18. Ciúme

360 23 3
                                    

Tom

Vi quando ela endireitou a postura, ergueu o queixo e passou por mim sem dizer uma palavra

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Vi quando ela endireitou a postura, ergueu o queixo e passou por mim sem dizer uma palavra. Ela continuou quieta a aula toda, dividindo a atenção entre o caderno e o celular, parando ocasionalmente para responder às perguntas que o professor Gustavo fazia só pra testá-la.

Observei-a de longe, até o sinal tocar. Sarah não fez menção de se levantar, continuou concentrada no que quer que estivesse fazendo. Caminhei em sua direção, mas Júlia pulou no meu pescoço, roubando um beijo.

– Você devia sentar perto de mim, amor! Ficamos distantes a aula toda. – Disse, entre beijos.

Talvez seja impressão minha, mas juro que vi Sarah enrijecer quando ouviu Júlia me chamar de “amor”. Eu também tinha achado estranho, pois não fazia nem uma semana que o nosso rolo tinha começado e ela já estava cheia de intimidade, mas tentei não demonstrar.

– Gosto de sentar lá atrás. – Disse a Júlia, mas não tirei os olhos de Sarah.

Matheus arrastou uma cadeira pra perto dela e chamou sua atenção.

– Que é que você tá fazendo aí, Cinderela? – Perguntou.

Reprimi o impulso de revirar os olhos. Odiava aquele apelido besta. “Cinderela”. Rá! Sarah não tinha nada de gata borralheira, merecia um apelido melhor. Involuntariamente, a palavra “princesa” surgiu na minha mente e ao mesmo tempo ouvi a voz de Henrique chamar Sarah de “hime”, o que me fez estremecer. Não sei pra quê pensei naquela criatura.

Deixei que Júlia me beijasse, porque assim ela ficava quieta e eu conseguia ouvir a resposta de Sarah.

– Estava resolvendo questões de matemática. – Ela disse, para a minha incredulidade.

Matheus balançou a cabeça e riu.

– Isso é o que você chama de diversão? – Perguntou.

Sarah deu de ombros.

– Ajuda a espairecer. – Respondeu. – Matemática é puramente lógica, mais fácil de entender do que pessoas.

Nessa hora seus olhos verdes pousaram sobre mim, que tratei de fechar meus olhos e fingir que estava aproveitando o beijo. Quando abri os olhos novamente ela ainda me encarava.

– Vem, Tommy! Hellen tá me esperando na cantina. – Disse Júlia, me puxando pela mão.

Resisti um pouco. Não queria deixar Sarah sozinha com Matheus, mas Júlia foi tão insistente que eu me deixei ser arrastado. Quando cheguei na cantina, ignorei as dezenas de pares de olhos que nos acompanhavam, curiosos. Devia ser mesmo muito estranho eu começar a andar agarrado com Júlia de uma hora pra outra, mas não tava nem aí pra opinião alheia. Entretanto, aparentemente Júlia se importava e estava adorando a atenção. Ela tinha um sorriso enorme no rosto e parecia não caber em si mesma de tanta felicidade.

Tom & SarahOnde histórias criam vida. Descubra agora