13. Presente de Tóquio

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Sarah

Quando eu tinha nove anos, quase dez, deixei minha família e me mudei para um internato

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Quando eu tinha nove anos, quase dez, deixei minha família e me mudei para um internato. Era uma grande mudança, eu sabia que era, e estava ao mesmo tempo assustada e animada. Assustada por estar indo para longe dos meus pais, longe da minha família e de todo mundo que eu amava. E animada por conhecer pessoas como eu, pessoas que não me julgariam pela minha inteligência ou pelos meus gostos excêntricos.

Duas pessoas me marcaram justo no primeiro dia, quando eu ainda estava me acomodando. A primeira era uma baixinha com um sorriso enorme, que costumava usar aparelho. Ela era superantenada, sabia de tudo o que estava rolando e me deixou por dentro de todas as fofocas que ela tinha ouvido sobre a escola antes mesmo de entrar nela. Era meio tagarela, mas era uma boa pessoa. Gostei dela instantaneamente, o que facilitava o árduo trabalho de dividir o quarto e o banheiro com ela.

O segundo era um garoto chato, com o cabelo longo demais pro meu gosto, um sorriso arrogante e uma pinta no queixo. Ele era um magrelo metido que andava pelos corredores como se fosse dono do lugar e nós fôssemos os intrusos ou sei lá o quê. Descobri naquele mesmo dia que ele era famoso no mundo virtual, um prodígio do LoL e do World of Warcraft*, alguém que disputava torneios virtuais pelo mundo todo.

O nome dele era Henrique Martins Pontes de Almeida. Nickname: Pepper Legs. Era um supergênio da matemática, física e dos videogames. Era fascinado por robôs e sonhava em estudar Engenharia Mecatrônica no MIT.

Assim que o conheci, o odiei. Estávamos em todas as classes avançadas juntos, porque a superdotação dele era voltada para as exatas assim como a minha – apesar de eu ir bem nas demais matérias. Ele também não gostava muito de mim e logo começamos uma disputa para provar um ao outro quem era o melhor em matemática. Ele até teve a audácia de se candidatar a presidente do Clube de Matemática, mas foi derrubado pelo meu carisma.

Os professores adoravam incentivar nossa competitividade, mas acharam que faríamos um ótimo trabalho juntos e resolveram nos colocar na mesma equipe para apresentar um trabalho na feira de ciências da sexta série. Nenhum de nós gostou da ideia, mas no fim ficamos muito gratos, porque foi graças a isso que fomos forçados a nos conhecer melhor.

Descobrimos interesses em comum e lá pela sétima série, começamos a fazer cosplay juntos. Ele também era otaku e frequentava as aulas de japonês avançado, assim como Jéssica e eu. Começamos a ler mangás em japonês, a assistir animes legendados e ele me ensinou a jogar videogame.

Quando dei por mim, estava caidinha por ele. Toda a implicância passou a ter outro sentido, nós nos provocávamos com indiretas que só a gente entendia. Ele foi passar as férias lá em casa, depois eu fui passar as férias na casa dele. Começamos a fazer cosplay de casal, como Asuna e Kirito de Sword Art Online*, ou Kaoru e Kenshin, de Rurouni Kenshin*, até que ele passou a me roubar beijos, aos quais eu correspondia com veemência.

Tom & SarahOnde histórias criam vida. Descubra agora