21. A Dama de Vermelho

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Sarah

Novembro chegou trazendo um clima de pânico junto com ele, porque o ENEM bateu à porta dos desesperados e chegou arrasando muitos deles

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Novembro chegou trazendo um clima de pânico junto com ele, porque o ENEM bateu à porta dos desesperados e chegou arrasando muitos deles. Se em outubro eu havia sido muito importunada, a primeira semana de novembro me estressou ao ponto de eu faltar a segunda.

Naquele ano os exames foram realizados em dois domingos, o que era uma vitória para as religiões que tradicionalmente resguardam o dia de sábado, mas acabava prolongando o sofrimento e a ansiedade dos vestibulandos.

Os professores usaram as primeiras semanas de novembro para fazer revisões e darem dicas de última hora em aulões. Eu me ocupei em tirar as dúvidas de última hora de Matheus, meu único pupilo. Preparei simulados e cronometrei o tempo dele em responder, depois corrigi as questões junto com ele, apontando os erros e explicando por que estava errado. Eventualmente, Lisa, Fred e Paty se juntaram a nós.

O primeiro dia de prova passou e o meu pequeno grupo de estudos se deu muito bem. Assim que saiu da prova, Matheus passou lá em casa para mostrar o caderno de provas, a ansiedade era tanta que ele nem conseguiu olhar o gabarito oficial. Eu corrigi as questões e depois comparei com o gabarito oficial. Ele tinha se saído tão bem que pedimos pizza pra comemorar.

Como a prova de matemática era no segundo dia de provas, dia 12, pedi dispensa da escola durante a semana inteira. Se o pessoal já tinha enchido meu saco na prova de ciências humanas e ciências da natureza, imagina só pra de matemática?

Segui o mesmo esquema de simulados com Matheus. Contudo, mandei as redações que ele escreveu para Nina e Jéssica corrigirem além de mim. As duas deram ótimas dicas pra ele, que mais uma vez arrasou na prova. Seus erros foram certamente proporcionados pelo nervosismo, mas o desempenho geral foi muito bom.

Na segunda-feira pós-ENEM eu finalmente dei as caras no colégio. Enquanto andava pelos corredores, senti os olhares atravessados e os cochichos, fofocas ao meu respeito e xingamentos.

– Eles me odeiam. – Comentei com Matheus, quando ele sentou atrás de mim na sala.

– Não odeiam, não. Só estão chateados. – Ele riu. – Muitos deles esperavam que você fosse capaz de fazer um milagre para ajudá-los a passar.

Dei um suspiro cansado.

– Eles sabem que eu sou só humana, não sabem? Eu não tenho o poder de operar milagres nem nada do tipo. Você só se saiu bem porque estudou, se empenhou desde o início do ano.

– Pode até ser. Mas você não é apenas humana, Sarah!

– Como assim?

– Ora, você é uma semideusa! Filha de Atena, eu diria. Seu sátiro ainda não apareceu?*

Eu ri.

– Então você é um semideus, Matt?

– Não notou os meus dotes musicais? Eu sou filho de Apolo, é claro.

Tom & SarahOnde histórias criam vida. Descubra agora