Blind [MONSTA X]

How Can I Mend a Broken Heart

"Meu coração se sente sufocado e escuro

É tão difícil este sentimento de amor

2am agora, minhas emoções estão explodindo

Eu não terei você, nunca mais"

— Broken Heart, Monsta X 

≈Hoseok≈

Ouvi o som da porta do apartamento bater e respirei fundo, tentando me concentrar para não me descontrolar e fazer algo que me arrependesse. A imagem de algumas horas atrás repetindo na minha cabeça sem parar. Seu sorriso. Eles se abraçando. Eles se beijando. Sua risada. Meu coração doía no meu peito e eu apertava com força minhas mãos em forma de punhos, as unhas perfurando a minha pele causando um tipo diferente de dor, não tão poderosa como a que me destroçava por dentro. 

Kihyun havia vencido. Mais uma vez. Eu jamais teria Changkyun, e tinha que aceitar, porque por mais que ele e Kihyun um dia houvessem brigado eles estavam mais uma vez juntos, e não havia mais solução. Por que quando você ama demais uma pessoa você fica cega por ela, e Changkyun era completamente cego de amor por Kihyun. 

Suspirei, sentindo uma lágrima escorrer pela minha bochecha e sequei rapidamente com os dedos, sentindo o meu lábio tremer quando um soluço baixo escapou. Eu estava um caco e se Changkyun me visse agora, ele perceberia que havia algo de errado. 

Eu não entendia porque ele estava fazendo isso, porque ele estava mentindo para mim e porque não havia deixado o meu lado, meu apartamento. Se ele havia voltado com Kihyun, eu não era útil para mais nada, então por que ele estava ainda aqui?

Passei a mão pelo cabelo, puxando alguns cabelos, tentando achar algum controle dentro de mim, ouvia os seus passos se aproximando no corredor e me levantei do tapete. 

— Hyung? — Ele chamou da porta um minuto antes de a abrir e se revelar, o enorme urso de pelúcia em seus braços e eu senti meu coração apertar. Ele havia trago o urso. Havia trago o presente de Kihyun. Havia trago uma parte do seu amor pelo outro para dentro da minha casa. Eu não conseguia parar meus pensamentos que agiam como facadas. 

— E esse urso? — Perguntei seco e o vi sorrir, passando os dedos pela cabeça do urso como se acariciasse o pelo sintético.

— Comprei — Ele mentiu.  

— Vai dar o nome de Kihyun ou prefere Pabo-seok? — Perguntei e vi sua expressão sumir, seus olhos se arregalaram e seu corpo enrijeceu. Ele havia sido descoberto, e agora sentia medo. Ele largou o urso no chão e se aproximou de mim, mas eu recuei, esticando a mão como um aviso para ele não se aproximar e ele entendeu. 

— Eu não queria...

— O que? Não queria que eu soubesse? Por quanto tempo você achou que poderia esconder de mim ou de nossos amigos que você e Kihyun haviam voltado? Depois de tudo o que ele fez, achei que você não... achei que você houvesse percebido que tipo de pessoa ele é.

— Pessoas podem mudar.

— Nem sempre. Algumas pessoas são apenas bons atores, que escondem quem são, que conseguem fazer um show e enganar o público mostrando que são felizes, corajosos ou mesmo que te amam, mas isso não quer dizer que elas são assim de verdade vinte quatro horas por dia, ou que pelas suas costas estão fazendo coisas que podem ser vergonhosas porque não tem coragem de revelar sua verdadeira forma — Falei tudo o que corria pela minha cabeça, e quando percebi mordi a língua, eu não queria falar mais nada, não queria falar algo que magoasse Changkyun por mais machucado que eu estivesse, não ia fazer ele se sentir mal por mais que eu me sentisse intoxicado com tudo o que estava acontecendo.

Um silencio desconfortável se formou entre nós e eu me movi até minha cama, me sentando por cima dos lençóis brancos. Pela janela, a chuva começava a cair e por um momento eu pensei que o céu estava fazendo o que eu gostaria de fazer, mas não podia porque Changkyun estava presente. Eu só queria desaparecer por um momento e deixar tudo sair. 

— Está bravo comigo? — Ele perguntou quebrando o silêncio, ainda parado onde estava. Eu não precisava olhara para ele para saber que ele estava ali, ou que ele estava preocupado. 

— Não Changkyun, você tem direito a fazer qualquer coisa. Eu não sou seu pai pra te dizer o que tem que fazer ou não, você tem idade o bastante para tomar suas decisões sendo elas erradas ou não. Eu não estou com raiva, só...um pouco decepcionado — Falei respirando fundo antes de continuar, eu só queria ficar sozinho no isolamento do meu quarto —Você poderia me deixar sozinho, estou com dor de cabeça.

Eu menti, mas ele não falou mais nada, apenas saiu de cabeça baixa do meu quarto levando consigo o urso, me deixando finalmente sozinho onde os meus pensamentos se tornavam monstros para me aterrorizar.

Eu não era o bastante. Nunca fui suficiente para ele. Nunca teria o efeito que Kihyun tinha sobre ele. Eu só era o hyung idiota que havia achado que mensagens bobas em post-its iriam fazer ele se apaixonar por mim e reconhecer que meu amor por ele é puro e verdadeiro. Sou apenas um tolo apaixonado que não sabe desistir em meio a uma guerra perdida onde o oponente tem armas muito mais poderosas que um simples papel e caneta. Porque simples palavras nunca competirão com a confiança de um baixinho arrogante.

Ouvi a porta da entrada bater com a saída de Changkyun, provavelmente indo até Kihyun mais uma vez. E porque ele ficaria quando eu já havia descoberto tudo e estava em meu quarto sem querer ver a cada dele tão cedo. Eu estava sozinho, como sempre ficava no fim e sem perceber, as lágrimas começaram a escorrer por meu rosto. A tristeza havia me sobrecarregado, o melhor de mim havia sido perdido mais uma vez. Não havia nada para me segurar, não havia ninguém que me apoiasse, nenhuma luz que aquecesse o meu corpo ou que me tirasse da escuridão de minha mente. 

C O N T I N U A...