Corro pelas ruas do condomínio e o frio é tão grande que me faz abraçar meu próprio corpo, os saltos me atrapalham e eu me livro deles o mais rápido que consigo.
- Emanuela. - Ouço a voz de Zayn me chamar. Olho para trás e eu o vejo a passos de mim, apenas ignoro e continuo correndo.
Eu sinto como se meu coração fosse sair pela boca a qualquer momento, minha garganta está seca e posso ouvir meus próprios batimentos. Minhas pernas vacilam e meus pés tropeçam no vestido me fazendo ir de encontro ao chão. Zayn é rápido em me alcançar e as lágrimas que eu tanto tentei segurar começam a brotar de meus olhos.
De repente eu sou aquela garota de 8 anos outra vez e eu não sei se é o peso das lembranças, a dor da queda, ou o momento em que estou vivendo, mas a única coisa que eu consigo é chorar.
~ flashback on ~
Mamãe está irritada, desde muito cedo ela grita e anda de um lado pra o outro, papai também está irritado. Alguma coisa sobre a empresa aconteceu. Eu não quero meus papais assim, não quero que ele s briguem e a nossa família se separa igual a do meu amiguinho da escola.
- Tê, você pode me ajudar ? - passo a mão nos babados do meu vestido rosa rodado.
- Claro, querida, do que você precisa? - Ela baixa e fica a minha frente.
- Você pode me ajudar a fazer um chá? Meus papais estão muito agitados. - Ela sorri para mim.
- Claro, querida. Escolha um Saché. - Ela me entrega uma pequena vasilha de porcelana com alguns sachês. E escolho três.
Teresa confirma com a cabeça e vira de costas para mim, colocando em seguida um bule com água para ferver.
Corro pelas escadas e vou até meu quarto de brinquedos. A minha mesa de chá da tarde estava devidamente arrumada, mas eu jogo todos no longo tecido de meia vestidos e corro escada abaixo. Tê me olha e sorri. Abro meu vestido e a mostro as pequenas loucinhas de chá para ela, que sorri e as posiciona em cima de uma bandeja.
- Nosso chá está pronto, você quer que eu os leve até lá?
- Não, Tê, eu posso carregar até lá. - Elas apenas sorri e me entrega a bandeja. Ela estava pesada, mas eu conseguia suportar.
Dava passos longos e olhava atentamente para o chão, quando atravesso a porta de vidro que separa a cozinha da sala de estar, minha mamãe grita com meu pai, e em alguns segundos suas vozes estão tão altas que eu mal consigo me manter em pé. Eu tropeço no pequeno enorme tapete de pelos que existe na mesa e tudo que estava na bandeja cai em cima do tapete. Meus braços e mãos tremiam e minha mãe me olhou como se eu fosse uma pecadora. Seus passos foram rápidos e precisos em minha direção.
Suas mãos agarraram meu ombros e ela me encarou severa, seus olhos me davam medo.
- Olha o que você fez, sua pestinha. Você acabou com meu tapete de pele de cordeiro. - Ela me apertou mais forte e um grito fino escapou por minha garganta.
- Solta a menina! - Papai a chamou e ela finalmente me soltou.
Os gritos ficaram ainda mais altos e eu sentia como se minha cabeça fosse explodir a qualquer momento. Não pensei duas vezes antes de correr pela porta da frente. As ruas do condomínio estavam vazias e eu apenas corri o máximo que conseguia.
- Emanuela! - Papai me chamou. Olhei para trás e vi que ele mesmo andando, ele estava a passos de mim. Quando volto a olhar pra frente, meus pés tropeçam e meu pequeno corpo vai contra o chão.
O ardor em meus joelhos me fez gritar, quando eu olhei para meus joelhinhos, sangue escorria pelos pequenos arranhões e eu chorei baixinho.
O corpo de papai me abraçou e eu senti meu corpo tremer.

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Truths
FanfictionQuando tudo ao seu redor se transforma em perguntas, a única escolha de Emanuela é decidir quais respostas realmente valem a pena procurar. • Segunda temporada de proibida pra mim. • 1ª temporada: proibida pra mim. 2ª temporada: truths 3º tempo...