As voltas do coração [COMPLETO]

Um milagre

Ana se sentia sufocar, menos pelo peso do corpo de André sobre si e mais pelo desespero em saber que ele havia sido atingido em seu lugar. Enquanto ele fechava os olhos ela gritou implorando para que ficasse acordado.

Ele foi retirado de cima de Ana pelo oficial e por César. Ana respirou rapidamente e logo já estava sobre o corpo de André checando seus sinais vitais. Ela não era médica, mas, como farmacêutica, conhecia muito bem o funcionamento do corpo humano e logo percebeu que o estado dele era muito grave. Seu pulso estava acelerado e ele não respondia a estímulos básicos.

_ Meu filho! Não deixe ela tocar no meu filho! _ Flávia avançou para Ana e a arrancou de cima de André.

Até aquele instante Ana nunca tinha brigado fisicamente com alguém. Ao ser impedida de prestar os primeiros socorros a André, ela ficou cega de raiva. Seu punho voou na face de Flávia e assim que desferiu o primeiro golpe a empurrou com força no chão, jogando-a de costas.

_ Não toque em mim ou no André! Se fizer isso de novo eu te mato agora com minhas próprias mãos _ avisou.

César foi até a mulher e a segurou. Alguns funcionários da fazenda se aproximaram e Ana começou a gritar ordens, enquanto o oficial ligava para a ambulância e para a polícia.

_ Eu preciso de toalhas limpas, me tragam a maior quantidade que conseguirem. Vão até a dispensa e peguem gazes que usamos para os animais, tragam tudo que tiver lá e soro fisiológico também.

Ana se ajoelhou ao lado de André. Observou o ferimento de entrada da bala nas costas. A espátula estava fraturada com o impacto. Olhando no peito dele, viu que a bala passou destruindo tecidos e ossos, mas tinha saído. O que era menos ruim.

Por outro lado, no ferimento de saída havia muito sangue. André tinha os lábios brancos e sua respiração estava lenta.

Ana usou as toalhas para limpar e depois umedeceu as gazes e fez uma compressa nas costas e outra no peito. Firmou bem com os esparadrapos qur trouxeram e fez força segurando. Mesmo assim a hemorragia não tinha cessado

Um pequeno alívio a acometeu quandi ouviu o barulho das sirenes. Os paramédicos rapidamente tomaram seu lugar e removeram André para a ambulância.

_ Você salvou a vida dele _ falou um dos médicos entrando na ambulância.

Ana subiu junto, ela nunca mais largaria André. Só quando estabilizaram o quadro, a caminho do hospital é que ela conseguiu respirar.

A roupa lhe grudava no corpo e ela percebeu que estava encharcada de sangue. Dando-se conta da situação ela começou a tremer violentamente.

_ Você esta ferida? _ perguntou um dos enfermeiros.

Ana apenas sacudiu a cabeça.

_ Ele vai ficar bem? _ questionou num fio de voz.

O médico a olhou com pena.

_ Não será fácil, mas ele é jovem...

O pouco de equilíbrio que restava desapareceu. Ana se arrependeu de tudo. André tinha se ferido por sua causa. A sua vingança que provocou tudo aquilo.

Ao chegarem ao hospital levaram André imediatamente para o centro cirúrgico.

Uma enfermeira se compadeceu do estado de Ana e lhe levou até o vestiário. Ela teve que ajudá-la a tirar a roupa ensanguentada e a tomar banho. Em seguida lhe emprestou um macacão do hospital.

Ana sequer conseguiu agradecer. Voltou para a sala de espera e esperou. O relógio caminhava lentamente e as horas iam passando. Não havia noticias e ela não tinha forças de ir perguntar. Apenas se deixou ficar ali.

Quase sete horas depois o médico responsável veio dar notícias. Ana desejou que ele nunca tivesse aparecido

_ Você é a esposa de André Baleroni? _ ao receber um aceno continou _ ele foi operado. Teve duas paradas cardíacas na mesa, mas conseguimos reanima-lo. Agora ele esta estavel, porém a senhora precisa estar preparada. As próximas 24h serão decisiva. Ele terá que lutar muito para sobreviver. Precisamos de um milagre.

Naquele momento o mundo de Anabelle se estilhaçou.

Será que o castigo para Flávia será ter matado  próprio filho?

E Aninha, como fica nisso tudo? Será que aqueles momentos realmente foram de despedidas?

Vamos logo ler o último capítulo

Bjinhos tristes