Eu prometo.

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Mia Jauregui

Por que tudo não pode ser exatamente da maneira a qual queremos? Por que a vida não pode ser perfeita, e sem problemas, com menos pessoas como a qual a minha mãe se relacionou? Assim, eu não iria sofrer, ela não iria, e outras pessoas que passam e passaram pelo mesmo também não, mas o universo parece não conspirarar a favor da perfeição.

Ao mesmo tempo que tenho vontade de ir atrás dele, agora que sei seu nome, e aonde acha-lo, sinto raiva por isso, raiva por ele ter feito e ainda fazer minha mãe sofrer, e por ter me rejeitado. Eu sou filha dele, uma Malik também, mesmo que esse nome não esteja na certidão de nascimento, e o lugar aonde seu nome deveria estar repreenchido se encontre vazio.

Mas pelo visto ele não sente remorso algum pelo que fez, culpa, e nem nutriu nenhum tipo de amor por mim, pois caso fosse, ele teria vindo me procurar, mas não veio, depois de dezesseis anos, ele não veio, e pelo que pude ver na internet ao pesquisar sobre ele, ele e a noiva estão indo muito bem, de casamento marcado, e tudo mais, enquanto a minha mãe chora por ele.

Esse definitivamente não foi o pai que eu escolhi para mim, o pai que eu quis, e eu imaginei. Mas a curiosidade ainda vive aqui, a vontade de saber o por que, e conhecê-lo mesmo eu negando, está aqui, fazendo-me pensar se devo ou não prosseguir com tudo.

--- Mia tudo bem? --- ouço Henry perguntar, e logo suas mãos tocam a minha fazendo-me olha-lo.

Quando eu estou com ele as coisas parecem estar mais calmas, ele me faz sentir assim.

--- Eu só estou pensando um pouco, Henry, mas está tudo bem. --- minto, e logo forço um sorriso.

--- Não parece. --- ele suspira. --- Pode me dizer o que houve se quiser, pois eu tenho quase certeza que Sabrina e Jordan não vem mais.

--- Por que? --- pergunto confusa.

Nós tínhamos combinado de nos encontrar na lanchonete ao lado do
colégio assim que as aulas terminassem, mas as aulas acabaram tem meia hora e eles ainda não chegaram, e se Sabrina não estivesse tão proucupada em tomar conta da minha vida, eu poderia jurar, que ela estava aqui agora, mas pelo jeito outro compromisso melhor surgiu.

--- É talvez eles não venham mais. --- murmuro, olhando para a porta.

--- Eles brigaram, e cada um foi pra sua casa, pelo que Jordan disse. --- ele tirou o celular do bolso, mexendo por alguns segundos logo me mostrando as mensagens.

--- É, eles não vem mais. --- acabo comprimindo os lábios, e respirando fundo. --- Então talvez seja melhor nós irmos embora e...

--- Não. --- Henry me interrompeu. --- Nós podemos continuar aqui, não quero ir embora, a não ser que você queira.

--- Então... Nós ficaremos. --- falo, mordendo o lábio inferior em nervosismo, e Henry ri. --- O que foi? --- pergunto.

--- Você fica fofa quando está com vergonha, suas bochechas ficam vermelhas... É engraçado. --- Henry comentou rindo novamente, balançando a cabeça desviando seu olhar.

Esse menino tem o dom de me deixar nervosa, e ainda mais envergonhada a cada minuto.

--- Henry, você está me deixando ainda mais nervosa. --- falo, e escondo meu rosto entre as mãos.

--- Tá parei. --- ele fala. --- Bom, eu não achei conveniente perguntar antes mas... Por que você tem andando esquisita? Quero dizer, você chora o tempo todo.

--- Ah. --- resmungo, colocando algumas mechas de cabelo atrás da orelha. --- Eu descobri quem é meu pai, e consequentemente, o por que dele não ter me assumido... Ele não quis.

Henry abre um pouco a boca, me encarando completamente surpreso e um pouco envergonhado também, obviamente por achar que foi inconveniente ou algo do tipo, mas eu já tinha repetido isso para mim mesma tantas vezes que já até me acostumei, e nada mais parece doer tanto quanto isso, do que saber que ele não me quis. Mas Lauren estava comigo, e contanto que a minha mãe estivesse lá, tudo estava bem, pois minha mãe é meu ponto de segurança, meu equilíbrio.

--- Me desculpe, Mia, eu não queria ser indelicado, desculpa. --- Henry falou.

--- Tudo bem, está tudo bem. --- sorrio fraco para ele, pegando o cardápio. --- O que vamos comer? Olha, eu vim aqui com minhas tias uma vez e tem um hambúrguer maravilhoso. --- mudo o assunto, e Henry assente.

--- Então vamos comer, pode pedir milkshake e batatas também.

--- Isso. --- concordei, e logo me virei chamando uma garçonete.

Logo após fazermos o nosso pedido, a mulher sai, sorrindo de lado para Henry, que não se proucupou em sorrir de volta para ela. Por que ao mesmo tempo que ele é um príncipe, ele tem que ser o tipo pegador, galinha? Talvez seja a convivência com o Jordan que esteja fazendo isso com ele.

--- Posso ser indelicado mais uma vez?... É que eu fiquei curioso.

Pisco os olhos algumas vezes, levando o olhar até ele, balançando a cabeça algumas vezes, concordando com o que ele tinha me perguntado, e logo ele se ajeita na cadeira, entrelaçando seus dedos uns aos outros, me olhando fixamente.

--- Você disse que descobriu quem é seu pai e...

--- Zayn, Zayn Malik, o jogador. Você pode achar que eu sou maluca, mas não, é ele. --- respiro fundo. --- Eu estava fuçando umas coisas que minha mãe guarda, e acabei achando fotos deles, e ele foi o namorado da minha mãe, ou algo assim... Não importa, o que importa é que eu sou filha dele.

--- Uau! --- Henry murmurou. --- Você é filha do Zayn? --- ele perguntou ainda boquiaberto.

--- Desse idiota ai mesmo. --- bufo.

--- E você não quer mais tentar? Conversar com ele?

--- Eu até quero... Saber o por que, eu estou com raiva dele, muita raiva.

--- Te entendo, deve ter sido ruim pra sua mãe ter que arcar com tudo sozinha... Meu pai sempre esteve ali mas foi como se não estivesse, ele só contribui com uma quantia mensal todo mês e se intitula pai. --- ele revirou os olhos. --- Mas de qualquer forma, vocês estão melhor sem ele, tenho certeza, mas caso queira saber, ele vai ter um jogo aqui em Boston nesse final de semana.

Zayn, aqui em Boston? Meu Deus! Apesar de ainda sentir raiva, sinto certa esperança tomar conta de mim quando ouço Henry dizer sobre o tal jogo, essa pode ser a minha chance. Mas como? Eu nem se quer sei aonde é, ou de Lauren irá me deixar ir, mesmo que eu invente algo, ela anda bem estranha ultimamente.

--- Eu vou. --- Henry continua. --- Posso te levar se quiser. --- ele me encara com as sombrancelhas levantadas. --- Mas com uma condição.

--- Sabia. --- murmuro. --- Fala.

--- Você tem que me prometer que se ele não for a pessoa que você está criando na sua mente, que não vai ficar igual está agora, ou há alguns dias atrás, que vai ficar bem.

Aí. Meu. Deus!

Ele se proucupa!

--- Eu prometo.


mia malik • concluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora