Esperançosa.
Sinceramente, eu só esperava que a vigilância sanitária não resolvesse passar no Saborart tão cedo.
Arthur era um cara legal demais para levar uma multa por ter duas gatas flanando pela sua cozinha. Ainda que fosse uma terça-feira à tarde e o restaurante estivesse vazio, com exceção de Arthur, Una e eu.
O melhor chef de São Paulo deveria estar fazendo a contabilidade do lugar, afinal era para isso que os livros negros estavam em cima de um dos balcões, mas as panelas tinham um apelo forte demais para que o loiro pudesse resistir.
E era por isso que ele havia amarrado um lenço com umas estampas azuis, muito bonitas por sinal, e estava experimentando uma nova receita de molho que, segundo o que ele continuava resmungando enquanto batia colheres e panelas de um lado para o outro, ficaria ótimo com frutos do mar.
Como sua fiel escudeira, Una estava bem perto dele, comendo pequenos pedaços de linguiça defumada, recebendo ocasionais carinhos de Arthur, que desviava a sua atenção dos temperos apenas para mimar a sua alva gatinha.
A cena era tão adorável que acabei por decidir não assistir mais aquela cena de afeto. Eu ainda sentia muita falta de Eduardo para assistir Arthur e Una sem pensar em como seria incrível se meu dono não tivesse aberto mão de mim. Como minha vida seria melhor se eu não fosse uma maldita gata.
Com o restaurante fechado, ninguém se incomodaria por eu estar sentada no largo balcão do bar, relaxando com a música ambiente e nacional que ninguém havia desligado após o almoço, e a iluminação mais escura, uma vez que o dia estava cinzento, prevendo uma verdadeira tormenta naquela noite.
- Posso te fazer companhia?
Eu não havia notado a sua chegada, mas assim que a sua voz preencheu os meus ouvidos, meu coração começou a bater mais forte, desesperado. Os seus cabelos vermelhos estavam jogados em todas as direções e seus olhos estavam baixos e preocupados enquanto apoiava a sua mochila e a pasta, tão repleta de papéis que alguns deles até mesmo escapavam de dentro dela. No balcão, Eduardo sentou em uma das banquetas estofadas e sorriu para mim, pegando minha pata com três de seus dedos, da mesma maneira que fizera na primeira vez em que fomos ao veterinário.
- Eu vou entender se ainda estiver brava comigo, mas adoraria que soubesse que eu ainda sinto muito, muito a sua falta.
Lembrei, então, que da última vez em que ele me vira em minha forma felina, eu ainda estava ressentida por ter sido trocada por Alice. Mas nada disso importava quando a sua voz suave dizia que sentira a minha falta. Porque eu sempre sentia a dele. Independente da forma em que eu estivesse.
- Por mais que eu não esteja com você agora, minha linda, eu sempre me lembro de você.
Seus dedos vasculharam a pasta, puxando um desenho feito em um papel grosso e azulado onde meus traços felinos estavam retratados quase à perfeição, rabiscados em preto com precisão e elegância, quase me fazendo parecer bonita.
Então era assim o amor? Aquela coisa estranha, porém gostosa, que inundava o seu peito e te fazia sorrir sem perceber ao escutar uma declaração daquelas?
Seus dedos roçaram meus pelos cuidadosamente, desde o topo da cabeça até embaixo do pescoço, fazendo com que a minha cabeça se movesse junto com sua mão, me fazendo parecer dócil. O que eu nunca fora, de fato. Mas Eduardo evocava em mim todos os sentimentos que eu nunca pensara existir.
O seu rosto estava baixo o bastante para que eu não resistisse à minha própria vontade e tocasse sua barba nascente e avermelhada com a minha pata ferida, sentindo os pequenos pelos fazerem cócegas em mim de uma maneira preciosa. Ali, tão perto, eu conseguia ver os seus olhos vermelhos e inchados, como em geral ficariam se ele tivesse passado a noite em claro. Ou chorado.
A preocupação tomou conta de mim, uma vez que eu já sabia que se Eduardo havia chorado, Alice era a responsável por suas lágrimas.
