34. Troca

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* Andrew on *

6 dias.

Hoje completam exatamente 6 dias que não a vejo. Mesmo que sejam apenas alguns dias desde então, os minutos alongam-se em horas e as horas em uma eternidade. De alguma forma, sei que ela sente e pensa o mesmo. Estamos conectados, tenho certeza disso.

Não dei nenhuma notícia pois, após a ida de Amy do submundo, eu tive que agir. Encontrei-me com Lúcifer, para que ele assinasse meu "passe" para ir ao Céu. Foi um pouco difícil convencê-lo, pois ele logo descobriu meus planos. Ele tentou fazer-me mudar de ideia, mas obviamente, ele fracassou. Eu não estava propenso a desistir.

Quando cheguei no Céu, pedi ao clero uma reunião. Deixei que minhas intenções ficassem evidentes; sabia que Gabriel saberia imediatamente o que eu estava planejando, por isso, um julgamento foi marcado para exatos sete dias. Desde então, o clero enviou Miguel e Suryal para que ficassem colados em mim, me vigiando. Portanto, se eu fosse ao encontro de Amy um segundo sequer, eles saberiam de imediato e tudo estaria perdido, afinal, ninguém — além de Jacob e Logan — sabiam que Amy e eu estávamos juntos.

O julgamento estaria sob o comando naturalmente do clero, tendo Gabriel como supervisor ou qualquer coisa parecida. Na verdade, o próprio Gabriel seria o juiz, com isso, eu poderia esperar o pior. Claro que ainda teriam Suryal, Miguel, Rafael e outros membros do clero para votarem em uma decisão justa perante ao meu pedido. Só esperava que todos fossem realmente justos.

Nesse sexto dia, meus nervos serpenteavam a todo momento em minha pele, lembrando-me de minuto a minuto o que estava acontecendo. Durante a manhã, recebi Lilith em uma visita breve e desnecessária em meu escritório. Eu sabia o quão o cheiro de um mortal para um totalmente demônio podia ser tão forte, por isso ela soube imediatamente que Amy não estava mais no castelo.

Sem cerimônia, ela aproximou-se, sentou em meu colo enquanto seus dedos ágeis passeavam por minha camisa, enviando arrepios involuntários por meu corpo. Não queria ser tocado por ela... por mais ninguém, na verdade. Na minha mente existia apenas as mãos de Amy e isso bastava.

— Oi anjinho. — Lilith disse, quase sibilando.

Lancei a ela um olhar duro. Ela sabia o quanto odiava ser chamado daquilo que um dia eu fora.

— Desculpe. — ela disse, a voz em verdadeiro deboche — Nunca sei do que ao certo chamá-lo.

— Que tal pelo meu nome?

— Andy ou Andrew? — estalou a língua — Viu? É tão difícil não ter uma identidade certa. Sorte a minha não sentir isso na pele.

Revirei os olhos, afastando-a de perto de mim em seguida.

— Santo Deus. — murmurou ela — Porque ser tão rude? Estamos sozinhos, certo?

— E desde quando ficarmos sozinhos dá a você algum tipo de liberdade? Não sei quantas vezes tenho que dizer que não gosto de você, pelo menos não do jeito que você espera.

Lilith meneou a cabeça, rindo. Uma risada alta e debochada, quase exagerada. Desamarrotou a saia curta com as mãos ao levantar-se, enrijecendo a postura ao encarar-me novamente.

— Eu não gosto de você, Andrew. — ela disse, ficando séria — Não quero que goste de mim. O que eu quero é apenas sexo. Isso é tão comum. Sabe o quanto isso é normal.

— É, eu sei. Mas dispenso a superoportunidade de transar com você.

— Um dia você vai estar implorando por me ter na sua cama. E quando esse dia chegar, vou estar de braços abertos... e pernas também. — riu novamente, direcionando o olhar à minha mesa bagunçada, repleta de papéis espalhados.

Meu CarmaOnde histórias criam vida. Descubra agora