Honey... /Frerard/

Chapter 23

  Já era a segunda vez que eu explicava meu plano para os dois garotos a minha frente.

- Mas você quer simplesmente invadir a casa? - Você não acha que ela já fez muito pior que isso?

- Ray tem razão, Gerard. Isso não é uma boa ideia.

- Não estou pedindo pra vocês irem comigo. Só quero saber onde posso encontrá-la.

  Ray bufou já se levantando e pegando um casaco pendurado perto da porta.

- Não te prometo que ela vai estar lá, mas eu sei de uma casa por aqui que era do pai dela. Posso te levar até lá.

  Eu assenti com um sorriso enquanto caminhava até a porta, seguido por Mikey.

  A casa a que Ray se referiu não era muito longe dali, mas foi o suficiente para estabelecer um silêncio desconfortável e até mesmo um clima tenso.

  Chegamos até lá sem muita demora. Tentei abrir a porta da frente e, para a minha surpresa, ela não estava trancada. Empurrei a porta calmamente e quando concluí que não havia ninguém em casa me virei para dispensar a companhia, mas fui surpreendido por Mikey e Ray, que entraram quase correndo naquele lugar.

  Fechei a porta atrás de mim e voltei minha atenção até eles.

- Pensei que vocês não quisessem fazer parte disso..

- Nós não queremos...- Ray começou.

- Mas já que estamos aqui..

  Sorri para meu irmão e seu amigo.

  Resolvemos explorar cada um uma parte da casa a fim de agilizar o trabalho ali.

  Eu fui para o quarto, enquanto Mikey ficou na sala de estar com Ray.

  A cama estava devidamente arrumada assim como o restante do cômodo. O armário estava vazio e não havia resquício algum de objetos pessoais pelo quarto.

  Eu até diria que ninguém esteve por aqui por um bom tempo se não tivesse visto uma foto antiga jogada em cima da cama. A imagem era de uma menina - um tanto quanto séria- e um menino bem sorridente que eu reconheci com prontidão.

- Ela não está mais aqui, o quarto está vazio.-anunciei voltando para a sala.- Vocês tiveram sorte?

- Nada por aqui também..

- Acho que posso ter encontrado alguma coisa..- Ray relatou ao adentrar o cômodo.

  Ele me estendeu um papel com um número de telefone e um nome no verso. Imaginei, inicialmente, que se tratava de alguém da família, mas minha hipótese foi dispensada por uma pequena palavra antes do nome escrito.

" Dr. John Smith "

- Esse deve ser o terapeuta dela..- eu disse, mais para mim mesmo do que para eles.

- Por que...hm, deixa pra lá.

- Qual era a ideia, Mikes?

- Bem..pode ser meio louco, mas você poderia ligar pra ele e tentar descobrir alguma coisa.

  Ponderei por um tempo e logo me dirigi até a mesa de centro da sala, onde peguei o telefone e disquei o número do papel.

- Escritório do Dr. Smith. Boa tarde.

- Hm..boa tarde.. er.. O Dr. Smith está?

- Aguarde um momento, por favor. - a voz da secretária sumiu por alguns instantes (que mais pareceram horas.)- Eu já vou transferir a ligação.

-Está bem, muito obrigado.

- Boa tarde. Com quem eu falo?

  Eu gelei.

- Boa tarde..hm.. Aqui é o..- olhei para os seres me encarando sentados no sofá- Michael. Michael Nestor.

  Meu irmão me estendeu o dedo do meio em um gesto infantil e eu tive que me segurar para não rir da situação.

- Nestor? Você é parente da Jamia?

- Sim! É sobre ela mesma que eu queria falar.

- Pois então..

- Bem, Jam - revirei os olhos com o mais novo apelido - estava preocupada com o tratamento ultimamente devido a essa viagem que ela fez e..

- Ah, não. Garanto que não tem problema algum. O tratamento da senhorita Nestor está absolutamente bem.

- Ah é?

- Sim, garanto que ela ficará boa novamente em breve. Inclusive, tendo experiências em casos antigos, posso afirmar que há uma probabilidade de que os efeitos de suas práticas antigas se dispersem.

-Como?

- Bom, não é certo, mas..aparentemente, alguma prática antiga que se estende até hoje pode ser desfeita caso ela recupere os poderes.

- Isso é sério?

  O médico liberou uma risada seca.

- Sim.. Hm, só um momento, por favor. - continuei na linha com um sorriso enorme no rosto.- Me desculpe, mas...não consta nenhum Michael Nestor na ficha da minha pacien..

  Desliguei o telefone correndo e o posicionei de volta em seu lugar.

  Corri até meu irmão e seu amigo e os envolvi em um abraço bem desajeitado, os arrancado alguns risos.

- Ele disse que se a Jamia recuperar os poderes os feitiços devem ser desfeitos. Frank deve ser solto automaticamente!

  Os dois riram e me abraçaram novamente, todos muito felizes pela nova descoberta. Agradeci imensamente a Ray pela ajuda e garanti que ligaria para ele assim que descobrisse mais alguma coisa.

  Praticamente corri com Mikey até nossa casa. Abracei minha mãe com muito carinho assim que cheguei e ela, sem entender nada, sorriu e me deu um beijo na bochecha.

  Comi o mais rápido que eu pude.

  Mal podia esperar para contar a novidade para Frank.