Os choros de Duda sempre eram causados por aquela megera. Por que ela gostava tanto de vê-lo sofrer? Era quase como se ela ficasse mais forte a cada lágrima que ele derramasse por ela. Eu já tinha certeza que ela adorava vê-lo triste..
A porta de acesso da cozinha foi aberta de uma vez, talvez com Arthur finalmente notando que eu não estava mais na cozinha, com Una, onde deveria estar e se preocupando. Mas logo sua expressão preocupada se tornou um sorriso fraternal:
- Ei, Duda, aproveita que está aqui e vem experimentar minha nova obra de arte.
- Como se eu já não fosse sua cobaia de testes culinários há mais de doze anos - resmungou meu dono, mas não audível o suficiente para o amigo se chatear, enquanto juntava suas coisas e me colocava no chão, para que eu pudesse segui-lo até a cozinha, onde Arthur já se esmerava, derramando o seu novo molho em um pedaço de um peixe qualquer.
- Puxe uma cadeira, fique à vontade e me conte porque está no Saborart às três da tarde de uma terça-feira.
- Não posso querer ver o meu melhor amigo?
A expressão de Eduardo poderia parecer inocente, à primeira vista, mas quando Arthur colocou o prato à sua frente, com uma mão apoiada na mesa e a sobrancelha completamente arqueada, Duda se rendeu. Os dois realmente se conheciam melhor do que eu imaginava, já que logo Eduardo expressou o ar mais cansado que eu já vira, com os ombros caídos e a cabeça baixa.
Arthur não precisou sequer perguntar. Depois de alguns segundos, Eduardo soube que seu melhor amigo não desistiria tão cedo de saber o que lhe perturbava.
- Alice.
- Por que isso não me surpreende?
Muito menos surpreendia a mim. Tudo de errado que acontecer na vida de Eduardo tinha dedo de Alice. A mulher era tão odiosa que até se a Terra parasse de girar, a culpa seria dela. Ao invés de limpar as panelas que usara ou finalmente fazer o que havia dito e mexer nos livros de contabilidade, Arthur apenas puxou uma cadeira para perto de meu ruivo dono, colocando um garfo em sua mão.
- Eu beijei Catarina ontem - confessou Duda. Tentei evitar emitir qualquer miado ou som que indicasse o quanto eu estava feliz por Eduardo já saber o meu nome humano, mas continuei fingindo que não entendia a conversa que estava acontecendo ao meu lado. - Quando voltei para casa, quis conversar com Alice. Eu estava confuso, não tinha nenhuma certeza sobre meus sentimentos por ela.
- Ela quem? Catarina ou Alice?
Eduardo abaixou a cabeça e deu um sorriso discreto, enquanto tirava um pedaço de peixe com o garfo e o atirava para mim, no chão.
- Por Alice! - respondeu. E, antes que Arthur pudesse perguntar qualquer coisa, ele explicou: - Alice é linda, Tui, realmente especial, mas as coisas que ela faz comigo são horríveis. Eu tento pensar que ela me ama, mas não acredito que isso seja verdade. Sua forma de me tratar é
como se eu fosse um nada e eu ainda fosse obrigado a agradecer por tê-la ao meu lado. - Como o seu melhor amigo não dissera nada, Eduardo suspirou e finalizou: - E ela transou com alguém no domingo.
O peixe estava muito gostoso, o molho era ainda melhor, mas eu não me importava a mínima com comida no momento. Tudo o que me importava era o relato de Eduardo.
- Como assim?
- Ela continua me traindo, Arthur. Sabe-se lá com quem, mas provavelmente é alguém com mais status e dinheiro. Eu sei disso e mesmo assim quando eu tento deixá-la, Alice ri e diz que eu não seria capaz, que eu a amo demais e não saberia como viver sem ela.
- E ela está certa? - a pergunta de Arthur ecoou na cozinha industrial e até mesmo Una parou de lamber suas linguiças para analisar a expressão de Eduardo, enquanto o mesmo pensava na melhor forma de responder àquela pergunta.
- Não mais.
Arthur tentou limpar a mesa com o pano de prato no cós da sua calça, tentando parecer ocupado e buscando não fazer qualquer pergunta. Ele tentava não pressionar o amigo, mas seus olhos azuis espelhavam tanta curiosidade que se Eduardo demorasse mais cinco segundos para continuar a se explicar, Arthur o forçaria a falar.
- Eu me senti culpado por beijar Catarina, Tui. Eu estou em um compromisso com Alice, apesar de tudo, e não deveria ter gostado tanto de beijar uma mulher que não seja minha namorada. Mas as coisas que eu sinto quando estou com Catarina não chegam nem aos pés do que eu senti com Alice. Achei que amava minha namorada, mas hoje tenho minhas dúvidas.
Notando como Eduardo estava adoravelmente confuso, eu me aproximei dele, sentindo os seus dedos se esticarem para me alcançar também, sem olhar para mim, como se fosse algo que seu corpo estivesse fazendo por conta própria, acariciando os pelos do topo da minha cabeça, virando-se surpreso para mim quando notava o que eu fazia.
- Vocês brigaram?
- Não. Eu apenas pedi para que ela fosse embora.
Uau! A notícia era tão boa que tínhamos até que dar uma festa. Estourar champanhe, fazer canapés de salmão, encomendar uma faixa enorme escrita: "E não volte mais, Alice" e tudo isso.
- Desde que eu conheci Catarina na minha sala, eu sinto essa coisa inexplicável por ela. Revê-la aqui em seu restaurante e ontem no seu apartamento só me fez ter ainda mais certeza do que eu sentia.
Arthur voltou seus olhos para o chão, onde os dedos de Eduardo ainda estavam na minha cabeça, me encarando com toda a preocupação possível, sem saber como aconselhar o melhor amigo. Dessa vez, não era apenas incentivá-lo a terminar de vez com Alice e ir atrás de quem realmente estava mexendo com seus sentimentos. Eduardo estava apaixonado por uma gata amaldiçoada.
Que amigo incentivaria um amor desses?
- Você nem a conhece, Duda. Como pode dizer isso? - ralhou Arthur, mas sabia que não queria dizer isso dessa forma, apenas não queria entregar a verdade tão fácil. Mas foi só então que notei o sorriso no canto dos seus lábios. Aquele maldito estava planejando reverter a minha maldição e as palavras de Eduardo eram a confirmação de que seus planos estavam próximos
demais de se concretizarem.
- Mas eu quero conhecê-la melhor. Quero saber quem ela é, o que ela faz, de onde veio... - os dedos dele se suavizaram e a ponta de seu indicador deslizou pelo meu rosto, tocando meus bigodes, fazendo cócegas de novo. - Saber se ela gosta de gatos.
Oh, Eduardo. Ela adorava gatos. Ela até mesmo era uma gata nas horas vagas. Na verdade, sua amada era uma gata na maior parte do tempo.
- Acho que Kitty gostaria dela - o cozinheiro sorriu e finalmente se levantou, indo para pia lavar suas panelas.
- Eu também acho. Não sei porque, mas acho que as duas têm o mesmo olhar. Uma semelhança estranha que eu nem sei como explicar.
Uma panela caiu da mão de Arthur, mas ele a recuperou rapidamente, tentando não deixar que ele desconfiasse de sua surpresa, mas o ruivo não notou nada, comendo o seu peixe, até decidir que deveria continuar o relato de sua briga com Alice.
- Eu a confrontei sobre com quem é que ela está transando e Alice teve a coragem de dizer que fora apenas sexo. Assim, como se fosse a coisa mais comum do mundo. "Se ninguém quer transar com você, a não ser eu, o problema é seu. Não posso dizer o mesmo sobre mim, então vou mesmo aproveitar". Ela me disse isso, dessa exata maneira. Não sei porque continuo deixando essa mulher me magoar dessa forma.
Nunca desejei que minhas palavras mágicas fossem ditas do que naquele momento. Eu precisava ser humana para poder dar uma boa surra, daquelas dignas a ponto de deixar hematomas, pouco me importando se seria presa por isso. Não podiam me prender sem documentos, e para todos os efeitos, eu não existia mais desde 1578.
