— Porque você fez isso?! — gritou Andrew ao virar o rosto para olhar-me novamente. Sua bochecha, a qual fora esbofeteada por mim, estava em um tom vermelho vivo.
— Para você aprender — gritei, soando como uma mãe louca ao repreender os filhos — que não se deve deixar as pessoas morrerem de preocupação!
Sem dizer mais nada, puxei-o para perto pela gola de sua camisa com as duas mãos e então nos beijamos. Ele não se afastou, como eu pensei que faria. Então ficamos ali, com os lábios presos nos lábios do outro. A sensação de ter seu toque em minha pele era única e perfeita. Uma sintonia difícil de explicar.
Apesar de uma mudança ainda não perceptível, aquele era o Andrew. O meu Andrew. O mesmo Andrew estranho, muitas vezes fechado, mas que em dados momentos abriu-se para mim e mostrou-me o que ele realmente era. Era o Andrew que eu amava.
Nos afastamos, mas logo voltamos a nos beijar. E ficamos assim por longos segundos, que talvez alongaram-se em minutos que eu desejava que findasse apenas em horas.
— Me desculpe. Eu surtei. — eu disse quase desesperadamente quando nos afastamos de novo. Queria tanto que ele relevasse meu momento sem sentido de euforia.
— Está tudo bem. — tranquilizou-me — Se eu estivesse no seu lugar, acho que faria algo parecido. Talvez gritar bem alto e...
— Quebrar coisas. — completei sorrindo.
— Exato.
Afastei-me alguns centímetros, apenas para ter uma visão completa da mala jogada aos nossos pés.
— O que é isso? — indaguei curiosa — Mais uma de suas viagens surpresas?
— Não. — respondeu, o tom preocupado à tona mais uma vez — Na verdade, precisamos conversar.
— Meu Deus.
— Relaxa. — ele disse ao pegar a mala — Aliás — deu um passo à frente, entrando finalmente em casa — não lembro de ter me apresentado sua cama antes.
E, rindo, nos encaminhamos à escada.
— Mas antes... — largou sua mala no chão novamente ao puxar-me para perto — Eu preciso lhe dizer isso antes que eu exploda. — disse quase exasperado — Eu quero você, Amy. Quero tê-la comigo. Quero construir minha vida nova ao seu lado. Quero que sejamos como... — uma pausa, enquanto apertava meus ombros levemente com suas mãos pesadas — iria dizer como Katherine e Heathcliff, mas isso seria péssimo. — mais uma pausa, enquanto respirava fundo; alternava o olhar entre meus olhos e seus pés, como se procurasse as palavras certas — Quero que saiba que sem você eu seria nada; apenas um corpo vazio à procura da razão. Como é mesmo que está escrito naquele livro? — estalou a língua, estava claramente nervoso e eu não conseguia pensar o quanto aquilo era adorável — Se tudo o mais acabasse e você permanecesse, eu continuaria a existir... — ele estava tentando citar sua parte favorita de O Morro dos Ventos Uivantes, de uma forma confusa e apenas dele — e se tudo o mais permanecesse e você fosse aniquilada, eu não me sentiria mais parte do universo. E eu amo você.
Deixei emergir meu melhor sorriso bobo, o qual encaixava-se perfeitamente naquela situação. Trouxe seu rosto entre minhas duas mãos, não sabendo em como lidar com tudo que fora me dito em tão pouco tempo.
— Não seremos como Katherine e Heathcliff. — eu disse, ainda sorrindo — Seremos eu e você, sem problemas sérios para nos abalar. Ninguém mais irá ditar nosso destino. Eu amo você.
***
Andrew contou-me tudo. Desde a sua decisão até o momento em que seu pedido fora concedido. Era estranho saber que ele havia trocado suas asas por uma vida mortal, apenas para viver ao meu lado. Eu sentia a responsabilidade desse pedido pesar em minha consciência.
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Meu Carma
FanfictionAndrew apaixonou-se por uma humana, o que logo custou-lhe muito caro, já que esse amor é meramente proibido por distintos os seres. Porém Andrew foi criado por um propósito e tanto o Céu quanto o Inferno sabem que esse amor não deverá ser prolongado...