Livre.
O vento soprava meus pelos com força.
Aquele era o sabor da liberdade? Era para ser doce, não? Ou pelo menos ter um leve gosto de ração de salmão. No entanto, tinha outro gosto. Um sabor amargo que me trazia lágrimas aos olhos apenas ao senti-lo. Quase como comer ratos.
Logo o sol iria embora e eu já estava ali, à espera do momento mágico que a natureza me proporcionava.
O pôr-do-sol era realmente a coisa mais deslumbrante do mundo. Marvin tinha razão ao apreciar tanto olhar o sol se esconder diante daquela praça, vendo as suas luzes colorir as copas das árvores e criar um espetáculo único.
Eu não tinha ideia de que dia era, mas estava agradecida por mais um ter terminado. Seria aquele um dia a menos ou um dia a mais na minha eternidade? Não importava. Tudo o que eu sabia era que agora, depois de me esconder dos funcionários da obra, finalmente tinha todo aquele lugar apenas para mim, me permitindo ficar ali, no meu local favorito em frente à janela, observando o sol se movimentar para começar a sua magia.
Ali, sozinha, sabia que ninguém se arriscaria a dizer as palavras mágicas sem querer. Não havia como Arthur me encontrar por acaso. Eu estava a salvo.
Entretanto, estar sozinha as vezes era horrível. Me fazia lembrar de que todos que me importavam já haviam partido, uma hora ou outra, todos haviam me abandonado, pela morte ou por vontade própria, um por um, me abandonando, me deixando entregue à própria sorte.
Como meus pais fizeram. Como Daniel fizera. Como Eduardo fizera.
Não deveria doer tanto, mas doía. Era como se tivesse uma estaca dentro do meu coração, esperando cicatrizar o mínimo possível para se retorcer novamente, abrindo a ferida, jamais a deixando se curar. Pois a cada segundo em que tentava não pensar em Eduardo Molina, lá vinham seus cabelos ruivos à minha mente, seus olhos doces e castanhos predominavam meus pensamentos
e eu imediatamente me esquecia de minha resolução de esquecer totalmente o homem que me fizera conhecer o amor de verdade.
Lancei um olhar para o museu enorme e vazio e notei que tinha alguns minutos ainda, antes do pôr-do-sol começar. Minhas patas estavam um tanto doloridas e decidi andar para alongá-las e tentar amenizar a dor que sentia nelas. Em uma semana, eu conhecera aquele lugar como nenhum paulistano, descobrindo cada canto e me fascinando com cada detalhe.
Estava um pouco destruído, mas ainda mantinha sua beleza, sua imponência.
Eu descia as escadas que davam para a entrada principal quando ouvi um som na fechadura.
Havia alguém ali. Porém, não senti necessidade de me esconder ou correr. Meu humor estava ruim o bastante para me fazer ter certeza de que a qualquer movimento do visitante em minha direção, o meu ataque já estava pronto.
Meus dias estavam sendo péssimos e eu não teria o mínimo receio de descontar todas as minhas frustrações em um pobre operário que esquecera alguma coisa na obra.
As imagens de Eduardo, seus olhos cheios de dúvida e julgamento, me analisando com nojo e ódio me faziam voltar no tempo, me fazendo lembrar de todas as vezes em que fui encarada com as mesmas sensações por outras pessoas, todas me julgando insuficiente e me classificando como aberração.
Eu não queria mais passar por aquilo. Nunca mais.
E a cada vez que essas imagens me invadiam, meu humor ficava ainda pior. Eu deveria esquecê-lo, mas tudo o que sabia fazer era sentir mais e mais a sua falta. Eduardo ainda era tudo para mim.
Ouvi a porta sendo aberta e apurei meus ouvidos. Se o operário fosse para o quarto das ferramentas, era possível que ele não me visse ali na escada, o que evitaria qualquer encontro desagradável.
Parcialmente escondida, fechei os olhos, deixando que meus ouvidos captassem todo e qualquer som, me preparando para o pior, esperando.
- Você parece o Rupert, sabia?
A voz. A menção. Tudo era como da primeira vez. Mas agora as lágrimas não vinham dele, mas de mim. Ele deveria ir embora. Eu não sabia porque ele estava ali, mas tinha de partir. Eu não podia fingir ser uma gata independente e cheia de mim quando estava tão perto dele. Eu só podia assumir quem realmente era, uma gata partida em milhares de pedaços por um amor grande demais para que ela pudesse suportar.
