Assume que me Ama

Uma batalha vencida...

Ysabella**

Claro que não havia emprego no hotel, mas pelo menos eu tentei. Tive que perder a vergonha. Minha necessidade no momento era maior do que meu orgulho. Conversei por algum tempo com a recepcionista. Ela era legal, chamava Ingrid, uma moça morena bem pequenininha, quase não dava pra vê-la atrás do balcão. Ela disse que estavam precisando de uma vendedora numa loja de roupas na mesma rua do hotel, dois quarteirões descendo, que uma das vendedoras lá era muito sua amiga e que havia comentado com ela.

Sem perder tempo fui até a loja. Era uma loja grande, não muito chique e nem muito simples, havia roupas, calçados e acessórios para os mais variados gostos e bolso. No memento a loja estava com um movimento bom, todas as vendedoras estavam ocupadas, então entrei sem ser barrada na entrada.

Fui até o caixa e conversei com a atendente:

- Oi, boa tarde, eu gostaria de falar com a gerente!

-Oi, eu sou a gerente! O que gostaria? - A gerente era uma mulher bonita, de uns 40 anos, usava uma vestido amarelo florido bastante elegante, eu deveria ter percebido antes que ela pudesse ser a gerente, pois não se parecia em nada com as vendedoras. As outras usavam uma camiseta preta com o nome da loja bordado do lado esquerdo.

-Ah sim, que bom! Fiquei sabendo que estavam precisando de uma vendedora na loja, gosta de saber se ainda tem uma vaga!?

-Como você se chama? -A gerente me perguntou com olhos curiosos, ela parecia um pouco ofendida.

-Ysabella.

-Tem experiência com vendas?

-Na verdade não! Mas aprendo muito rápido, entendo bastante coisa sobre roupas e estilo e sei como agradar as pessoas! Também tenho grande facilidade em convencer as pessoas.

Falei com um sorriso no rosto, pois naquele momento eu precisava usar meu poder de convencimento. Ela precisava perceber que eu logo aprenderia tudo. Eu não estava mentindo, na verdade eu entendia muito sobre roupas, tecidos e combinações de looks. Minha mãe era muito preocupada com sua imagem e fazia questão de que eu me arrumasse como uma boneca.

Naquele momento eu não estava vestindo minha melhor roupa e minha fisionomia não estava muito agradável, já que eu havia chorado minutos antes. Maquiagem nem existia. Eu deveria ter me arrumado para vir. Como fui burra!

Ela me olhava, parecia estar me avaliando. Não dizia nada e eu estava começando ficar nervosa:

-Eu posso vir trabalhar todas as tardes, de manhã eu faço faculdade e não poderei vir. Posso ficar um tempo em experiência...

-Mostre pra mim o que você entende. -Ela se levantou, nem deixou eu terminar de falar e saiu andando em direção às roupas. Eu segui ela, e quando ela parou, ficou me olhando como se estivesse aguardando eu falar. Agora é a hora, mostre o que você sabe.

Fui atrás dela e conforme andávamos pela loja eu ia falando sobre os tecidos das blusas, calças, vestidos. O que combinava com o que. Quais eram as peças mais caras e as mais baratas mesmo sem saber o preço. Olhava as marcas e dizia quais as melhores. Ela nada me dizia, apenas me acompanhava e balançava a cabeça, acho que ela estava concordando.

Após meia hora andando pela loja, ela me chama para a sua sala. Uma das vendedoras estava no caixa enquanto a gerente me atendia. Todas elas nos olhavam sem entender nada.

-Ysabella não é? - concordei. -Bem estamos mesmo precisando de uma pessoa, mas não como vendedora. A moça responsável pelo estoque se casou e foi embora pra outra cidade. Tive que substitui-la por uma das minhas vendedoras. Eu estava procurando alguém para me ajudar no controle do estoque e manter a loja organizada, mas você parece ser uma moça inteligente e realmente me convenceu, por isso vou te dar uma semana de experiência e se você se sair bem, fazemos um contrato com você. Pode ser?

Eu fiquei muito feliz e tive que me segurar pra não abraçar ela. Eu não estava acreditando. Eu havia conseguido. Obrigado meu Deus!

-Pra mim está ótimo. Te prometo que vou dar o melhor de mim. Você não vai se arrepender. Quando eu começo?

- Amanhã. Está bom pra você?

-Sim, é claro!

-Otimo! Seu horário é das uma a cinco. Não abrimos nos fins de semana, pois nosso maior movimento são as universitárias.

-Esta bem! - eu disse enquanto íamos saindo do seu escritório. Me lembrei de algo importante. -Sabe de algum apartamento para alugar aqui por perto?

Ela pensou um pouco e respondeu:

- Agora no começo do ano muitos estudantes procuram apartamentos, quitinetes e vai ser muito difícil você achar alguma coisa aqui perto da Faculdade, talvez indo mais pro centro você encontre. Mas não custa procurar por aqui, pedir informações. Eu realmente não sei de nenhum.

-Entendo! Obrigado. Aliás, não sei seu nome! - conversei todo esse tempo com a minha futura chefe e nem sabia seu nome.

-Helena.

-Muito prazer Helena, e obrigado mais uma vez.

Sai da loja muito satisfeita. Um dos meus problemas estava quase resolvido. Agora eu poderia voltar para o hotel e respirar um pouco. Vou esperar pra saber do salário, antes de alugar alguma coisa. Mas se bem que aquele hotel ia acabar com todo o meu dinheiro. Amanhã eu me preocupo com isso. Por hoje, eu venci uma batalha e já estava muito contente.

Eu ia voltando para o hotel quando me lembrei que precisava comprar comida. Pelo menos o básico pra minha sobrevivência. Andei alguns quarteirões e cheguei no mercado. Fiz minha compra básica e pedi que entregassem no hotel, não era muita coisa, mas a distância até o hotel e as sacolas pesadas acabariam comigo.

A tarde passou tão rápida que nem percebi, estava tão empolgada preparando a comida, que quando eu vi já era hora da janta. Deixei a comida pronta e fui tomar um banho. A euforia da tarde havia me tirado o apetite, mas assim que comecei preparar a janta, a fome foi voltando, mas eu não queria comer com o corpo cansado.

Jantei e fui para o quarto. O dia hoje foi cumprido. Aconteceu tantas coisas que parece que faz um mês que estou aqui. Eu estava cansada e logo peguei no sono.

***