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Diana.


"Até que aprenda como uma mulher se sente"


Giovanna Frota, a loira e elegante secretária, desencostou-se da mesa do Buf et do elegante casamento quando viu a pequena moça surgir da multidão, aproximando com passos que eram, ao mesmo tempo, incertos e determinados.
A conversa seria breve. O castigo, merecido.
Podia sentir a dúvida de Priscila Bacelar, a pequena moça, à distância, não apenas pela maneira como ela olhava para trás constantemente, observado o sensual rapaz de terno escuro e camisa preta, sentado perto dos noivos.
Era por causa do amor verdadeiro que irradiava dos noivos, o adorável e talentoso Eduardo Molina e sua agora esposa, Catarina, a linda mulher de olhos lindos que pareciam até mesmo olhos de gato, que estavam ali. Mas era pela vontade de ter um amor como aquele que Priscila estava indo até ela.
Com as mãos firmes, Giovanna passou o pequeno tubo com um líquido pegajoso, cor de cereja para as mãos da secretária mais nova, que rodou o recipiente em seus dedos, na tentativa de compreender se o que sentia realmente valia o que estava prestes a fazer.
Aquela era poção mágica que resolveria todos os problemas de Priscila.
Um segredo que deveria ficar muito bem guardado. E por isso a loira mais nova olhou ao redor mais uma vez, insegura sobre tudo, desde o motivo que a levava a segurar aquele vidro com o líquido rubro, até os efeitos e consequências que acarretaria.
- Tem certeza? - foi o que a Srta. Bacelar perguntou à outra. Mas Giovanna não tinha como saber. Na vida nada era concreto ou seguro e a magia sempre podia se voltar contra o feiticeiro. Tudo o que ela podia fazer era esperar que, pelo menos para Priscila, a mágica funcionasse.
Ou talvez a sua mágica não funcionasse em si mesma, pois quando Giovanna a utilizara para si, acabara dando tudo errado. A sua estúpida magia havia lhe feito perder Lucas Moretto de vez.
Quando ela transformara o próprio namorado em um gato, utilizando uma magia antiga, acabou apenas fazendo com que o amado encontrasse o verdadeiro amor em Una, a gata branca e manhosa de Arthur Nogueira, o chef e dono do Saborart. E, da maneira mais romântica que era possível, a transformou em uma mulher linda que agora, segundo os sempre constantes rumores da Euforic, os dois estavam prestes a se casar.
O que era para ser um grave castigo para um péssimo namorado, acabou sendo a chance da vida de Lucas, fazendo com que ele encontrasse seu verdadeiro amor.
Não queria que isso acontecesse com Priscila e Miguel. Eles pareciam certos um para o outro, pareciam um casal para a vida inteira, algo que a própria Giovanna vira nela mesma e em Lucas, mas que agora eram apenas lembrança. Porém, acreditava no destino e sabia que ele
estava do lado do jovem casal.
Talvez a sua magia os ajudasse. Miguel Santana precisava realmente entender como Priscila se sentia sendo apenas um caso para ele, uma das muitas marcas na cabeceira da sua cama. E se as conversas não estavam resolvendo, a magia resolveria.
Quem sabe ele assumisse de vez o relacionamento que tinham e parasse de arrastá-la para rapidinhas sujas na sala de xerox que sempre acabavam com uma calcinha destroçada de Priscila em algum canto da sala. Como acontecia com grande parte das mulheres na Euforic, inclusive.
Não que Priscila não gostasse disso, de todo o sexo arrebatador, mas ela precisava de mais que transas escondidas e ligações quentes no meio da noite. Ela queria amor. Queria compromisso. E era isso que o líquido vermelho lhe daria.
- Eu quero que ele saiba como é ser uma mulher, Giovanna. Quero que ele sinta na pele o que nós sentimos, que ele aprenda como queremos ser tratadas. Quero que Miguel entenda como eu me sinto.
Os sussurros eram ouvidos apenas pelas duas. A música estava alta no melhor salão de São Paulo e, com toda a atenção que o casal tinha em si, bem como toda a confusão com a quantidade de convidados, ninguém prestava atenção em nenhuma delas.
- Isso vai ajudar. Certamente vai.
Miguel realmente precisava de uma lição. Que a sorte estivesse a favor de Priscila, como não estivera para Giovanna.
Com um último olhar para o pequeno vidro, ela deu as costas para a moça, se misturando na multidão que celebrava o casamento do ano com champanhe e pequenos canapés de salmão, os preferidos da noiva.
- Sabe o que fazer, Priscila - disse por cima do ombro, antes de realmente partir.
E, pela primeira vez desde que conhecera a confusão machista e convencida que era Miguel Santana, Priscila realmente sabia o que fazer.

 E, pela primeira vez desde que conhecera a confusão machista e convencida que era Miguel Santana, Priscila realmente sabia o que fazer

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