Vinte.

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2 dias,  fazem exatamente 2 dias desde que Harry saiu do hospital. Ele não olha em minha cara e não troca uma palavra comigo desde então. Nosso último contato foi a 4 dias atrás, depois de acordar naquele quarto de hospital por ter sido  sedada ao descobrir que a culpa de Harry  ter sofrido aquele acidente era minha, eu tentei conversar, tentei expôr o que tinha acontecido, mas ele apenas disse que não tinha nada para conversar comigo e que a partir daquele momento eu podia ficar com Zayn ou com quem eu bem entendesse e depois disso ele apenas me encara, na hora do almoço ou de qualquer outra refeição, ele apenas desvia o olhar quando eu falo algo,  ou para de falar quando eu tento puxar assunto, nós cruzamos algumas vezes no corredor e ele simplesmente fingiu que não me viu. Ele está usando moletas por ter tido as pernas presas nas ferragens do carro. Sua família toda está aqui e minha mãe tirou férias para ficar ao seu lado. Ele tem todos que precisa ao seu lado e é claro que eu fui descartada.

Hoje é dia de consulta com a dr. anne e eu não poderia estar mais desanimada enquanto espero para ser atendida. O lado bom é que eu vou estar fora de casa, onde todos parecem respirar para atender Harry e Harry parece viver para me odiar. Douglas, nosso motorista está de folga e como minha mãe só pensa em Harry, eu vim de uber até o consultório e essa é a minha Esperança de não morrer engasgada com a minha própria baba enquanto choro por ter uma vida tão ruim.

O último paciente antes de mim sai a e a secretária me dá um sorriso. Ela caminha até o consultório e em seguida me chama. Faço o caminho o mais lentamente possível, tentando internar a ideia de que terei que falar sobre Harry e tudo que aconteceu. Dr. Anne  sabe de tudo que aconteceu entre nós dois. infelizmente ela é minha única amiga e a única pessoa que realmente está disposta a me ouvir, o que memata é saber que preciso pagar para que alguém me ouça, mas é o que eu tenho.

Entro na sala e sou recebida com  um sorriso. 

- Tudo bem, querida? - Ela pergunta, enquanto me observa caminhar até a poltrona a sua frente.

- Aconteceram muitas coisas para que saber dizer se estou bem ou não. - Dou um sorriso nervoso.

- Eu tenho todo tempo do mundo. - Ela se acomoda na cadeira e pega a caneta.

- Bom... Harry viajou para fazer um show em um cidade próxima e Zayn me procurou. - Ela faz uma careta ao ouvir o nome de Zayn.- Eu não vi nada demais em aceitar sair com ele. Nós fomos até um parque de diversões e enfim... - Minha voz começa a vacilar. - Alguém tirou fotos nossas e enviou a Harry junto com duas que tiramos com personagens do parque. - Ela anota alguma coisa. - E... Harry saiu dirigindo e me ligando, você sabe como as estradas são a noite. - Uma lágrima escorre pelos meus olhos e ela parece entender o que aconteceu.

- Harry está bem? - Ela questiona.

- Sim. Ele está em casa, com alguns arranhões e a perna imobilizada. Mas ele não quer mais saber de mim. Ele nem me olha.

- E como você se sente sobre isso? - Ela se mexe na caneta e me olha.

- Eu me sinto usada. Ele simplesmente me jogou fora quando viu que tinham pessoas melhores  ali por ele.

- Me desculpa falar, mas ele não  te jogou fora! Você não pode sair por ai com o cara que ele supostamente odeia, provocar um acidente e sentir que ele te usou e te descartou. Você magoou os sentimentos de Harry, você não pode fazer essas coisas.  Você precisa zelar pelo bem estar mental de todos que​ convivem com você   assim como zela pelo seu. Não se trata de uma raiva ou algo do tipo, se trata de um acidente de carro. Ele poderia ter morrido! Essa é a hora que você  precisa se posicionar e  eu não falo como a psicóloga. Eu falo como sua amiga, você diz que confia em mim e eu preciso te dizer que se você continuar jogando com seus sentimentos e de todos ao seu redor, isso aqui não vai valer de nada! Não irá adiantar recuperar suas lembranças ou eu te dar inúmeros conselhos, usar infinitas teorias, você é a única que pode  mudar isso e precisa ser exatamente agora. Eu nem vou te cobrar por essa consulta. Eu sei as feridas na alma que você deve ter devido a todo trauma que você passou. Eu te vi crescer e posso perceber o quanto você se fechou nesses últimos anos,  e eu não posso te deixar continuar assim! Pela Memória do seu pai e por todo o carinho que eu tenho pela sua família eu não posso te deixar viver assim! Você precisa aprender a se posicionar e pensar antes de sair fazendo o que quiser sem pensar nos sentimentos dos outros. Eu realmente quero te ajudar, mas você precisa se ajudar antes. - Eu a encaro prestando atenção em cada palavra. Ela disse tudo que eu merecia ouvir, mas eu estou disposta a mudar? Eu estou disposta a me libertar de todas essas feridas e seguir em frente? Eu estou disposta a parar de machucar a mim e a todos?

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