Truths

Dois. ✓

Emanuela. 

-  Eu queria tanto que você estivesse bem. Eu daria tudo para te ter aqui, Linda, andando pelos corredores da escola  com suas calças rasgadas. Eu juro que eu não me importaria que você me odiasse, eu não me importaria em te ver nos braços de outra pessoa, tanto que eu não tivesse que vê-la nessa situação. Minha Em, eu amo tanto você. Apesar de ser a porra de um babaca, de fazer tudo errado, eu nunca menti. Eu te amo pra caralho. Me desculpa por tudo.

É aquela voz! É a voz que eu escutei em minha mente por todo esse tempo, mas ela parece tão real, por que meu corpo está arrepiado? E de onde vem esse calor em minha mão? Vamos! Mexe, mexe mão.

- Eu prometo.... Prometo a quem eu tiver que prometer que se você sair dessa, eu saio da sua vida, eu não vou mais te causar problemas. Mesmo que isso doa mais do que sua própria morte. Mas por favor, Em, não me abandona.

Mexe mão, vamos lá! Eu sei que eu consigo, mexe, por favor! 

- Em? Você está me ouvindo? Se você estiver me ouvindo, aperta minha mão outra vez, por favor.

Mexe porcaria, mexe!

Nada, isso simplesmente não mexe, com todo o meu esforço consigo abrir os olhos, mas o local onde eu estou está vazio, só existe uma cama e algumas máquinas onde eu estou ligada por fios.

Eu estou alucinando? A quanto tempo eu estou dormindo?

Aperto em um botão próximo a cama. Isso deve ajudar pra alguma coisa.

Alguns segundos uma mulher de meia idade vestida de branco entra na sala e ela parece assustada ao me ver.

- Você.. Como isso é possível?

Eu tento falar, mas isso parece a coisa mais difícil no momento.

- Isso é um milagre! Sim, definitivamente é. - Ela sai da sala e me deixa sozinha. Sozinha e sem entender o que está acontecendo.

O que está acontecendo comigo?
Qual é meu nome? Eu sei que deveria ter um nome, mas não consigo me lembrar qual é, quão louco isso é?

A mesma mulher entra outra vez na sala, mas dessa vez ela tem como companhia um  homem e logo atrás vem outra mulher, estranhamente familiar.

- Eu precisava vir até aqui para saber se era verdade, isso é realmente um milagre. Você consegue respirar? - O homem questiona e eu concordo com a cabeça.

Ele tira a máscara do meu rosto e eu finalmente consigo falar.

- Quem são vocês? - É a única coisa que eu consigo perguntar.

Todos eles me olham como se eu tivesse algum problema estranho.

- O que você quer dizer com isso? - A senhora de vestido preto questiona.

- Eu sou o médico responsável por você. - O homem de branco começa. - Nós já considerávamos que isso poderia acontecer, os exames denunciaram que houve uma lesão forte na cabeça, o que ocasionou o desmaio. Você pode me responder uma coisa? - Ele me olha. Eu concordo. - Você teve algo semelhante a sonhos, pesadelos, visões, ou algo do tipo enquanto estava em coma?

- Eu.. Eu lembro de ouvir vozes e de algumas imagens passarem pela minha mente, mas nada foi muito concreto.

- Bom, o que eu posso adiantar  agora é que o quadro é uma perda de memória, a  batida fez com que algumas memórias fossem apagadas, você não perde suas habilidades motoras. Você ainda sabe falar, ler, escrever, ainda sabe quando é dia e quando é noite, enfim, você continua sendo perfeitamente capaz de fazer o que fazia antes do acidente,  eu não posso te dizer com certeza se é algo definitivo, você pode lembrar hoje, como pode lembrar daqui a um ano e também pode aprender coisas hoje e esquecer daqui a alguns minutos.  Mas com toda certeza nós daremos toda a assistência necessária a você. Alguma dúvida? - Ele me olha como se eu fosse uma criança.