Epílogo

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Tom

Nunca pensei que eu fosse ficar feliz por não passar no vestibular, mas quando meu fracasso no ENEM se tornou um fato público e notório, eu fiquei aliviado

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Nunca pensei que eu fosse ficar feliz por não passar no vestibular, mas quando meu fracasso no ENEM se tornou um fato público e notório, eu fiquei aliviado. Minha nota foi vergonhosa, um desastre completo. Fui nocauteado pela filosofia e pela matemática. Mas pelo menos isso me deixou ainda mais motivado a estudar pra entrar na Universidade de Boston, que foi sugerida pela minha adorada namorada.

Ao contrário de mim, ela foi aceita por todas as universidades em que se inscreveu. A tão esperada carta de admissão em Harvard chegou em meados de fevereiro, como se fosse um presente de aniversário para Sarah.

Ela alterou todos os planos que havia feito para seus últimos meses antes da faculdade. Ao invés de ir para a Bahia, ela começou a trabalhar numa ONG de apoio a crianças em situação de vulnerabilidade nas comunidades carentes da nossa cidade. Sarah descobriu que adorava dar aulas de reforço em matemática e até se arriscou a ensinar uma garotinha a tocar piano. Lógico que eu acabei embarcando nessa história de trabalho voluntário, já que eu estava com muito tempo livre depois de ter terminado a escola.

Quando não estava dando aulas a criancinhas, Sarah estudava comigo pros SATs e pro TOEFL. Na semana do TOEFL ela até cismou de só falar comigo em inglês, inclusive fazendo sotaques diferentes pra me confundir. Não pude deixar de notar que ela foi muito mais exigente naqueles meses do que ano anterior, porque dessa vez eu não podia falhar nos testes de jeito nenhum. Eu sentia uma pressão enorme nos ombros, como se uma espada pairasse sobre mim, mas eu sabia qual era o meu prêmio e não ia desistir de jeito nenhum.

Graças a Deus eu fui muito bem no TOEFL e como recompensa pude acompanhar Sarah em sua viagem até Tóquio. Depois dos eventos do Natal, ela adiou a viagem para abril. Ao invés de passar o ano novo lá, ela decidiu ir durante o Hanami, o festival das cerejeiras, que marca o início da primavera.
Devo dizer que o desapontamento de Henrique ao me ver desembarcar junto com Sarah foi um dos pontos altos da viagem, me encheu de contentamento.

Em defesa de Henrique, ele me recebeu muito bem. A casa dele era sensacional e os pais, muito legais. A mãe dele tinha uma verdadeira adoração por Sarah, o que ficou evidente pela quantidade de mimos que ela recebeu. Sarah ficou hospedada num quarto todo cor-de-rosa e ainda ganhou uma dúzia de presentes de aniversário atrasados.

– Eu quis te dar pessoalmente, querida. Já que você estava vindo pra cá, não vi necessidade de enviar pelo correio. – Foi a justificativa de dona Raquel, a mãe de Henrique.

Eu fui jogado para um quarto distante do de Sarah, mas isso não me impediu de invadir o quarto dela de noite. Ela tinha me acostumado mal ao permitir que eu dormisse ao seu lado toda noite, fosse na casa dela ou na minha.

Durante as semanas que convivemos com a família de Henrique tive a oportunidade de conhecer a ele e seus pais com maior profundidade. Dona Raquel era um anjo, adorável, mas tinha a curiosidade de uma jornalista e sabia ser muito intrometida. Mas ela também era um livro aberto, principalmente depois de algumas doses de saquê.

Tom & SarahOnde histórias criam vida. Descubra agora