Chapter 10

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  Eu caminhava por um corredor mal iluminado e não ouvia nada além da minha respiração pesada. Não sei quanto tempo eu já estava andando por aqui, mas meu corpo clamava por uma pausa e eu havia desacelerado meus passos quando finalmente vi uma luz não muito longe de onde eu estava.

  O final do gigante corredor havia chegado e um feixe incerto de luz era tudo que ilumimava o cômodo escondido por uma porta entreaberta. Relutantemente, empurrei a porta e adentrei o cômodo, tentando ser o mais silencioso possível. A luz amarelada bruxuleava, iluminando apenas o centro do que parecia ser um quarto vazio.

  Tropecei em alguma coisa no chão quando me movi.

  Era uma lanterna.

  Me abaxei com cuidado e liguei o objeto. As pilhas pareceram estar bem fracas, mas era tudo com o que eu podia contar agora. Balancei a lanterna pelos cantos do quarto e não vi nada além de paredes mofadas até que algo se mexeu.

  Foquei a lanterna no lugar onde o vulto havia passado e encontrei Frank. Uma sensação de alívio percorreu todo o meu corpo e ele pareceu sentir o mesmo.

  Seus olhos estavam inchados, indicando que ele havia passado um bom tempo chorando. Tinha um pedaço de pano amarrado em sua boca, como uma mordaça e vi que mesmo assim ele tentava sorrir.

  Ah, como eu tinha sentido falta desse sorriso.

  Suas mãos foram amarradas e seus braços, esticados acima da cabeça, presos na parede, carregavam algumas cicatrizes recentes. Suas pernas e seu tronco também haviam sido presos com uma corrente que se encontrava em um gancho na parede. Algumas partes de suas roupas estavam rasgadas e sujas com o que pareceu ser sangue, assim como a parede atrás de si e o chão sob seus pés.

- Tá tudo bem, Frank. Vai ficar tudo bem. - eu disse enquanto me aproximava, tentando imprimir esperança em minhas palavras.

  De repente, seus olhos se arregalaram e ele começou a balançar todo o seu corpo, tentando se soltar das amarras que lhe impediam de se mover.

  Ele estava tentando dizer alguma coisa?

  Antes que eu pudesse entender qualquer sinal, senti uma pancada no braço que me fez derrubar a lanterna no chão. Ela se apagou com a queda e eu permaneci imóvel, apenas ouvindo a respiração descompassada atrás de mim.

  Eu não precisava enxergar para saber de quem se tratava quando a voz fria de meu pai ecoou pelo quarto.

- Isso é o que seu namorado merece por ser um gayzinho de merda!

  A falta de ar que eu senti me libertou do pesadelo.

  Me sentei instintivamente assim que abri os olhos, concluindo que eu estava em meu quarto. Demorei para me acostumar com o ar de volta em meus pulmões, mas me acalmei aos poucos e logo voltei ao normal.

  O sonho tinha parecido tão real que eu estava realmente assustado. A voz do meu pai ainda ressoava em meus ouvidos e eu conseguia ver nitidamente o pânico estampado no rosto de Frank.

  Lavei meu rosto repetidas vezes até conseguir me livrar dessa imagem.

  Quando me senti confortável de novo arrumei minha cama e troquei de roupa. Precisava urgentemente de uma boa xícara de café. Talvez algo mais forte mais tarde..

  Me sentei à mesa com meu irmão enquanto minha mãe se encarregava do café. Minutos depois, quando eu já havia me servido, meu pai chegou. Bagunçou os cabelos de meu irmão e beijou minha mãe antes de se sentar. Quando eu achava que ele tinha esquecido a loucura de ontem, ele se dirigiu a mim, ganhando a atenção de todos da mesa.

Honey... /Frerard/Onde histórias criam vida. Descubra agora