de Margot e eu termos uma amizade muito longa — uma amizade que começou na creche Municipal — e um vínculo realmente forte e inegável, Christopher era sempre o primeiro a saber que eu não estava bem. Neste dia, na ocasião de domingo no Belleville Café, Chris foi o primeiro a estender-me a mão por cima da mesa. Apertou a minha mão contra a sua e sorriu, da forma mais doce o possível.

— O que está acontecendo? — indagou ele enquanto levava uma xícara de café à boca.

— Nada. — respondi com um sorriso forçado.

Meu CarmaOnde histórias criam vida. Descubra agora