Felipe

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Narrado por Felipe

Oi! Eu sou o Felipe, tenho dez anos. Na verdade tenho 9 e um pouquinho, mas já quero ser grande. Sou bem menor do que todos os meus amigos do colégio, mas minha mamãe disse que é porque meus ossos nasceram doentes e demorou muito para que os médicos conseguissem me curar.

Eu sou meio brasileiro e meio canadense, minha vovó Filomena só fala comigo em português porque disse que eu não posso esquecer minhas origens. Eu não entendo o que quer dizer, mas quando concordo ela fica feliz e eu gosto de ver minha vovó feliz.

Bom, ela não é minha vovó de verdade, mas uma amiga mais velha da minha mamãe, bem mais velha. Não contem que eu chamei ela de velha para vocês porque ela fica triste e me dá beliscões de mentirinha, mas eles doem do mesmo jeito.

Eu já vi fotos do Brasil, é um lugar muito bonito. Pedi para a mamãe me levar lá um dia, mas ela ficou brava e disse que não era lugar pra gente. Depois ouvi ela falando com minha vovó que era culpa dela. Não sei porque o Brasil ser bonito é culpa da vovó.

Minha mamãe é a mais linda de todas. Ela trabalha muito, mas nunca esquece de me dar beijo e cuidar de mim. Ela trabalha com remédios, mas não remédio de gente, remédio para os bichos.

Quando ela fala nos auditórios todo mundo fica caladinho. E olha que ela nem precisa ficar brava como minha professora. Ahhh, e no final todo mundo bate palmas.

Eu sou muito feliz com minha mamãe e minha vovó. Meus amigos dizem que eu sou filho de vidro, porque eu não tenho pai, pois eu não tenho e não quero se isso fizer a mamãe chorar.

Quando eu era bem pequeno eu perguntei a minha mamãe onde estava meu pai e ela chorou. Eu nunca tinha visto minha mamãe chorar e eu nem sabia que adultos choravam. Senti muita dor no meu coração. Não quero um pai.

Estou aqui no meu quarto, daqui a pouquinho minha vovó vem me acordar. O que ela não sabe é que eu gosto de acordar cedinho e ficar ouvindo música e jogando game no meu celular. Aí quando escuto barulho no corredor eu escondo debaixo da coberta e finjo que tô dormindo. Ela me acorda fazendo cóceguinhas. Eu adoro quando ela faz cóceguinhasporque nós dois damos muitas risadas.

Shiiuuu!! Lá vem ela!

Shiiuuu!! Lá vem ela!

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E aí, o que acharam do pequeno Felipe?

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Bjinhos com cóceguinhas!

As voltas do coração [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora