Quatorze

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A chuva caia do lado  de fora do carro  e eu encolhia meu corpo ainda mais a cada vez que um espirro saia pelo meu nariz. Minha cabeça doía tanto que era como se a qualquer se  eu fosse apagar a qualquer momento.

- Você está mesmo bem? - Harry questiona pelo que parece ser a vigésima vez.

- Sim. - Ele ri.- Bem, eu não estou. Mas é algo que eu posso suportar.

- Eu vou te esperar na recepção . - Ele diz e eu olho ao redor, observando o carro entrar pelo pequeno estacionamento, existem alguns carros ali. Eu desço do carro e não espero por Harry. Entro na pequena recepção e caminho em direção ao balcão onde a recepcionista se encontra. 

- Bom dia. - Dou um sorriso forcado a ela.

- Bom dia. A doutora Anne lhe espera em seu consultório. - Sorriso para ela e caminho em direção ao consultório.

O lugar é climatizado, mas eu sinto como se fosse congelar a qualquer momento. Bato duas vezes na poeta e escuto um "entra" antes de abrir  a porta e enxergar a loira que me encara com um sorriso no rosto.

- Bom dia. - Ela me cumprimenta.

- Bom dia. - Sento na poltrona a sua frente, seu olhar parece observar observar minuciosamente cada detalhe meu. E eu odeio o fato de estar de moletom, enquanto ela está tão elegante.

- Então, querida, você já fez a sua escolha? - Assinto e encaro os meus dedos. Passei a maior parte da noite passada pesquisando sobre todos o procedimentos e o que cada um deles poderia me trazer de bom e de ruim. Depois de uma ligação para a minha mãe, decidimos que o melhor era optar pela hipnose, já que a doutora Anne era velha conhecida da família, e todos confiavam muito em seu trabalho. Mas o meu nervosismo não tinha nada a ver com o procedimento usado para me ajudar a recuperar minhas lembranças, eu estava disposta a qualquer coisa para saber quem eu era de verdade. E esse era exatamente o problema. Quem eu era? Quem eram as pessoas ao meu redor? Eu poderia lidar com toda a verdade?

Essas eras as perguntas que eu me fazia desde o momento em que decidi lutar para recuperar  minhas lembranças.

- E então? - Ela me encara com expectativa e mexe em alguns papéis em cima da mesa, observo que são cartões de psicólogos e alguns papéis maiores que me lembram receitas.

- Eu escolhi fazer a hipnose. - Digo, sem muita reação. Ela me dá um sorriso, mas volta rapidamente a sua postura.

- Fico feliz em saber disso. A sua família sempre foi muito importante para a minha carreira. Eu fui uma grande amiga do seu pai e terei muito prazer em te ajudar. Não se preocupe, eu não irei  Influênciar em nada. Eu estou aqui apenas para lhe guiar, sua mente se encarregará   é quem  te trará as lembranças. Você está pronta? - Concordei. - Certo. Sente aqui. - Ela aponta para uma poltrona no canto da sala.

Levanto e caminho timidamente até ela. Ela é um pouco inclinada para trás, um tanto confortável.

- Deite o mais confortável possível. - Me aninho na poltrona e mexo
nervosamente em meus dedos enquanto espero que ela me dê os comandos. - Feche os olhos. - Faço o que ela pede e escuto barulho de passos pela sala. Um som calmo ecoa pela sala e ela caminha outra vez. Certo, querida. Preciso que você relaxe. Se concentre o máximo que conseguir. Vamos lá. Se imagine em um quarto escuro, essa música está tocando e você se sente feliz, muito feliz, você está a um passo de ter o momento mais feliz da sua vida e você não poderia estar mais feliz. A música vai te contagiando e você vai dançando, seu corpo mexe exatamente no rio sua música.

Eu sentia como se meu corpo estivesse leve, como se minha alma estivesse flutuando e uma felicidade imensa me contagiava.

- Certo. Agora, esse quarto escuro vai se transformando em um ambiente, o ambiente onde você teve o momento mais feliz da sua vida. E as lembranças vão se aproximando, e você está cada vez mais perto. Você se sente leve e feliz, imensamente feliz. Eu vou contar de um até três e você terá apenas essa cena acontecendo em sua cabeça. Vamos lá. Um... Dois... Três.

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