- Porque você é um otário e ela é uma vadia convincente. E você nem pode ficar ofendido porque é verdade e eu sou o único com bolas o bastante para lhe dizer.
- Você está certo - Eduardo apoiou a cabeça nas mãos, frustrado, esquecendo completamente o seu peixe pela metade. - Ela fez com que eu me separasse de Kitty, a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Que tipo de ser humano em sã consciência odeia gatos?
Sim, essa era uma pergunta muito oportuna. Pessoas más e sem índole odiavam gatos. E essa descrição podia ser perfeitamente aplicada à Alice.
- Eu disse a ela que não a queria mais, que havia outra pessoa em meu coração. Mesmo que eu ainda não tenha certeza dos meus sentimentos por Catarina, achei justo lhe dizer a verdade. - confessou. Meu coração disparava em todas as vezes que Eduardo revelava que havia um espaço para mim em seu peito, para as duas formas de mim. Por mais que quatrocentos anos tivessem me tornado uma gata escaldada, não literalmente, não pude evitar não sentir esperanças. - Alice ficou furiosa, me xingou de todos os palavrões que conhecia e disse que tinha certeza de que era a fulana do restaurante, como ela disse. Que um cara como eu não deve perder tempo com ajudantes de cozinha.
- Que absurdo!
- Como se eu me importasse com isso! Eu não dou a mínima se venho de uma família rica ou qualquer coisa assim. Eu não dou a mínima se Catarina é uma ajudante de cozinha. Alice acha que Catarina não merece alguém como eu, mas é o contrário, você já viu com ela é linda, sou eu quem não merece uma mulher tão bonita.
Coloquei-me de pé, sob as patas de trás e toquei o rosto de Duda, fazendo com que ele olhasse em meus olhos e entendesse, mesmo que eu não pudesse dizer com todas as palavras, que eu não era tão linda como ele imaginava. A beleza não era vista pelo lado de fora, mas pelas atitudes, por quem a pessoa era por dentro. E ainda que seus cabelos ruivos e olhos castanhos fossem os mais charmosos que eu já vira, a maneira doce como ele tratava a mim, um simples animal, e todas as suas gentilezas ou seu enorme talento, faziam com que ele fosse lindo. Era eu quem não o merecia, sendo eu uma gata estranha e eterna, mas que o amava.
E amava cada pedaço dele. Amava-o exatamente daquela maneira e por tudo o que ele era.
Amava suas qualidades e defeitos. Amava a maneira como seus olhos se iluminavam quando estava desenhando, amava a pequena cicatriz quase imperceptível em cima do seu lábio, mas também amava a sua mania de coçar os olhos e o nariz quando estava distraído. Por todos os felinos, eu amava até mesmo a barba rala que ele insistia em deixar crescer.
Eu o amava por inteiro. E se Alice não era capaz de fazê-lo, era porque ela era uma estúpida.
- Você parece cansado, Duda - observou o chef.
- Dormi num hotel essa noite e ainda tive de fazer grande parte da campanha institucional da Euforic numa escrivaninha apertada. Alice não quis ir embora e eu não quis ficar no mesmo lugar que ela. Talvez eu estivesse hipnotizado, incapaz de ver quem ela verdadeiramente era. Hoje eu sei quem Alice é, e me pergunto por que eu gostei dela um dia.
Porque não podemos escolher quem amamos, Eduardo.
Eu mesma era um exemplo disso. Eu aprendera da pior forma que o amor era uma loteria e os números eram escolhidos para nós. Se tivéssemos sorte, o bilhete em nossas mãos era o premiado.
Amor era destino, por mais que antes eu não acreditasse nisso. Eu tivera que esperar quatrocentos anos para ter o bilhete certo em minhas mãos, ou patas. Os meus números foram chamados quando escutara os sons de Eduardo naquele beco. Ali, eu acreditei que não era sorte. Um dia eu pensara realmente que destino não existisse, mas eu estava errada. Eles repetiram meu número vezes sem fim, me levando para Arthur para que ele me levasse até Eduardo, de volta para onde eu pertencia.
