Sinto uma dor absurda no exato momento em que levanto a cabeça para olhar ao redor da cama. Estou no meu quarto, mas sinto um peso em meu coração como se eu tivessem acordando em um lugar desconhecido, é uma espécie de vazio que eu não sei explicar. Passo minha mão pela mesa de cabeceira e acho meu celular. O relógio marca 11:00 e existem 20 chamadas perdidas de Zayn e uma infinidade de mensagens. Bloqueio o aparelho e o jogo de volta na mesinha. Eu poderia lidar com isso depois, posso conversar com Zayn a respeito disso a qualquer outro momento, mas não agora. Agora eu só preciso me livrar de toda essa dor e entender no que aconteceu ontem.
Eu estou vestida apenas com uma blusa, mas não me importo em vestir mais nada. Abro a porta do quarto e o silêncio é enorme. Desço as escadas devagar e observo que todo o ambiente está vazio. Caminho calmamente até a cozinha e sinto meu estômago embrulhar quando o aroma do almoço entra pelas minhas narinas. Teresa cozinha calmamente e sorri quando me vê.
- Bom dia, Querida.
- Bom dia. - Percebo que minha voz está rouca.
- Estou preparando o seu almoço.
- Minha mãe está em casa? - encho um copo com água e o tomo com o maior cuidado do mundo. Aquilo dói.
- Não. Ela ligou a pouco e disse que provavelmente venha depois de amanhã. Você precisa falar com ela?
- Não. Eu apenas gostaria de fazer algumas perguntas. Tem alguém em casa?
- Harry está lá em cima. Ele me disse algo sobre estar gripado ou assim.
- Ah, ok. Eu não me sinto muito bem, vou tomar um banho e talvez dormir um pouco.
- Você sabe que dormir não irá resolver os seus problemas, não é? Muito pelo contrário. Quanto mais você dormir para fugir deles. Maiores ele se tornaram. - Meu corpo fica estático ao ouvir aquelas palavras. Ela sabe o que aconteceu? - Eu te conheço muito bem, querida. Não se esqueça que eu cuido de você desde que você nasceu. Eu te conheço melhor do que ninguém. - Ela me dá um sorriso e volta a mexer nas panelas e eu apenas fico em pé enquanto tento processar o que acabou de acontecer.
Sinto tudo ao meu redor girar e percebo que é a hora de ir embora. Meus passos são lentos e minhas mãos soam de uma forma estranha.
Subo as escadas e quando penso em entrar em meu quarto, o som de notas vindas de um violão chamam a minha atenção.
Harry.
Caminho em passos lentos até o quarto ao lado e a porta está aberta. Harry está sentado na cama. Ele veste apenas uma calça moletom e tem um violão na mão. Ele escreve algo em um caderno e em seguida toca o violão. A melodia é calma. Ele repete o movimento mais uma vez e parece perceber a minha presença, pois olha em minha direção. Seu olhar é frio e ele rapidamente o disfarça. Percebo que seus olhos e nariz estão vermelhos e lembro de Teresa ter me dito que ele está doente.
- Hum... Teresa me disse que você estava se sentindo mal e vim saber se você precisava de ajuda. - Ele me olha dos pés a cabeça e rapidamente desvia o olhar.
- Eu estou bem. - É a única coisa que ele diz antes de escrever outra vez no tal caderno.
- Eu não imagina que alguém doente pudesse estar tocando violão sem camisa ou algo assim. - Eu dou um sorriso nervoso. Algo em mim precisa desesperadamente da atenção dele.
- Escrever me acalma. Acho que essa é a minha possível cura para qualquer dor. - Ele me olha e eu sinto uma vontade de correr. Mas a única coisa que eu faço é me aproximar mais ainda.
- Eu posso saber o que você está escrevendo? Eu também preciso de cura.
- Eu não acho que eu seja a pessoa mais indicada para te curar.
- Eu acho que você é exatamente a pessoa que pode me curar.
- Com te curar você quer dizer, que devo te deixar me usar para fazer a sua dor passar? Ninguém se cura quebrando o outro.
- Não, Harry. Com curar, eu quero dizer que nós dois podemos nos ajudar.
- Eu não tenho certeza se isso é certo.
- Só... Por favor.. Me deixa te ouvir cantar. Eu me sinto tão mal.
Ele abre a boca algumas vezes, mas não diz nada. Ele me encara e desvia o olhar algumas vezes e um som sai do violão. Seus dedos sobem e descem enquanto os outros alternam os movimentos mudando conforme as notas mudam.
- We're not who we used to be
We're just two ghosts standing in
the place of you and me
Trying to remember how it feels to have a heartbeat
The fridge light washes this room white
Moon dances over your good side
This was all we used to need
Tongue-tied like we've never known
Telling those stories we already told
'Cause we don't say what we really meanUma sensação estranha faz meu peito doer ao ouvir cada estrofe daquela música.
- A letra ainda não está completa. - Ele segura o violão e caminha pelo quarto.
- Essa letra é sobre alguém?
- Tudo que tem me acontecido é sobre alguém.
- Você... Você sofre por amor ou algo assim?
- Todos nós já sofremos por amor. - Ele dá de ombros e caminha pelo quarto.
- Por que você está nervoso?
- Como você quer que eu haja depois de tudo o que você me fez na noite passada?
- Tudo o que eu fiz? O que eu fiz, Harry?
- Você não pode estar falando sério. - Ele coloca o violão no chão e puxa os cabelos.
- Eu realmente não sei o que aconteceu.
- Porra! Eu nem sequer consigo te odiar! Nós somos dois fodidos, porra. - Não consigo evitar dar risada perante o seu nervosismos. Ele age como se estivesse a um passo de um surto.
- E isso é bom? - Deito na cama e dou um sorriso de lado.
- Isso é fodido! Você não pode fazer isso comigo, você não pode simplesmente ser o meu ponto fraco.
- Ponto fraco? Eu sou seu ponto fraco, Harry?
- Você é tudo o que você quiser ser. Foda-se. - Ele dá passos decididos e quando eu menos espero, ele está deitado em cima de mim e sua língua está pedindo passagem pelos meus lábios.
Não hesito em liberar o espaço e nossas línguas entram em uma dança maravilhosa, é como se existissem pelo menos um milhão de borboletas em meu estômago, como se o mundo estivesse parado apenas para deixar esse momento acontecer. E eu não me preocupo com nada, apenas aproveito cada segundo e cada sensação que os lábios de Harry me causam. Isso é fodido, mas aquele é o melhor de que eu me lembro.
Harry separa nossos lábios e mantém nossos rostos colados enquanto sorri para mim.
- O que nós estamos fazendo? - Eu ppergunto, um sorriso rasga meus lábios.
- N9s curando. - Ele responde com ums sorriso e volta a me beijar.
O beijo não tem pressa, são apenas duas pessoas se curando e eu não poderia desejar cura melhor.

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Truths
FanfictionQuando tudo ao seu redor se transforma em perguntas, a única escolha de Emanuela é decidir quais respostas realmente valem a pena procurar. • Segunda temporada de proibida pra mim. • 1ª temporada: proibida pra mim. 2ª temporada: truths 3º tempo...