As semanas seguintes transcorreram recheadas de alegrias e felicidades para Ana.
Porém, enquanto saía todas as tardes com André ia se esquecendo de cuidar da fazenda e César assumia todas as decisões importantes.
A rotina e o funcionamento da fazenda tinham mudado drasticamente, mas César cuidava para que Ana não tomasse ciência de nada.
Na surdina, conseguiu que uma equipe de exploração visitasse a região e esquadrinhasse todo o perímetro. Ele precisava de informações precisas para apresentar aos futuros sócios.
Flávia visitava o filho em seu quarto sempre, insistindo para que ele fizesse com que Ana desejasse muito se casar rápido. Deveriam se casar no máximo um mês após o aniversário de dezoito anos da garota.
Assim que voltassem da lua de mel, tudo já estaria pronto e a mandariam para bem longe da fazenda. Todos os bens que ela herdou, inclusive o que fosse encontrado na fazenda pertenceria a eles.
André, por outro lado, sentia-se cada vez mais feliz ao lado de Aninha. Suas tardes passavam voando e quando ele procurava seus lábios para um beijo, esquecia-se de sua missão. Beijá-la tinha se tornado seu último pensamento antes de dormir e o primeiro ao acordar.
Todas as noites precisava de um esforço hercúleo para relembrar que o objetivo era se casar e se separar de Ana, não se apaixonar. Repetia isso como se fosse um mantra, porém se convencia cada vez menos.
Dormia e sua imaginação o presenteava com o suave toque da mão de Aninha na sua. Além disso, sorria ao pensar em como seus lábios se encaixavam perfeitamente e de como era bom senti-la junto de si.
O lugar favorito de ambos tinha se tornado a cachoeira. Apesar de não entrarem na água, pois o inverno daquele ano estava particularmente frio, exploravam as regiões próximas, incluindo pequenas cavernas ao redor.
Na última noite, Flávia e César pressionaram André para que ele pedisse Ana em casamento. Era necessário que dessem continuidade a tudo.
Ao mesmo tempo que o rapaz se sentia feliz por estar perto da garota, seu coração pesava ao perceber que a cada passo que dava para o casamento, também era um passo para o fim de tudo o que vivia.
Tentou imaginar outras possibilidades e até mesmo pensou em fugir com Ana. Porém, faltava-lhe coragem para enfrentar a mãe e o mundo.
Naquele dia do mês de junho, a manhã nasceu mais bela do que nunca.
Ao abrir os olhos, André se deparou com a mãe no quarto, determinando que aquele seria o dia do pedido e lhe entregando uma pequena caixa com duas alianças.
Resignado, convidou Aninha para o tradicional passeio na cachoeira. Cumpriria seu destino, por pior que isto lhe parecesse. Pelo menos faria de forma delicada e gentil e não a exporia aos olhares sarcásticos de sua mãe.
Já estavam deitados na areia há mais de uma hora e Ana percebeu que André continuava ansioso e meio trêmulo.
Perguntara algumas vezes o que acontecia, mas ele desconversou e mudou de assunto. Abraçou-o mais forte e aconchegou a cabeça em seu peito enquanto ouvia seu coração acelerado. Pensou que faria qualquer coisa para aliviar o que quer que fosse de seu amado.
André tinha raiva de si mesmo por continuar com tudo aquilo. Mesmo assim avançava e obedecia a mãe. Ela era sua mãe e Ana apenas uma garota que conheceu há alguns meses. Não havia como escolher diferente.
Puxou-a para mais perto de si e sentiu os olhos lacrimejarem. Precisava fazer aquilo o mais rápido possível antes que perdesse a pouca coragem que tinha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As voltas do coração [COMPLETO]
RomanceAnabelle sonha em conhecer um grande amor, se casar e viver feliz para sempre na fazenda onde nasceu. André sonha em ter vida fácil, foi muito mimado e não acredita no amor. Quando se conhecem, ela pensa ter encontrado o que sonhou e ele tem a missã...