Tinha de ser Eduardo.
- Sinto muito que as coisas tenham sido assim, Duda. Mas você pode começar de novo agora, começar do jeito certo.
- Com Catarina? - perguntou meu dono.
- Com Catarina.
Eduardo sorriu, contente e tirou mais um grande pedaço de peixe do seu prato, atirando-o para mim, que certamente estava sentindo mais fome do que ele, apesar de mal estar me aguentando de emoção depois de todas as coisas que eu ouvira naquela cozinha.
- Você voltará para casa em breve, minha linda, prometo - disse ele com seus dedos coçando a minha cabeça novamente, daquela maneira agradável que eu tanto gostava.
- Tenho uma boa notícia para te dar - Arthur se virou de uma vez, afastando-se das panelas, agora lavadas, com uma expressão completamente confiante em seu rosto. - Catarina me pediu para perguntar se você está livre na sexta. É solstício de inverno e aparentemente essa data significa algo para ela. Não sei, ela só queria saber se você gostaria de sair e comer alguma coisa. E como sou seu melhor amigo, ela perguntou para mim.
- Um encontro?
O tom animado de Eduardo encheu meu coração de emoção. Eu não havia marcado nada, nem pedido para Arthur marcar alguma coisa, mas eu sabia muito bem o que ele pretendia com aquele convite naquele dia específico.
Aquele maldito chef devia, com certeza, ter conversado com Marvin que havia lhe explicado o que acontecia conosco, os transformados, no dia do solstício de inverno. Naquele exato dia, nossas maldições eram amenizadas e aqueles que eram transformados ganhavam um dia na forma que preferissem. Um dia todo!
Isso significava que eu tinha até a meia noite para ser humana, para estar ao lado de Eduardo Molina. Em um encontro.
- Sim - Arthur parou em frente à sua gata, coçando a cabeça dela de uma maneira delicada que fez a alva Una ronronar alto.
- O que respondo a ela?
- Que eu adoraria! Tui, isso seria ótimo para conhecê-la melhor! Tenho um bom pressentimento sobre isso. É como... Como se eu tivesse esperado a minha vida inteira para conhecer uma mulher como Catarina.
Oh, Eduardo! Eu também passara a minha vida inteira esperando para conhecer alguém como ele. Obrigada por me fazer sentir tão cheia de esperança. Muito obrigada.
- Eu conversarei com ela depois, marcando. E não pense que eu estou triste porque você terminou com a Alice porque eu não estou. Ela não merecia você e estou, na verdade, feliz por ter se livrado desse martírio. É hora de começar de novo, Duda. Vai ser melhor dessa vez.
- Sim, eu darei tudo de mim para que seja.
Deixei que Eduardo me erguesse até que nossos olhos estivessem presos um no outro, fixos, dizendo coisas que não éramos capazes de colocar em palavras. Eu, por não poder pronunciá-las, ele por não conhecê-las.
Eu podia sentir a esperança nos abraçando, calmamente, prometendo coisas que eu sempre tivera medo de acreditar. Porém, dessa vez eu tinha Duda, então não havia porque ter medo. Assim, simplesmente deixei que Eduardo me abraçasse, carinhosamente, deixando que o seu calor me inundasse junto com aquela sensação boa que me dava fé.
Era como ter passado anos em um país estrangeiro e finalmente voltar para casa. De repente, eu estava de volta onde sempre deveria estar: nos braços de Duda, com a certeza de que ninguém me tiraria dali.
Nem Alice, nem maldição alguma.
O meu final feliz estava tão perto que eu podia até mesmo sentir seu gosto doce. Um gosto parecido com o beijo de Eduardo.
Gosto de esperança, de liberdade.
De amor.

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Kitty
RomanceATENÇÃO: "Essa é uma obra da escritora nacional Elle S. Postada nessa plataforma por Anna Santos" *** Kitty é uma gata sarcástica e cheia de mistérios que aprendeu a viver nas ruas há mais de quatrocentos anos. Indepen...