Aquele idiota deveria ir embora naquele momento. Eu me conhecia bem o suficiente para saber que com apenas mais uma palavra, eu seria dele, seria reconstruída, meu peito voltaria a bater para que ele o destruísse novamente.
- Mas é mais bonita. E é muito elegante também. - riu enquanto eu continuava de olhos fechados, ouvindo seus passos se aproximarem, subindo as escadas, ainda que meu coração fizesse um barulho absurdo, me impedindo de ouvir qualquer coisa a não ser suas batidas descompassadas. - Se o Tui estivesse aqui, com certeza ele acrescentaria "teimosa" à sua descrição.
Eu estava trêmula. Apenas a recordação de Arthur fora o suficiente para me fazer sorrir, apesar de todo o nervosismo. Eduardo tinha de ir embora. Eu estava ali para me dar uma chance. Para não ser uma gata, mas tampouco para ser uma humana. Estava ali apenas para existir em minha forma de aberração. Sem me preocupar com sentimentos ou entregas. Apenas para ser.
Quando soube que não aguentaria mais lutar contra minha própria vontade, eu me virei, encarando Eduardo e quase sentindo meu peito se partir ao fazê-lo.
Ele estava ali, com os cabelos ruivos revoltos pelo vento lá fora que ainda nos atingia pela porta que ele havia deixado aberta. O ruivo tinha um sorriso esperançoso que brincava em seus lábios finos e seus olhos brilhavam mais do que nunca. Um agasalho azul-celeste vestia o seu corpo e eu soube que assim que ele fosse embora, aquela seria a imagem dele que eu guardaria em mim.
Naquele momento eu não estava em seu território, eu não poderia ser mandada embora. Ali era o meu local, as minhas regras eram as que imperavam e isso fazia a imagem dele ainda mais etérea.
Talvez eu estivesse apenas louca. Imaginando coisas, fantasiando que ele estava ali por mim.
Eu estava louca demais. Velha, louca e machucada demais.
Mas então, Eduardo se inclinou e me pegou em seu colo.
O calor de suas mãos em meu pequeno corpo felino trouxe mais uma vez aqueles disparos bobos em meu coração. Eu deveria saber me controlar melhor na frente de Eduardo, mas não era capaz. Quando ele me tinha em suas mãos, daquela maneira, era como se todo o universo ganhasse um sentido. Como se tudo fosse completo de novo.
Era irracional como eu conseguia me esquecer tudo o que se passara apenas ao olhar em seus olhos. Eu me odiava por não poder me conter.
Os olhos do ruivo estavam fixos nos meus e ele sorria com delicadeza. Em nada lembrando o olhar que me lançara antes que eu saísse de sua casa, arrasada e despedaçada.
- Você não me deu uma chance de me explicar, Catarina. Você simplesmente sumiu, fugiu das minhas mãos antes mesmo que eu pudesse compreender o que estava acontecendo... - ele começou. - Foi uma das coisas mais irreais da minha vida ter você ali, no meio da minha sala, se transformando, como num filme de ficção científica. Eu não tive nojo ou raiva. Eu apenas não
entendi o que estava acontecendo.
Como assim? Eu vira o olhar dele.
- Você foi embora rápido demais. Alice falou por horas em como você era nojenta, como você era uma aberração, mas eu nunca pensaria isso, Kitty. Não quando eu achava tudo aquilo tão fascinante.
Fascinante? Que tipo de narcótico Arthur estava usando como tempero para o almoço de Eduardo?
- Kitty, eu fui atrás de você. Marvin, Arthur e eu estávamos há dias te procurando, tentando imaginar onde você poderia estar. - Seus olhos buscaram os meus com ainda mais firmeza, antes de continuar. - Essa era a minha última aposta. Eu estava perdido. Não sabia mais onde poder te encontrar. E eu dei sorte. Eu te achei, minha menina.
Por quanto tempo? Por quanto tempo ele me acharia, cuidaria de mim, até que receberia um chamado de Alice, querendo que ele voltasse? Eu tinha quatrocentos anos e mais o que fazer do que chorar por ele por mais vinte anos até que Eduardo se decidisse entre mim e a abominável Alice.
