Trinta e sete.

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2 semanas depois.


Duas semanas se passaram desde que Harry me tirou o chão, duas semanas em que eu tenho ido diariamente até a Dr. Anne e tentado de todos os jeitos superar. Superar Harry, superar toda essa dor que parece me sufocar, superar o fato de ter me entregado a alguém que não valia.

Eu recuperei algumas memórias e tudo isso tem me causado ainda mais dor, Harry parece estar por todo o lado, é como se eu tivesse vivido uma era apenas em prol dele. E tudo isso dói de um jeito que eu nem ao menos consigo calcular.

Em todos esses dias Harry nem ao menos me olhou, ele entra e sai de casa a todo momento, é como se quisesse me evitar ou algo do tipo. E como nada é tão ruim que não possa piorar, minha mãe passou todo esse tempo em casa e adivinhem quem  foi a escolhida para ajuda-lá a escolher as coisas? Isso mesmo, eu. A cada doce provado, a cada vez que eu ouvia a palavra "casamento" e Harry na mesma frase eu sentia uma falta de ar absurda, eu sentia o chão ser tirado de mim e o buraco em meu coração ficar ainda maior.

Tudo o que eu tenho feito é sentir dor e servir minha mãe e todas as outras pessoas que parecem extremamente animadas para o dia que vai me desmontar de vez.

O casamento acontece daqui a uma semana e a família de Harry chega hoje e será a cereja do bolo, é tudo o que falta para eu perder a paciência que me resta. Eu amo Gem, Jacob, Anne e Nick, mas eu simplesmente não consigo mais, eu não tenho mais forças para aguentar tudo isso sem surtar.

Eu nem ao menos posso falar disso com alguém que não seja a Dr. Anne é isso tem me sufocado de uma forma terrível. 

O meu dia não começou da melhor maneira, como se não bastasse a prova do vestido, fui  surpreendida com uma carta deixada em cima  de minha cama e ninguém sabe de onde apareceu, a janela do meu quarto estava aberta e o papel jogado sobre a cama, mas não havia nada fora do lugar, o lugar parecia intocável. Eu juro que tentei ser forte, juro que tentei não dar importância, mas quando vi o papel uma parte de mim, a parte boba e que está desesperada por uma grama de esperança que seja, considerou que aquela carta podia ser de Harry, um pedido de desculpas, um eu te amo ou algo que me explicasse o que estava acontecendo, Deus, como eu soou patética e desesperada e só quando eu a abri aquele maldito envelope tive certeza de que tudo estava sim arruinado, mas que ainda tinha muito mais.  Eu apenas senti  raiva, me senti abandonada  e uma sensação estranha de estar sendo observada tomar conta de mim.  Apenas uma palavra estava escrita no meio da folha branca, com letras recortadas de uma revista.  " CUIDADO" Apenas isso. Quem diabos escreveu aquilo? Aquilo era uma ameaça? Como essa porra apareceu aqui? Eu iria pirar! Literalmente pirar! Não era possível que as coisas ficassem ainda mais piores, como eu simplesmente aguentei chegar até aqui?

E foi o desespero, essa sensação de que a qualquer momento eu iria ter um colapso que me fez finalmente aceitar sair com Alice. Eu tenho evitado as ligações e mensagens que ela me manda diariamente, mas hoje eu acabei por aceitar. Talvez seja disso que eu precise, de um porre, beber até esquecer quem eu sou, quem é Harry e  esquecer que esse maldito casamento sequer vai acontecer. Talvez tudo que eu precisasse fosse viver ao menos um dia de verdade, viver como se não houvesse um amanhã, - até porque, se continuasse assim, não haveria mesmo um amanhã - Eu precisava viver como se eu não estivesse morta o suficiente por dentro para não aproveitar a noite, viver como se Harry não fosse me magoar ainda mais daqui a uma semana. Talvez fosse exatamente isso que me desse forças para seguir em frente e enfrentar tudo isso como se não fosse tão ruim.

Porra, eu era alguém que saiu da adolescência a alguns dias, eu deveria perder meu tempo bebendo e esfregando a bunda em caras que eu nem conhecia em baladas, mas ao contrário disso, eu estou simplesmente morrendo diariamente.

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