André se jogou na cama, cruzou os braços por trás da cabeça e esticou as longas pernas. Com um sorriso nos lábios, relembrou o dia. Ele e Ana ficaram o dia juntos.
Pensou no quanto a pele dela era delicada e no modo como respondia aos seus toques. Tentou não pensar nos sinais que seu próprio corpo lançava toda vez que ela entrelaçava os pequenos dedos entre os seus ou no instante em que oferecia os lábios para um beijo.
Sorriu novamente olhando para o teto. Aninha tinha uma pureza que lhe intrigava e fazia com que ele quisesse protegê-la. Ela lhe despertava instintos que ele nunca imaginou possuir. Nunca imaginou que ficaria o dia todo com uma garota e se contentaria em andar de mãos dadas e trocar beijos inocentes. Era loucura.
Uma leve batida na porta despertou-o dos sonhos. Pensou imediatamente que poderia ser Ana e ficou feliz por isso.
_ Entre! _ sentou-se na cama para ver sua garota entrar, mas no lugar dela viu a figura da mãe.
_ Pelo menos disfarce esta cara de decepção, meu filho _ falou beijando-o no alto da cabeça _ precisamos conversar.
Flávia ligou a tv e deixou em uma novela de canal aberto para que o barulho dificultasse que alguém ouvisse a conversa. André suspirou desanimado.
_ Parabéns, meu filho! Parece que você conseguiu conquistar a caipira _ felicitou, André permaneceu em silêncio e ela continuou _ acha que ela se apaixonou?
_ Sim, com certeza _ respondeu num murmurio.
_ Ótimo! Agora vamos pensar nos próximos passos.
_ Tipo?
_ Tipo o casamento! _ sussurrou impaciente.
_ Ok, mãe, já sei que me casarei com ela _ André falou e neste instante a ideia não lhe pareceu tão ruim quanto imaginara.
_ Temos que apressar isso. Em cinco meses ela fará dezoito anos e já pode se casar. Só precisamos convencê-la de que é o certo a se fazer. O que não deve ser difícil, já que ela vive no meio do mato e não tem grandes expectativas... _ falou mais para si do que para o filho.
_ Isto é verdade _ concordou André pensando nos sonhos de casamento e filhos que Ana lhe contou. Todavia, sentiu um aperto no coração por saber que destruiria e pisaria neles. Decidiu omitir essa parte da sua mãe.
_ Humm... _ pensou por alguns instantes e tocou os lábios com o indicador, como se estivesse imaginando um plano _ ela é virgem?
_ Mãe? _ reclamou André.
_ Deixa de besteira filho, sei que você vive cercado de mulheres e tem experiência suficiente para saber se uma garota é ou não.
_ Sim, mãe. Ela é e quer se casar assim _ respondeu.
O rosto de Flávia se iluminou. Sua mente começou a traçar inúmeros planos. Aquela informação trazia várias facilidades.
_ Que maravilha _ bateu palminhas silenciosas _ com certeza ela não aguentará esperar muito tempo para se casar, desde que você a provoque bastante com...
_ Mãe!!! _ quase gritou _ sem detalhes, por favor! Falar isso com você é... sei lá... nem deveria ser falado na verdade.
Flávia jogou a cabeça para trás em uma risada. Seu filho era tão puritano as vezes.
_ Tudo bem, mas você entendeu o que eu quis dizer, não é? _ perguntou e esperou André assentir _ Ok! Depois que se casarem aí você faz o que quiser.
_ Mãe, eu não vou abusar desta menina! _ afirmou veementemente.
_ Quem falou em abuso, meu filho! _ Flávia olhou atenta para o filho como se tivesse vendo algo errado _ você é um rapaz bonito e estará fazendo um favor àquela caipira sem graça.
_ Ela até que é inteligente... _ retrucou.
_ André, se eu não te conhecesse tão bem e já não tivesse te visto dispensar dezenas de garotas lindas, lhe perguntaria se estava se interessando por esta roceira.
_ Claro que não, mãe! _ falou rápido demais e soltou uma risada nervosa _ Eu não vou me apaixonar nunca, minha melhor diversão é sair com garotas diferentes. Muito menos me apaixonar por uma menina que ainda nem se parece com uma mulher.
_ Ótimo! Esse é o meu garoto! _ Flávia continuou a olhar André por alguns segundos e deu-lhe tapinhas no joelho _ Seis meses, André. Em seis meses quero ver você casado.
_ Mãe.. _ chamou, suspirou para criar coragem e falar _ eu não vou transar com ela
Durante o dia André também pensou muito sobre isso e tinha decidido que, assim que se casassem ele a abandonaria. Isto por si só já seria um sofrimento para Ana, não precisava maximizar sua dor roubando-lhe mais esta fantasia.
_ Vai sim filho! _ contrariou pacientemente _ um casamento que não se consuma pode ser anulado. E não queremos isso, certo! Faça um esforço, imagine que ela é uma das mulheres lindas com quem você saiu e só precisará fazer isso uma vez.
André viu seu último resquício de dignidade para com Ana ser destruído. Fixou os olhos nas mãos e suspirou o mais silenciosamente para que a mãe não percebesse seu desconforto. Não sabia se conseguiria conviver consigo mesmo depois de tudo aquilo. No entanto, se sentia fraco para se rebelar.
_ Mãe, já entendi tudo. Agora posso tomar um banho e descansar? _ encerrou a conversa.
_ Claro meu filho _ Flávia se levantou _ sem dúvidas deve ser um tédio ficar com aquela caipira o dia todo. Vá descansar sim.
Quando já estava na porta, Flavia pareceu se lembrar de algo.
_ André? _ chamou e como resposta ouviu um resmungo _ só não vai engravidar esta menina.
Assim que Flávia saiu do quarto, André foi para o chuveiro. Enquanto a água caía sobre seu corpo ele esmurrou várias vezes a parede, com raiva da mãe, de toda a situação e, principalmente, de si mesmo.
Aiii! Dá uma raiva desta família e da covardia do André, não?
Vamos ver se ele cria coragem nos próximos capítulos ou continua sendo fantoche da mãe e do padrasto.
Até o próximo capítulo!
Bjinhos!
VOCÊ ESTÁ LENDO
As voltas do coração [COMPLETO]
RomanceAnabelle sonha em conhecer um grande amor, se casar e viver feliz para sempre na fazenda onde nasceu. André sonha em ter vida fácil, foi muito mimado e não acredita no amor. Quando se conhecem, ela pensa ter encontrado o que sonhou e ele tem a missã...