Um perigo, um herói

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Anabelle cavalgou por entre os campos da fazenda, deixando o vento bater forte em seu rosto. Aquele era um instante em que se sentia, verdadeiramente, livre e conseguia esquecer toda a dor.

Pensou em ir até as cavernas, junto a cachoeira, mas desistiu porque a tarde estava no fim. Além disso, a tia pediu que ela sempre avisasse aonde iria e ela lhe disse que estava a caminho do rio.

Alcançou a beira do rio e suspirou encantada com a vista. Aquele era um dos locais que mais amava na fazenda. Não havia nenhum barulho externo e o cheiro frio da água lhe transmitia paz.

Desceu do cavalo e o amarrou em uma árvore, deixando a rédea bem grande para que o animal pudesse alcançar o rio e se alimentar, caso quisesse.

Tirou as botas, dobrou as barras da calça e caminhou pelas pedras, sentindo a água gelada nos pés. O cheiro e o barulho do lugar lhe acalmavam. Sentou-se ali e deixou sua mente livre.

Minutos depois um barulho chamou-lhe a atenção. Pensou que talvez o cavalo tivesse se soltado. Ao olhar para trás se surpreendeu com a presença de um cavaleiro se aproximando.

Olhou curiosa. Devia ser algum dos funcionários da fazenda atrás dela, provavelmente, demorara mais do que previa. Levantou-se e o esperou.

Quando o rapaz desceu do cavalo ela não o reconheceu. Pensou no quanto andava desligada dos problemas da fazenda, aquele deveria ser um peão recém-contratado.

Suspirou triste. Seu pai se decepcionaria, ele nunca deixou de conhecer cada funcionário pelo nome, sobrenome e família. Aninha forçou um sorriso e pensou que precisava começar a corrigir aquilo.

_ O que a linda jovem esta fazendo aqui sozinha? _ perguntou o estranho se aproximando e tirando o chapéu, revelando o cabelo loiro.

Anabelle sentiu um arrepio a percorrer-lhe o corpo. Não estava mais a vontade ali. Caminhou para onde estava o cavalo, era melhor ir embora.

_ Acho que demorei muito. Minha tia deve estar preocupada. _ falou e sua voz saiu trêmula.

Antes que alcançasse metade do caminho até a montaria, sentiu seu braço ser puxado pelo rapaz. Aquele toque lhe gerou um desconforto imenso e ela virou para ele com os olhos crispando de raiva. Ninguém tinha o direito de lhe tocar sem permissão.

_ O que pensa que esta fazendo? _ tentou puxar o braço, mas o homem era mais forte e se aproveitou de seu impulso para aproximar o corpo do dela. Os dedos dele apertavam sua carne, machucando-a.

_ Não tenha pressa, gatinha arisca _ falou com a voz manhosa _ quero te conhecer melhor.

Aninha sentiu o coração acelerar por causa do medo e da adrenalina. Tentou se soltar mais uma vez e não conseguiu. Ela sabia que dali não adiantava gritar, pois ninguém ouviria. Arrependeu-se de ter saído sozinha. Se estivesse com alguém nada daquilo aconteceria.

_ Se não me soltar agora, vou começar a gritar _ ameaçou assustada.

O estranho soltou uma gargalhada, ele sabia que estavam completamente isolados ali. Puxou a menina pela cintura e se aproximou ainda mais. Ela era bonita.

Ele tinha ordens para lhe dar um susto, mas ali, sozinhos, nada impediria que ele se aproveitasse um pouco. Passou a mão pelo rosto dela e puxou firme seu cabelo para trás, deixando a boca disponível. Forçou o beijo pressionando seus lábios contra os dela.

Anabelle fechou os olhos e a boca com toda a força . Um soluço escapou por sua garganta. Aquilo não podia estar acontecendo.

O estranho continuava lhe forçando o beijo e ela sentiu o gosto de sangue dos lábios esmagados contra seus próprios dentes. Lágrimas escorriam livremente por sua face. Assim que ele se afastou um pouco ela implorou.

As voltas do coração [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora