O casamento

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Ana se olhou uma última vez no grande espelho do quarto. Limpou uma pequena lágrima que teimava em brotar no canto de seu olho. Como ela queira seus pais ali. Sua mãe para aconselha-lá e seu pai para levá-la até o altar.

Flavia se aproximou e abraçou-a com cuidado para na amassar o vestido.

_ Eu estou aqui, não sou sua mãe, mas olhe e confie em mim como se eu fosse.

Ana forçou um sorriso para a tia no espelho. Suspirou e agradeceu aos tios por terem aparecido em sua vida.

César tinha feito questão de levá-la pelo longo tapete verde até o juiz de paz. Ana se sentia muito grata, pois ele era o mais próximo de pai que lhe restava. Talvez um dia pudesse amá-lo como um.

Flavia fez questão de convidar todos os conhecidos, inclusive, amigos que Aninha sequer ouvira falar. Ela até tentou recusar, mas diante da assertiva se Flavia de que ela era como filha, não teve como recusar.

Ana sentia o coração disparado. Era tudo o que sempre sonhou para sua vida. Podia até parecer muito cedo a decisão de se casar com dezoito anos, mas ela sentia no fundo da alma que não amaria nenhum homem em toda a sua vida.

Pensou na frase que escolheu para encabeçar o convite: "Neste dia, não nos unimos até que a morte nos separe, mas sim até que a eternidade nos una outra vez".

Enquanto finalizavam os ajustes de seu vestido, agradeceu, mentalmente, por receber a dádiva de compartilhar a vida toda ao lado de André. Nesse sentido, era maravilhoso se casar jovem, porque teriam to do o tempo para serem felizes.

Os convidados se levantaram quando Anabelle deu os primeiros passos em direção a André, apoiada por um César todo orgulhoso.

De cima do altar, André olhou para Ana. Duvidava que já tivesse visto imagem tão linda e tinha certeza que jamais voltaria a ver outra vez.

O vestido simples de tule com pequenas aplicações de renda davam à sua noiva um ar angelical. Tudo nela estava perfeito.

Enquanto caminhava o cenário parecia de filme. Pequeninas flores brancas adornavam cada vaso ao lado de cada banco da cerimônia. No altar dois outros grandes vasos, com as mesmas flores, completavam uma imagem simples, delicada e elegante.

Flávia havia contratado uma empresa de decoração, mas Ana supervisionou tudo de perto e em cada detalhe havia o seu toque pessoal. Aquele era o seu dia e ela não deixaria que fizessem algo que não fosse o que sonhara.

Ana sentia que o rosto se abria em um imenso sorriso. Minúsculas lágrimas escorriam por sua face e, graças à maquiagem bem feita, continuava impecável. Desde cedo uma equipe estava na fazenda apenas para arrumá-la.

O trajeto era curto, mas quando Ana fixou os olhos em André, percebeu que mais alguns segundos longe dele, faria com que seu coração parasse de bater. Ele estava lindo e ela sabia que nunca o vira tão belo.

André sentiu o coração bater tão forte que parecia estar em cada parte de seu corpo e um sorriso bobo e permanente ficou preso em seus lábios. Naquele instante, André não pensou que tudo fazia parte de um plano. Ele só desejou que seu padrasto andasse mais rápido para que ele pudesse tocar em Ana e perceber que ela era real.

A cerimônia não durou mais do que uma hora. Os noivos ouviam e concordavam com o juiz de paz. Todavia, nenhum deles sequer tinha noção do que estava sendo dito e as suas memórias daquele instante não passariam de flashs incompletos.

Finalmente o "pode beijar a noiva" foi dito e André buscou os lábios de Ana suavemente. Ele pensou que não gostaria de se afastar nunca mais dali. Os braços de Aninha circularam seu pescoço e ele se sentiu em casa.

Ao final da cerimônia se dirigiram para uma área externa. Lá se serviram de um delicioso brunch e receberam os cumprimentos dos convidados.

A recepção foi belíssima e combinava perfeitamente com a juventude e simplicidade dos noivos.

Antes das duas horas da tarde, Aninha abraçava Filomena e depois os tios e partiam para uma viagem pelo sul do Brasil.

Já no avião, Aninha entrelaçou os dedos nos de André e deixou que o cansaço a vencesse. Fechou os olhos, mas continuou sorrindo. Ela era muito abençoada por ter tantas coisas lindas na vida. O destino tinha sido generoso com ela.

Ao seu lado, André sentia o estômago revirar. O que estava fazendo, afinal? Ele era um homem casado e trazia em suas malas uma procuração para que Anabelle lhe passasse todos os poderes para gerir seus bens. Como podia fazer aquilo?

Pensou e pensou até sentir pontadas de dor de cabeça e não conseguia achar uma solução viável. Olhou para Ana e pensou que não podia estar apaixonado. Controlou a respiração para não acordá-la. Ali ela parecia tão indefesa e ingênua. Só podia ser pena o que sentia.

De repente lhe surgiu uma ideia. Se ela não assinasse os papéis ele ganharia tempo para pensar em outras soluções e pudesse lhe proteger o mínimo que fosse. Talvez ela aceitasse uma soma em dinheiro para ir embora. Não, ela não aceitaria deixar a fazenda, mas se tivesse tempo poderia pensar noutras possibilidades.

Sentiu o coração se acalmar e permitiu-se sentir o calor agradável que espalhava por seu corpo sempre que pensava que aquela era sua noite de núpcias. Outra possibilidade era não consumar o casamento e isto também faria com que ganhasse tempo. Todavia, só em imaginar estar com Aninha, uma felicidade imensurável permeava-lhe cada recanto da alma.

Fechou os olhos para descansar um pouco. Teriam dez dias longe de tudo e todos. Rezava para que aquele tempo lhe mostrasse alguma saída.

 Rezava para que aquele tempo lhe mostrasse alguma saída

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Amei escrever este capítulo. Usei várias coisas do meu próprio casamento, uma delas a belíssima música de Flávio Venturini, "Céu de Santo Amaro". Espero que tenham gostado.

Deixem uma estrelinha, ela é muito importante para mim e comentários para eu saber como a história esta rendendo.

Bjinhos com gosto de bem casado.

As voltas do coração [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora