3. Feliz Aniversário, Sarah!

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Sarah

A primeira semana de aulas passou voando. Conheci todo o corpo docente do Colégio João Baptista e todos me adoraram. Mas a opinião geral era de que eu estava fazendo besteira em sair da Academia justo no último ano e que talvez isso arruinasse minhas chances de entrar para Harvard, mas eu meio que não dei atenção a essa última parte.

Tudo bem que eu estava um pouco nervosa porque o processo de admissão era bem rigoroso, mas eu tinha me preparado a vida inteira para ele.

A Academia tinha como um dos objetivos específicos preparar seus alunos para estudar fora. Os estudantes geralmente saíam de lá direto para as melhores universidades do mundo. De Harvard, Yale, Columbia e toda a Ivy League* estadunidense, à Universidade de Tóquio, Oxford, Cambridge, dentre várias outras. Ela formava cientistas, políticos, engenheiros e, seu maior público, homens e mulheres de negócio – em sua maioria herdeiros de grandes fortunas. E ela tinha me ajudado bastante, admito.

Lá eu participei de várias atividades extracurriculares. Participei de vários dos clubes e aprendi muita coisa. Fui presidente do Clube de Matemática por três anos seguidos, além de vice-presidente do Clube de Xadrez, fundadora do Clube de Leitura de Agatha Christie e orgulhosa coordenadora dos projetos do Clube de Empreendedorismo – meu maior xodó.

O Clube de Empreendedorismo era voltado para aqueles que, como eu, sonhavam em comandar grandes empresas um dia. A maioria era de herdeiros que se preparavam para suceder os pais. Todos os anos nós projetávamos um produto novo e participávamos de feiras por todo o país, e até mesmo algumas internacionais, conquistando vários prêmios.

E além dos clubes, eu ainda participava de algumas competições de dança. Eu não era tão boa quanto Clarinha no balé, mas sempre conseguia ao menos uma menção honrosa. No ano anterior eu até tinha me arriscado numa competição de música erudita e consegui uma menção honrosa no piano – isso porque o pessoal era realmente bom e se dedicava bem mais à música do que eu.

Por fim, eu participava todo ano das Olimpíadas de Matemática e de Física. Havia conquistado os primeiros lugares anos seguidos, até mesmo viajando para o exterior nas fases finais. Alguns diziam que eu era um verdadeiro prodígio, mas eu apenas me esforçava ao máximo, estudando pra valer, e tinha um bom raciocínio para as ciências exatas.

Meu currículo escolar era impecável. Eu tinha as maiores notas da Academia, estando no topo do ranking por todo o tempo que estudei lá. Havia até recebido algumas medalhas de honra ao mérito que estavam guardadas numa caixa de madeira em meu closet, junto com todas as medalhas que eu já tinha ganhado na vida.

E eu fazia simulados online para os SATs* desde que entrei no ensino médio. Já tinha estudado todo o conteúdo programático, tanto na Academia quanto sozinha em casa mesmo, e aprendera a controlar meu tempo. Além do que, falava inglês fluentemente, então o TOEFL*, que eu prestaria dali a duas semanas, não seria problema – até porque eu tinha dado uma olhadinha nos testes anteriores, que de besta eu não tinha nada, né?

Na verdade, eu estava confiante de conseguir entrar. Só me preocupava um pouco de embolar na entrevista, por causa do nervosismo que é natural. E se alguém me perguntasse o motivo de mudar de escola no último eu tinha uma resposta pronta: I was looking for new chanlenges. I felt like the Academy where I used to study had already given me its best. And I just needed to breathe new airs, meet new people, make some new friends, and learn new things. (Eu estava procurando novos desafios. Eu sentia como se a Academia em que costumava estudar já havia me dado seu melhor. E eu apenas precisava respirar novos ares, conhecer pessoas novas, fazer alguns novos amigos e aprender coisas novas.)

Tom & SarahOnde histórias criam vida. Descubra agora