Pulei do colo de Duda, deixando bem claro que dessa vez seria diferente, que eu não voltaria assim. Porém, ao invés de parecer magoado ou confuso pela minha atitude, ele apenas sorriu, parecendo deliciado com a situação.
- Você está brava comigo. Eu já sei o que fazer.
Eduardo se virou para o final da escada, notando um grande saco de cimento e pegou um pote qualquer do chão, recolhendo um pouco do pó no recipiente e levando-o para o alto dos degraus onde eu estava.
- Isso vai cortar os meus dedos - dizia ele enquanto jogava o cimento no chão, espalhando o pó até ter um espaço coberto inteiramente com a cor cinzenta. - Mas você vale a pena.
E então, seus dedos indicadores começaram a abrir espaços pelo cimento, espalhando o pó até que linhas e curvas se formassem, me mostrando um novo desenho, onde eu era a musa novamente.
A habilidade dele era incrível e seus traços, mesmo no pó, eram encantadores. Ele ergueu os olhos para mim, por alguns instantes e apenas sorriu, contente, continuando o desenho que eu assistia com surpresa e amor.
- Não preciso sequer olhar para você para saber todos os seus traços. Eu já poderia desenhá-la de olhos fechados. É isso o que o amor faz com as pessoas, faz com que decoremos todos os traços de quem amamos. E eu decorei os seus, Kitty. Você sabe o que isso significa?
Meu coração parou.
Não podia ser sério. Mas Eduardo não parecia estar brincando. Assustada, minha pata marcou o cimento também, criando uma espécie de assinatura. O braço de Eduardo estava estendido, finalizando o meu retrato em pó e a sua tatuagem ficou alinhada com a minha marca, fazendo com que o seu sorriso crescesse.
- Significa que tinha de ser você, Catarina. Significa que eu amo você, mesmo que tenha demorado tanto para perceber. Agora que digo em voz alta, noto que faz todo o sentido. Eu realmente amo você.
Eduardo largou seu desenho, fazendo um sinal para que eu me aproximasse e deixei que minhas patas me conduzissem em sua direção. Duda me segurou novamente em seus braços, deixando que minha pata ficasse em cima da sua tatuagem, mostrando a maneira como nos completamos. Como esperamos um ao outro por tanto tempo. Como era certo, apesar de todos os erros.
Ele abaixou a cabeça, sua boca tocando o topo da minha cabeça, aquele lugar que eu adorava que ele tocasse e então, sentado nas escadas do museu paulista sussurrou as palavras que eu esperara quatrocentos anos para ouvir:
- Eu te amo, Kitty. Amo a maneira como você ronrona antes de dormir, como sempre quer seu leite aquecido, como se acha boa demais para sardinha. Ou como seu sorriso humano é encantador, como seus olhos me fazem tremer de desejo ou como suas pernas são maravilhosas. Você é meucerto alguém, aquela que despertou todos os meus melhores sentimentos. Eu amo tudo isso, minha
menina. Ao mesmo tempo. Eu amo as duas Catarinas. Amo a gata e amo a humana. Eu a amo em todas as formas.
Aquelas eram as palavras.
Eu senti meu corpo se aquecer.
Algo estranho estava acontecendo comigo e talvez Eduardo tenha percebido também, pois me colocou no chão, ficando em pé e se afastando o suficiente, enquanto me observava. Meu corpo se esticava, meus ossos se estendiam, mas não havia dor dessa vez. Era como se meu corpo ardesse em chamas, mas recebesse o bálsamo frio para curá-lo. Era a sensação mais revigorante que eu sentira. Eu estava me transformando.
Mas era mais do que isso.
Eu estava me libertando.
Eduardo me encarava com um sorriso radiante. Eu estava livre, finalmente.
- Arthur estava certo. Meu amor quebrou a maldição.
Fechei meus olhos, me sentindo mais feliz do que jamais sentira. Era real, então. O amor de Eduardo por mim era real, de outra forma eu não teria sido capaz de ter a maldição quebrada. Eu estava livre e era amada.
Aquelas haviam sido as palavras da bruxa que me amaldiçoara.
Fora há tantos anos que eu nem me lembrava mais. Quatrocentos anos era realmente tempo demais para remoer mágoas velhas.
Eles diziam na cidade que eu era a mais bonita da temporada. Que seria uma questão de tempo até ser desposada pelo melhor partido do Rio de Janeiro. Eu era a única a não ver nada de especial em mim mesma. Infelizmente, cativei um homem a quem não deveria ter cativado: o filho de uma importante matrona carioca, a mais rica e tradicional. Todas as moças desejavam a sua atenção e eu, que sequer o apreciava, fora agraciada com todos os segundos da sua devoção.
Isso enfurecera uma mãe interessada em unir sua filha com o melhor e mais rico rapaz da cidade, ainda que a garota não tivesse nada de tão interessante. Tempos desesperados pediam medidas desesperadas e fora assim que a senhora conseguira um frasco cheio de um líquido azulado.
Era para ser um simples chá. Era tão comum ser convidada para um chá com quitandas nas casas mais abastadas que não notei a armadilha até meu corpo se retorcer.
As pessoas me amavam pela minha beleza e só. Sendo um gato, animal tão odioso e mesquinho, incapaz de ser adorável, segundo ela, não seria possível despertar o amor com tanta facilidade. E para não me deixar convencer ninguém, minha voz também foi tomada.
E fora assim que a minha vida se tornara felina.
Mas isso não importava mais. Não agora.
Respirei fundo e abri os olhos, tendo de afastar os cabelos da frente do meu rosto. Mãos, ali estavam elas. Abaixei a cabeça e encarei meus pés, desfazendo o precioso desenho de Eduardo.
Era um milagre.
Eu estava livre.
A minha imortalidade havia partido. Era hora de descansar.
Havia sido bom e perfeito enquanto eu tivera aquelas experiências e aventuras, mas quatrocentos anos era tempo demais. Tempo o suficiente, eu diria.
Eduardo se aproximou e deixou que suas mãos segurassem meu rosto, olhando no fundo dos meus olhos com um sorriso terno, despertando um sorriso nos meus próprios lábios, abaixando sua cabeça até que nossas testas se tocassem, calmamente, me roubando um beijo calmo, como todos os nossos beijos eram, mas, dessa vez, completamente livre e apaixonado.
E eu soube que aquele sentimento não era invenção da minha cabeça.
Era real. Eduardo Molina me amava como eu o amava.
Meus dedos ainda não estavam acostumados com a sensação de se estenderem daquela forma, mas os levei até os cabelos de Eduardo, deixando que eles se embrenhassem neles, acariciando e sentindo.
Nada poderia ser mais perfeito.
- Eu te amo, Eduardo - sussurrei, ainda não sabendo como usar todos os mecanismos do meu corpo humano, mas querendo que cada parte do meu corpo aprendesse desde aquele momento que funcionava para apenas uma razão: amar ainda mais Eduardo.
- Eu também amo você, minha menina - disse. Seus dedos acariciaram o topo da minha cabeça. - E eu só vim notar isso quando percebi que, se fosse preciso, para ficar ao seu lado, viraria até mesmo um gato. Um gorducho e laranja. - riu e o som adorável da sua voz fez com que eu me sentisse ainda mais apaixonada. Eu jamais fora tão feliz.
Eduardo segurou minha mão e encarei a maneira como nossos dedos se entrelaçavam, encantada com a sensação de liberdade e poder que meu novo corpo me trazia.
- Vamos embora, Kitty. Vamos para casa.
Após descer dois degraus, Eduardo percebeu que minha mão havia se soltado da sua. Ele certamente não entendera o que estava acontecendo, mas entenderia em breve.
Era como se aquela fosse a minha última transformação.
Como acontecia quando diziam as palavras mágicas. Eu tinha apenas uma hora até que minha forma felina se revelasse mais uma vez.
- Não posso.
- Do que está falando? - Eduardo pensou em me rebater, mas algo em meu olhar deveria tê-lo alertado que as coisas eram mais sérias do que ele pensava. - O que está acontecendo?
- Apenas me beije mais uma vez, Eduardo. Por favor.
Um sorriso brincou em seus lábios enquanto ele subia de volta os degraus que havia descido, me puxando para seus braços, me segurando como se jamais fosse capaz de me deixar partir.
