A fuga

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Aninha não conseguiu ouvir mais. Antes que pudesse raciocinar suas pernas a levaram para longe dali. Assim que virou em um dos corredores esbarrou em alguém e se desequilibrou, caindo de joelhos no chão.

_ Minha filha! Ai minha nossa senhora _ amparou Filomena _ o que houve?

Os soluços se atropelaram na garganta de Ana e ela só conseguiu abraçar Filó. A senhora se desesperou, pois imaginava ver a menina contente em sua volta da viagem.

_ Fala, Anabelle! _ sacudiu a garota.

_ Eles... eles que... querem tirar tu... tudo de mim _ começou e o choro a interrompia _ vão me... me matar... e...

Ana hesitou se devia ou não contar tudo a Filó. Olhou para o alto e os olhos azuis da senhora a acolheram e não havia ali nenhum vestígio de dúvidas sobre o que ela falava. Respirou fundo e soltou.

_ Eles... eles mataram o meu pai.

Filó levou a mão a boca. Ela desconfiava de que aquelas pessoas tinham se aproximado por interesses, mas não imaginava que eles iriam tão longe. Precisava compreender tudo o que Aninha falava. No entanto, ali não era nem o lugar nem o momento.

_ Venha! _ Filomena puxou Ana até o seu antigo quarto, a menina não entendeu, mas a seguiu _ arrume uma mochila com suas coisas, pegue poucas peças de roupa. Volto em 5 minutos e quero tudo pronto, não esquece o passaporte.

Como se fosse uma automata, Aninha obedeceu. Jogou as primeiras blusas e calças que encontrou na mochila. Olhou para o lado e viu que tinha levado a bolsa até ali, nem se lembrava disso.

Se preparava para sair quando viu um pequeno caderno da sua época de escola. Respirou fundo e se decidiu. Com os dedos trêmulos e lágrimas molhando o papel escreveu um bilhete, deixando-o no seu travesseiro.

Filó apareceu em seguida e fez sinal para que a acompanhasse em silêncio. As duas passaram pelos corredores laterais e saíram pela porta dos fundos. Chico estava ao volante e tremia.

_ Isso não vai dar certo, não vai...

_ Cala a boca, Chico! A segurança da nossa menina esta em jogo, agora dirija. _ mesmo resmungando Chico acelerou, apesar do medo, ele gostava muito de Aninha.

Filó manteve o braço sobre os ombros de Ana o caminho todo. Ela estava muito preocupada com a menina, pois ela não disse mais nada, apenas se deixava levar. Porém, agora ela precisava tirar Ana dali, depois ela cuidaria disso.

Uma hora depois chegaram à rodoviária. Filomena mandou que Chico enrolasse por mais uma ou duas horas antes de voltar à fazenda, isto daria tempo a elas.

_ Ana! _ a menina tinha os olhos perdidos em algum ponto imaginário _ Anabelle!!! Você esta com seus cartões aí?

_ S... sim _respondeu em um fio de voz.

_ Vá até aquele guichê e compre uma passagem para o Rio de Janeiro, a capital _ ordenou _ depois compre uma passagem para, hum... sei lá, Paris, é, pode ser Paris, saindo do Rio no primeiro voo disponível.

Tomara que a Aninha seja feliz longe dessas pessoas ruins.

Será que um dia ela volta?

E aí, o que estão achando? Estrelinhas e comentários são maravilhosos.

As voltas do coração [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora