Acordando parte 2

325 36 6
                                    

Um barulho de motor o acordou. Ele se remexeu na cama enquanto as memórias voltavam. Passou a mão em volta procurando pela mulher com quem dormira e a cama estava vazia. Como sempre!

Enfiou a cabeça entre os travesseiros procurando fugir do mundo. Por que a sua mente o atormentava desse jeito?

Quase todas as noites ele sonhava com Annabelle, sonhava que a tinha nos braços outra vez. E tudo era sempre igual, acordava e percebia a cama vazia. Só aí se dava conta de que ela estava morta, perdida para sempre.

Uma dor e um vazio se instalaram em seu peito. Ele teve dificuldades em respirar. Naquela noite sua mente tinha sido ainda mais cruel. Ele sonhou que ela voltava, adulta e linda, dizendo que tudo não passava de um engano e que a morte não a levara embora.

Deitou de costas e olhou para o teto. Naquele momento considerou seriamente procurar alguma ajuda médica. Ele se lembrava de ter tomado apenas dois uísques, não eram suficientes para derrubá-lo assim.Devia estar enlouquecendo. A noite anterior realmente parecia ter acontecido. Ele sentia inclusive o cheiro do perfume dela ali do lado.

Seu coração acelerou. Levantou-se rapidamente procurando vestígios de que ela estivesse estado ali, mas só encontrou o perfume. Não, não era só o perfume, seu corpo estava sensível, ele sabia que tinha transado a noite passada, então, talvez, só talvez não tivesse sido um sonho. Esperava apenas que não encontrasse nenhuma estranha ali.

Levantou-se e andou pela cabana. Não tinha ninguém ali além dele. Passou a mão pelos cabelos nervoso. Por que? Será que aquilo era um castigo pelo que fizera com o amor de sua vida? Seria condenado a uma existência inteira sozinho e sonhando com a felicidade?

As roupas estavam espalhadas pela cabana. Definitivamente se não estivera com alguém ele estaria muito pirado. Recolheu as peças e as vestiu. Procurou a camiseta preta e a encontrou sobre o tapete. Foi até lá e a apanhou.

Quando se abaixou viu um papel próximo a camiseta. Pegou-o e sentiu as pernas fraquejarem. Era ela. A mulher que esteve com ele na noite anterior. A sua Aninha mais velha, mais linda, ainda mais perfeita do que podia sonhar ou se lembrar.

Procurou o sofá próximo e praticamente caiu nele. Os olhos embaçaram e as lágrimas começaram a rolar por seu rosto. Não tinha sido um sonho, era real, ela estava viva e tinha estado ali. Os soluços vieram fortes e ele não teve força de os controlar.

Quando seus olhos secaram ele observou novamente a fotografia. Ela estava abraçada com um garotinho de uns 6 ou 7 anos. Pensou com dor no coração que se a criança fosse mais velha poderia ser seu filho.

Os dois sorriam felizes para a câmera, como se compartilhassem uma ligação única que os colocava em uma bolha. André sentiu inveja, queria fazer parte daquela bolha, queria que eles fossem a sua família.

Virou a foto e tinha uma inscrição com a letra infantil: Para minha mamãe, a mais linda de todas as mamães. Beijinhos do Felipe

A data da foto era deste ano. Eles eram felizes, talvez Ana tivesse se casado de novo e construído uma família. Ela merecia isso. Todavia, seu coração sangrava ao pensar que ela não era mais dele.

Vestiu a camiseta com raiva. Por que ela voltou se já tinha tudo? Vingança? A noite com ele fazia parte daquela vingança?

Bateu a porta da cabana com força e foi direto até o Jeep. Precisava chegar na fazenda, pensar em tudo o que aconteceu. Viu marcas de pneu ao lado do seu carro. Sim, mais uma prova de que ela estivera ali.

Enquanto olhava para as marcas no chão, seus olhos se desviaram para os pneus do Jeep. Os dois daquele lado estavam com a roda no chão, totalmente murchos. Olhou de perto e percebeu que tinham sido cortados. Correu para o outro lado e os outros estavam iguais.

Uma raiva imensa se apossou do seu corpo. O que ela pretendia? Quem era aquela mulher, afinal? A sua Aninha era doce, gentil e ingênua, jamais faria aquilo.

Não conseguia imaginar o que ela pretendia. Estava mais certo de que ela voltara com sede de vingança. No fundo sabia que mereciam aquilo. Eles a tinham enganado, roubado e tramado sua morte, mereciam tudo de ruim que lhes viesse.

Pensou em ficar ali e deixar que Ana fizesse o que desejava. Era o certo.

Porém, ao imaginar que ela voltaria para a fazenda e estaria à mercê de seus pais. Ela não sabia do que eles eram capazes quando descobrissem que ela estava viva. Sua vida estava correndo risco.

Pegou o celular e com os dedos trêmulos ligou para um funcionário de confiança da fazenda, não falou nada sobre Ana, apenas lhe pediu que o buscasse na cabana. Questionou, como se fosse algo trivial, se alguém tinha chegado na fazenda. O funcionário negou e então desligaram. Ainda tinha tempo.

André pegou novamente a foto. Tocou o rosto de Ana e seu coração se encheu de amor. Como a amava. Desta vez a protegeria, mesmo que ela lhe desprezasse e não o perdoasse. Não seria fraco e covarde novamente.

E aí, pessoal, o que estão achando? Será que André chegará na fazenda antes de Ana? Será que desta vez ele fará as coisas diferentes?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

E aí, pessoal, o que estão achando? Será que André chegará na fazenda antes de Ana? Será que desta vez ele fará as coisas diferentes?

Já sabem, deixem comentários e uma estrelinha se gostaram.


As voltas do coração [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora