De volta a fazenda

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Enquanto dirigia para a fazenda, Anabelle tentou varrer da mente as lembranças da noite anterior com André. O que se mostrou inútil, seu corpo tinha memorizado cada toque e ela nem precisava fechar os olhos para que sua pele ardesse com as sensações.

Apertou as mãos no volante até que os nós dos dedos ficassem brancos e adormecessem. Soltou um urro animalesco de raiva.

_ Você é uma imbecil Anabelle Soares _ falou consigo mesma _ sai lá do norte, viaja milhões de quilômetros para fazer essa família maldita pagar por te roubar e o que acontece? Vai pra cama com o desgraçado que mais te enganou. Até parece que gosta de sofrer, tonta. E você sabe que vai se magoar de novo, não é? Ou será que é tão ingênua ainda que acreditou naquele teatro todo dele...

Um soluço ameaçou escapar por sua garganta e ela o prendeu forte. Não iria chorar, não era mais tempo de lágrimas. Empurrou para o fundo da alma aquela dor que sentia no coração.

Respirou fundo inúmeras vezes, criando coragem para ligar para o advogado.

_ Ligar _ falou logo depois de colocar o telefone no viva voz do carro _ Floriano Vasconcelos de Medeiros.

O advogado atendeu depois de alguns toques. A conversa foi rápida. Como já era de se esperar, ele a desaconselhou a ir para a fazenda. Sua segurança poderia estar em risco. E ela o ouviu? Claro que não.

Em seguida, Ana soube que as liminares levariam no máximo mais uma semana para saírem e então todos os bens estariam bloqueados. Infelizmente para ela, isto só aconteceria quando o juiz assinasse, ou seja, se os Baleronis fizessem transações antes disso ela perderia bastante coisa.

Por isso mesmo que ela queria ir direto para a fazenda. Era óbvio que André contaria aos pais que estava viva e eles correriam para transferir os bens. Porém, ela estando na fazenda dificultaria as coisas.

Sem falar que ela estava ansiosa para ver a cara dos tios ao descobrir que ela estava viva. Será que se fingisse ser um fantasma eles acreditariam? Sorriu pensando na ideia.

Poucos minutos depois a cerca que contornava a fazenda ficou visível. Quando avançou até a porteira viu que muita coisa tinha mudado. Ali tinha um pequeno cômodo e logo um homem já idoso com chapéu saiu e foi encontrá-la no carro, era um segurança ou um porteiro.

Anabelle abriu seu melhor sorriso, deslizou o óculos escuro até o alto da cabeça e olhou diretamente para o peão. Seu coração deu um salto ao reconhecê-lo.

_ Antônio!!!! _ sem pensar abriu a porta do carro e se jogou nos braços do homem, assustando-o.

_ Minha Nossa Senhora, mãe de Misericórdia!!! _ falou empurrando-a delicadamente _ você se parece demais com a menina Aninha que vivia aqui. Valha-me Deus que é assombração.

Ele deu alguns passos para trás e fazia o sinal da cruz inúmeras vezes. Ana não se aguentou e caiu na risada. Sua barriga doía e ela não parava de rir.

_ Aaaraaaa! _ resmungou assustado.

Ana respirou fundo e se controlou. Ela não queria matar seu velho amigo do coração. Tentou se aproximar para falar com ele, mas ele continuava se afastando e fazendo sinal da cruz.

_ Eita, Antônio, que covardia é essa? Não quer conversar com um fantasma não? _ continuou, ela era uma peste e não resistiu a continuar atormentando o homem _ Já chega! Antônio, sou eu mesma, a Aninha, eu não morri, ok? To aqui, vivinha, oh!

Apontou o braço em direção ao homem que continuava receoso. Tempo depois ele, finalmente, criou coragem e a tocou com a ponta do dedo.

_ É, se fosse defunto tava frio _ raciocinou _ mas como...

_ Depois eu conto tudo, com detalhes, Antônio. Agora preciso entrar nesta fazenda e conversar com meus amados tios _ Ana carregou a ironia na palavra "amados".

Uma sombra de tristeza passou pelos olhos do velho.

_ Nem parece a mesma fazenda, menina _ sussurrou.

_ Eu imagino, Tonho. Em breve será a fazenda que meu pai criou. Eu prometo a você. _ falou Ana segurando as mãos do amigo _ agora eu preciso entrar, tudo bem?

_ Claro. A jarara... quero dizer... a dona Flávia não vai gostar, mas você é a verdadeira dona. Então vai lá.

Antônio abriu a porteira e Ana entrou com o carro. Era hora de enfrentar seu passado. De arrancar dali toda aquela gente impostora e maldita.

As cercas brancas que circundavam a pequena estrada até a sede estavam desgastadas. O mato estava crescido, muito alto como se ninguém cuidasse. A estrada cheia de buracos. Ana pensou que com o dinheiro que eles tinham ganhado, deveriam ter cuidado melhor do lugar.

Seu coração acelerou quando viu o lago e depois a casa. Sua casa. Sentiu raiva por não ter voltado antes. Ela já deveria ter acabado com aquela farra há muito anos. Acelerou o carro e parou com força no cascalho em frente a casa. Usando toda a sua raiva começou a buzinar freneticamente.

Quando viu movimento de pessoas saindo da casa, reconheceu o casal. César parecia muito mais velho e cansado. Flávia parecia uma boneca inflável, a pele anormalmente esticada e os lábios desproporcionalmente cheios. Ana sentiu satisfação ao perceber que o dinheiro não lhes tinham feito bem.

Com calma se preparou para descer do carro. Deixou que todo o seu ódio por eles escorresse por seu corpo e esquentasse seu sangue.

_ Mas quem diabos esta... _ César não terminou a frase, pois Ana já descia do carro e vinha em sua direção.

Flávia ficou ainda mais pálida por baixo da maquiagem pesada. César levou a mão ao peito, incrédulo. Não era possível o que seus olhos viam.

_ Olá, meus queridos tios! Voltei!!

E aí, agora a coisa complicou! Será que Aninha conseguirá se vingar deles? E André nessa história toda?

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E aí, agora a coisa complicou! Será que Aninha conseguirá se vingar deles? E André nessa história toda?

Adoraria que comentassem sobre o que estão achando do desenvolvimento desta história e se gostarem me deixem uma estrelinha.

Beijinhos assombrosos

As voltas do coração [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora