O início

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Depois do acontecido, Ana se enclausurou na sede da fazenda. Seus dias se resumiam a sentar em uma das poltronas da sala e ler algum livro. Às vezes, se entretinha com um filme ou série na TV. André lhe fazia companhia todo o tempo, assistiam juntos programas e enquanto Aninha lia, ele ouvia músicas.

Durante a madrugada raios iluminaram o céu e uma pesada chuva caiu por horas. O dia amanhecera belíssimo, parecendo que tudo de ruim tinha sido levado pelas águas à noite.

André desceu as escadas correndo e encontrou Ana aninhada na poltrona, com um grosso livro nas mãos.

_ Ahh não! Chega! Pode sair daí _ falou e foi até ela pegou o livro e o jogou no sofá ao lado

_ André, eu estava lendo um capítulo tão bom _ falou emburrada.

_ Não estou nem aí! _ brincou e mostrou _ Olha ali!!

_ O que? Não to vendo nada _ Ana já perdia a paciência, pois André apontava para baixo da poltrona e ela, mesmo estreitando os olhos, não conseguia ver.

_ Suas raízes já estão crescendo ali _ falou dando risada e levou uns tapas no braço _ Aiiii, isso dói, garota!

_ Você é um bobo! _ retrucou, mas o riso estava presente em sua voz.

_ Ande, vamos dar uma volta! Dê um descanso para esta poltrona, ela já esta com o formato da sua bunda _ brincou novamente e recebeu um olhar que falhava, grotescamente, ao tentar parecer bravo.

_ Eu nem estou vestida para sair _ reclamou olhando para a blusa de lã branca e a calça de moletom preta que vestia.

_ Aninha! Aninha linda do meu coração! _ André pausava as palavras como se estivesse falando com um bebê _ vamos apenas andar pelo campo aqui em frente, não iremos a um baile de gala, ok?

_ Você não vai me deixar em paz enquanto eu não sair, não é?

André fez cara de criança quando quer um brinquedo e acenou negativamente. Ana riu e assentiu.

_ Tá bom, vamos!

Ele a pegou pela mão. Assim que se tocaram sentiram como se milhares que pequenas correntes elétricas percorressem seus corpos. Ana ficou vermelha e abaixou a cabeça para que ele não visse, mas não soltou a mão. Aquele toque lhe era muito querido.

Andaram de mãos dadas em volta da sede e se afastaram até um ponto mais alto. Ali André sentiu a grama e viu que o sol já a tinha secado, então se jogou no chão e foi acompanhado por Ana.

Os dois ficaram quietos por longos minutos. Até que André quebrou o silêncio.

_ O que você quer fazer da vida? _ perguntou do nada, assustando Ana.

Ela pensou um pouco. Os dedos ainda estavam entrelaçados com os de André e ela sentia um calor bom vindo dali e se aconchegando em seu coração.

_ Quero cuidar da fazenda, me casar, ter filhos... _ ouviu um barulho engraçado vindo do rapaz _ o que foi?

_ Só isso?

Ela se ergueu para olhá-lo e sem querer soltou sua mão. Arrependeu-se no instante seguinte, pois sentiu-se vazia sem o toque. No entanto, tinha vergonha de tomar a iniciativa e pegar-lhe novamente a mão.

_ Não é só. É muita coisa

André pareceu pensar. Depois de longos segundos se virou para ela e concordou.

_ Sim, é muita coisa.

Os olhos dele brilhavam e se prendiam nos dela. Porém, moleque como era, continuou a zoação.

As voltas do coração [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora