8. Um admirador nada secreto

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Sarah

A quinta-feira começou muito triste e monótona sem Jess.

E a pior parte era que eu nem podia ligar pra saber como ela estava, porque àquela hora ela ainda estaria no avião, indo para Londres. Sim, você leu certo, Jéssica não tinha voltado pra casa em Nova York, ela tinha ido para Londres, se encontrar com o Lucas, o irmão dela, ainda mais doidinho que a figura, pra fazer um curso de férias, enquanto ele trabalhava.

Lucas só era três anos mais velho que Jéssica, então tinha acabado de concluir o Junior Year (penúltimo ano) na faculdade de publicidade. Ele estudava na Columbia University e tinha arrumado um estágio de verão (algo muito comum nesses países anglo-saxões) em Londres, então Jéssica aproveitou e resolveu fazer um programa de intercâmbio de dois meses por lá. Ela esperava que isso contasse ainda mais pontos para Harvard – e certamente contaria.

As duas últimas semanas de férias ela ia passar com os pais, em Tóquio.

Não acreditei quando ela me disse que ia justamente para Tóquio. Senti meu coração bater mais rápido e eu não pude deixar de pensar em Henrique. Jéssica percebeu isso pela minha cara e abriu um sorriso espertinho.

– Se quiser, posso procurá-lo. Aposto que ele tem Facebook. – Ela disse.

– Não. É melhor não. Nós ainda vivemos em lados opostos do globo e isso não vai mudar por, pelo menos, um ano.

– Tem certeza de que ele vai pro MIT?

– Não. Mas sempre há aquela pontada de esperança.

Depois que eu disse isso, Jéssica ficou me observando por um longo tempo, de um jeito mega esquisito. Mas vamos deixar claro que o jeito esquisito com o qual Jéssica me olhava era bem diferente do de Tom. Jéssica meio que arregalava os olhos e ficava me analisando, como se estivesse em busca de algo nas minhas entrelinhas. Já Tom me olhava como se estivesse enfeitiçado ou sei lá.

Senti um calafrio percorrer minha espinha quando pensei nisso, porque não pude deixar de me lembrar do que tinha rolado na sexta-feira. Eu ainda estava tentando entender por que por um instante eu tive a estranha sensação de Tom fosse me beijar.

Sacudi a cabeça e me concentrei no presente, enquanto a água quentinha lavava meu corpo. Terminei o banho, sequei os cabelos, prendi-os numa trança lateral e me vesti. Dessa vez usei um jeans escuro e calcei um par de All Stars vermelhos. Peguei minha mochila e desci.

Naquele dia eu fiquei responsável pelo café-da-manhã e resolvi fazer tapioca. Penerei a massa e fiz duas para cada pessoa. Para papai o recheio era obviamente de Nutella, para mamãe eu fiz de queijo coalho, para Clarinha o recheio era de doce de leite e para mim eu fiz com o tradicional recheio de coco.

Tinha suco de manga na geladeira, então nem me preocupei em fazer outro. Coloquei a mesa e fiz um copo de leite com Nescau pra mim, porque eu era totalmente viciada em leite com Nescau. Quando mamãe desceu, arregalou os olhos, impressionada.

– Caprichou hoje, hein? – Disse, já dando uma mordida em sua tapioca.

– Algum motivo especial, mana? – Perguntou Clarinha, sorrindo enquanto se servia de suco.

Balancei a cabeça, negando.

– Só deu vontade de comer tapioca e eu sempre acordo antes de todo mundo. – Falei, dando de ombros.

Papai se limitou a dar um gemido de aprovação quando deu a primeira mordida em sua tapioca de Nutella. Às vezes ele parecia uma criança, era engraçado observar.

Tom & SarahOnde histórias criam vida. Descubra agora