Sarah
Era a primeira segunda-feira de fevereiro, logo depois do carnaval, e eu acordei apreensiva.
Estava estranhando um pouco ser meu primeiro dia de aulas e acordar em casa, na minha deliciosa caminha, sem Nina, minha colega de quarto, correr para o banheiro gritando que ia tomar banho primeiro.
Sorri comigo mesma enquanto levantava e me arrastava para o banheiro. Se eu estivesse na Academia, correria para tomar logo o desjejum e checar minha mochila, já que Nina demorava horas no banheiro e eu sempre tinha que me arrumar em tempo recorde. Então quando encarei meu rosto inchado no espelho, não pude deixar de sorrir. Olhei em volta e contemplei a calma de ter um banheiro enorme só pra mim, de saber que eu poderia me organizar sem pressa.
Escovei os dentes e entrei no chuveiro, dando-me ao luxo de aproveitar a água quentinha enquanto lavava os cabelos. Desliguei o chuveiro e saí do box, enrolando-me num roupão. Sequei meus fios loiros e prendi-os numa trança lateral. Não me importei de passar maquiagem, afinal, eu estava indo a escola, não a um casamento – única ocasião em que eu costumava pintar minha cara – e vesti um par de jeans claro e a camisa azul do uniforme do Colégio João Baptista.
Conferi minha mochila pela milionésima vez, para ter certeza de que todo o meu material escolar estava lá dentro, e desci as escadas, pulando dois degraus por vez.
– Sim, sim. Estou ciente disso. Não, senhor, eu sei o que estou fazendo. Ah, por favor, é só mais uma negociação. Eu já revisei o contrato. – Dizia minha mãe, equilibrando o telefone entre o ombro e a orelha, enquanto terminava de pôr a mesa do café-da-manhã.
Quando me viu, ela deu uma piscadela e fez sinal para que eu a ajudasse. Assenti e peguei um prato que estava quase caindo da mão dela, colocando-o na mesa.
– Então está tudo certo. Nos vemos às nove, como combinado. – Ela disse, encerrando a ligação.
Colocou o telefone em cima da mesa, ao lado do seu prato, e abriu um daqueles sorrisos maternais que só uma mãe consegue abrir.
– Bom dia, meu amor! – Disse, me dando um abraço de urso e plantando um beijinho no topo da minha cabeça. – É bom te ter em casa numa segunda-feira escolar.
Retribuí o sorriso e o abraço.
– Bom dia, mãezinha! É bom estar em casa também. – Eu disse, ainda sorrindo.
E era mesmo verdade. Eu passava tanto tempo na Academia que mal via os meus pais, então uma manhã como aquela, em que todos tomaríamos o café juntos, era uma ocasião extremamente rara, algo que só acontecia nas férias. Fiquei impressionada quando me dei conta disso e não consegui tirar o sorriso idiota que pareceu grudar no meu rosto, principalmente quando papai apareceu com os as torradas e a Nutella. Quer dizer, tem café da manhã melhor que torradas com Nutella? Eu garanto que não! E logo Clarinha se juntou a nós, arrastando a mochila de rodinhas pelo chão.
Ela sentou ao meu lado e virou a cabeça para a esquerda, me observando com atenção.
– Ainda não acredito que você está mesmo aqui, Sarah. – Disse, mordendo o lábio. – Posso te beliscar pra ver se é de verdade?
Soltei uma gargalhada com a pergunta da minha irmãzinha, mas mamãe não pareceu levá-la na brincadeira. Ela franziu o cenho e cruzou os braços, encarando Clarinha com uma expressão zangada.
– Maria Clara, nada de beliscar a sua irmã, mocinha! Você prometeu se comportar, lembra? – Disse e Clarinha assentiu. – Ótimo! Comporte-se! E coma direitinho, senão vamos nos atrasar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tom & Sarah
Roman pour AdolescentsSarah é uma gênia superdotada que sonha em estudar na HBS (Harvard Business School) e um dia dirigir uma multinacional. São grandes aspirações e ela tem plena consciência disso, por essa razão se preparou a vida inteira estudando na Academia Santa R...