22. Meio Mundo de Distância

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Tom

Tom

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Resolvi ir à escola de bicicleta na segunda-feira. Tatiana se atrasou e mamãe teve que esperar por ela, mas eu queria ser um dos primeiros a chegar, então saí sem elas. De vez em quando eu gostava de ir pedalando pra escola, me dava tempo pra pensar e naquele dia eu acordei com muita coisa na cabeça.

Por mais que tentasse, não conseguia tirar da cabeça a imagem de Sarah beijando Matheus, principalmente agora que eu estava sóbrio. Quase tomei duas latas de Beats antes de sair de casa, mas sabia o quão perigoso era afogar minhas mágoas na bebida. A última coisa que eu queria era virar um alcoólatra.

Contudo, era tão estranho pensar que os dois agora estavam juntos. No final eu tinha pagado minha língua, estava tão convicto de que Matheus não tinha a menor chance com Sarah que não me preparei para a possibilidade de ele conseguir o que eu não tinha conseguido: o coração dela.

Quanto mais eu pensava sobre isso, mais frustrado eu ficava. Não conseguia entender o que Matheus tinha de tão especial. Talvez fosse o estilo de astro do rock com aquele violão e aquela voz de galã.

O dueto deles não tinha me passado despercebido, não. Eu vi o brilho nos olhos de Matheus enquanto cantava, como se cada palavra fosse uma confissão à qual Sarah parecia alheia. E as vozes deles se encaixavam com perfeição, como se tivessem sido feitas para cantar juntas.

O som de uma buzina interrompeu meus devaneios. Acabei me distraindo tanto com esses pensamentos que quase fui atropelado na esquina da escola.

– Olha por onde anda! – Gritou o motorista, fazendo sinais muito mal educados.

Ignorei-o e entrei na escola, prendendo minha magrela no bicicletário. Cumprimentei o porteiro e fui para a sala, me deparando com Sarah, que lia distraidamente um livro em italiano – ao menos eu achava que era italiano.

Eu adorava observá-la quando ela estava distraída, meu coração parava cada vez que ela sorria ou suspirava, envolvida com a estória. Fiquei alguns minutos parado na porta, só olhando pra ela como um idiota, até que tomei coragem para me aproximar.

Eu precisava falar com Sarah, nem que fosse pra agradecer pelo presente. Na verdade, o agradecimento era justamente a minha desculpa pra falar com ela, já que ainda estávamos brigados. Eu não era ingênuo a ponto de acreditar que aquela trégua de sábado ia durar até hoje, mas tinha que ser ao menos educado.

– Sarah? – Chamei.

Ela baixou o livro e me olhou com evidente surpresa. Foi até engraçado. Os óculos dela escorregaram pelo nariz e ela os empurrou de volta daquele jeito charmoso que só ela tinha.

– Thomas. – Disse, de um jeito excessivamente formal.

Fiz uma careta involuntária. Eu odiava quando ela me chamava pelo meu nome, ainda mais com tanta formalidade assim, mas sabia que ela não me chamaria pelo apelido até fazermos as pazes, se é que um dia nós faríamos as pazes.

Tom & SarahOnde histórias criam vida. Descubra agora