Nossos lábios se tocavam com delicadeza e paixão. A língua de Eduardo buscava a minha e nós as enrolamos, sentindo coisas inexplicáveis a partir de um simples beijo.
Minhas mãos buscavam tudo o que pudessem alcançar: cabelos, pele, roupas, tudo. Eu precisava me inebriar de Eduardo Molina. Precisava sentir cada sensação que ele pudesse me dar.
Eu esperara anos e anos para encontrar alguém como ele e agora que finalmente encontrara, era hora de ir. Não me parecia justo.
Mas quem dissera que a vida era justa?
Eu ganhara a minha liberdade, mas tinha de pagar um preço por ela. E por mais que me doesse, sabia que um dia Eduardo entenderia.
- Obrigada por ser aquele que me amou, por ser quem me salvou - eu falava, tentando conter as lágrimas, mas era impossível. - Obrigada por estar naquele beco, por cuidar de mim tão bem, por despertar todos esses sentimentos maravilhosos dentro de uma simples gata. Obrigada por ser você, Eduardo.
Seus olhos estavam brilhantes e eu sabia que logo ele também estaria chorando, sem medo de como isso pudesse parecer estranho para um homem. E isso apenas me fazia amá-lo ainda mais. Eu apenas esperava que desse a inspiração e cores necessárias para encher a sua vida quando a saudade doesse demais.
O fim, agora, era inevitável.
- Eu te dei todos os meus segredos, Eduardo. E você me deu amigos. Eu sei que em determinados momentos eu te odiei por me fazer sentir tanta confusão, mas as minhas duas partes, a humana e a felina, o amaram desesperadamente.
- Do que você... - começou ele, mas coloquei os dedos em seus lábios, impedindo que ele prosseguisse. Agora eram os meus pés que estavam na escada. O vento frio arrepiava a minha pele nua, mas nenhum de nós se importava.
- Apenas se lembre de mim, Eduardo.
De costas, desci mais um degrau, sentindo o meu corpo tremer e se aquecer de uma maneira deliciosa. O vento me abraçou, pronto para me conduzir para longe e finalmente Eduardo entendeu.
Quatrocentos anos era muito tempo. Muita coisa. E naqueles últimos meses eu vivera mais do que em todos os meus anos. Eu sentira o que era realmente estar viva e não podia estar mais agradecida a Eduardo, por todas as sensações que me permitira sentir, por todas as passagens que eu pudera viver através do amor que eu sentia por ele.
Eu fora cativada pela alma mais encantadora que existia. E estava grata por tudo o que ela me proporcionara.
- Fico contente que tenha sido você a me salvar. Que você seja o meu certo alguém. Tinha de ser você, Eduardo. E se tudo deve ter um fim, sou orgulhosa em dizer que, graças a você, esse é o melhor final feliz que eu poderia ter.
Desci mais um degrau e por mais que desejasse me seguir, Eduardo estava ali, imóvel, com uma mão estendida, desejando parar o tempo, desejando reverter os nossos destinos. Mas era daquela forma que tinha de ser e eu estava agradecida por isso.
- Você sempre estará em mim. E eu estarei em você, onde quer que esteja.
Era inevitável. Mais um degrau. Mais uma lágrima.
- Pode ser que tudo tenha um fim, mas os nossos amores vão perdurar. Algumas coisas são infinitas, Kitty, e nosso amor é uma delas. Eu amo você.
O vento me abraçou ainda mais forte e meu corpo se tornou ainda mais leve. Eduardo sabia que era o fim. Eu sabia. A leveza aumentou, como se cada pedaço de mim fosse soprado delicadamente para longe e abri os braços, sentindo-me flutuar, sentindo agora o gosto doce da liberdade que era o mesmo sabor dos.beijos de Eduardo.
Sabendo que o seu amor era o que me libertara, que me dera o final feliz que eu sempre havia sonhado. Sabendo que aquele sentimento era infinito e brilhante.
Entendendo que o verdadeiro amor libertava e salvava.
Como o amor de Eduardo fizera por mim.
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Kitty
RomantiekATENÇÃO: "Essa é uma obra da escritora nacional Elle S. Postada nessa plataforma por Anna Santos" *** Kitty é uma gata sarcástica e cheia de mistérios que aprendeu a viver nas ruas há mais de quatrocentos anos. Indepen...