Honey... /Frerard/

Chapter 19

  A impressão que eu tive foi de que tropecei em todos os degraus da escada até o segundo andar.

  Cambaleei pelo corredor até encontrar a porta do meu quarto e entrei, apenas para encontrar o cômodo vazio, o que estava longe de ser um bom sinal.

  Tranquei a porta e guardei a chave no bolso frontal da calça antes de inspecionar o quarto mais uma vez.

  Só tem um lugar onde ela pode estar..

  Corri até o espelho e o atravessei imediatamente.  Me deparei com Frank e Janice/Jamia discutindo, ambos com os olhos cheios d'água.

-Você pode chorar o quanto quiser. Eu não me importo o quanto você investe em mim! - Frank disse com a voz alterada, ainda sem perceber minha presença.

- Se acalme. Eu não qu..

- Já chega, Jamia! Deixa ele em paz. - Eu gritei e Frank correu até mim na mesma hora, me envolvendo em um abraço forte e assustado.

-Como vocês... Eu não..

- Acho melhor você explicar o que está acontecendo aqui.

- Eu... Frank, me desculpe. De verdade.- e com isso ela saiu do espelho tão rápido quanto eu entrei.

  Saí correndo atrás dela de forma que Frank ficou novamente sozinho dentro de seu quarto. Como eu havia trancado a porta, Jamia não tinha conseguido escapar e me deu tempo suficiente para segurar seu braço com força e a pressionar contra a parede.

- O que você está fazendo aqui?

- Eu só...

- Você não pode deixar ele em paz?

- Calma, eu... Eu só vim até aqui ver se ele estava bem.

- Tira ele de lá agora.

- Eu..

- Agora!

- Gerard, calm..

-TIRA ELE DE LÁ! - apertei seu braço com um pouco mais de força e ela começou a se debater.

- EU NÃO POSSO!

- Jamia, eu não estou brincando.

- Eu também não estou..- ela deixou que um suspiro alto e cansada ecoasse pelo cômodo.- Eu...perdi meus poderes.

- O quê?

- Fazer esse tipo de feitiço e manter por tanto tempo acabou drenando minhas forças.. Foi por isso que eu deixei a cidade, aliás. Minha família e eu fomos atrás de um tratamento par...

- Eu não quero saber o que aconteceu com você, Jamia. Eu quero Frank. Aqui. Como eu faço para tirá-lo de lá?

- O encanto garante sua liberdade apenas se ele se apaixonasse por mim. Mas...

- Mas?

- Agora..nessas condições, mesmo se ele conseguir sair eu não posso garantir que não sofrerá nenhum..hm..efeito colateral.

- Como efeito colateral ?

- Algumas coisas podem ter mudado com a perda dos meus poderes e acarretado algumas consequências.. Mas acho que nada muito grave.

- Você acha?

- Olha, eu..

- Já chega. - peguei a chave em meu bolso e rapidamente abri a porta e praticamente a joguei para fora do meu quarto. - Não quero mais ver você por aqui, entendeu?

- Gerard, eu realmente sinto muito.

  E com isso ela saiu.

  Ainda pude ouvir a porta da casa se fechando quando ela foi embora. De vez.

  Bati a porta do meu quarto com força, enquanto uma sensação estranha me consumia. Enterrei o rosto nas mãos antes de começar a bagunçar os cabelos desesperadamente.

  Frustração. Desesperança. Preocupação.

  Raiva.

  Joguei tudo o que estava em cima da minha mesa de desenho no chão, enquanto liberava um grito gutural. Parei com a respiração pesada e meus olhos se enchiam de lágrimas.

  Logo minha atenção se voltou ao espelho no canto do quarto.

  Eu mal podia imaginar como Frank estava lidando com isso tudo.

  Fui mais que apressado até seu quarto e o encontrei jogado em sua cama, com o rosto enterrado no travesseiro.

-Frank..- o chamei com o tom mais doce que consegui. Ele se levantou e veio até mim, com os olhos inchados e vermelhos.- Eu sinto muito.

  Ele me abraçou com toda a força que lhe restava e eu me limitei a acariciar seu rosto suavemente.

- Por..por que ela não me tirou daqui, Gee?

- Frank..ela..ela não pode mais.

  Contei a ele o que Jamia me relatou a minutos atrás e ele voltou ao estado inicial de choro e desespero, ainda mais quando eu cheguei na parte das consequências de sua perda de poderes.

- G-Gee..o..o que nós v-vamos fazer agora?

- Frank- segurei seu rosto entre minhas mãos, o fazendo olhar para mim.- nós vamos dar um jeito nisso.

- Não..não..

- Sim, nós vamos. Você confia em mim? - ele assentiu minimamente, com os olhos cheios d'água novamente.- Eu vou te tirar daqui. Eu prometo.

  Custe o que custar.