Superando...

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Ysabella**

Terça-feira.

Acordei com meu celular despertando. Pela primeira vez em duas semanas eu sentia que havia dormido melhor. Acordei com o corpo relaxado, descansado. Eu dormi bem, ou melhor, eu finalmente consegui dormir.

Me levantei da cama com uma energia admirável, eu estava disposta a encarar o novo dia. Após conseguir um emprego eu tinha certeza de que eu tinha feito a coisa certa em vir para a capital. Eu já não tinha mais dúvidas. Eu estava feliz. Não existe lugar melhor no mundo para se esquecer o passado quando se está na cidade grande, cercada de pessoas estranhas, de festas e diversão. Eu ainda não havia descoberto muita coisa sobre a cidade, mas estava pronta pra conhecer. Eu me encontraria com Karla e ela seria minha guia, as meninas da loja poderiam ser grandes amigas também e me mostrar o que de melhor havia na capital. Hoje, enfim seria o meu grande recomeço.

Tomei um banho demorado. Eu precisava estar bem, queria estar bonita para o dia de hoje, pois para mim era um dia especial. Saí do banho enrolada numa toalha e fui procurar nas minhas malas uma roupa que me deixasse bem. Eu nem desfiz as malas ainda. Preciso dar um jeito nisso. Talvez eu encontre logo um apartamento, então nem vou mexer nelas.

Encontrei um dos meus vestidos favoritos. Ele era simples mas me vestia muito bem, não era nem muito curto e nem muito longo. Era cinza com uma estampa linda, e nas laterais era preto, fazendo com que desenhasse perfeitamente meu corpo. Era um vestido leve e solto, o que era ótimo porque logo cedo já estava fazendo bastante calor. Coloquei uma sandália rasteira de cor preta. Passei uma maquiagem leve e um batom nude. Sequei meus cabelos, peguei meu material e saí.

Eu não costumo tomar café de manhã. No intervalo das aulas eu comeria alguma coisa. Do hotel até a faculdade dava uns 15 minutos de caminhada. Mesmo estando quente, o sol ainda era fraco e o vento era refrescante. Caminhar me fazia bem. Aquele era um bairro que pertencia a classe média alta, não havia muitas casas, eram mais quitinetes, e prédios. Em todas as calçadas havia bastante árvores e a movimentação dos estudantes já havia começado. Gostei tanto desse lugar, gostaria muito de continuar morando aqui para sempre.

Do lado de baixo da rua, bem em frente a loja que eu trabalharia, havia um campo de futebol. Já havia vários rapazes fazendo caminhada e outros começando os treinos. O dia começava cedo no bairro dos universitários. Eu estava começando a gostar daqui. Mais dez minutos e eu chegaria a Faculdade. Eu ainda não havia pensado em como seria meu almoço hoje, já que eu já começaria trabalhar depois da aula. Eu teria apenas uma hora pra almoçar. Hoje vou ter que procurar um restaurante, e pra amanhã vou ter que deixar a janta pronta pra só esquentar pro almoço. Talvez dê tempo de chegar em casa, almoçar e voltar. Talvez.

As aulas hoje passaram super rápido. Minha turma era grande e nenhum professor perceberia um aluno ou outro dormindo no fundo da sala. Algumas alunas me cumprimentaram, conversaram comigo durante as aulas, mas eu nem sei o nome de ninguém.

Não encontrei Karla no intervalo. Era uma pena, acho que ela não veio hoje.

No fim da aula, eu já estava saindo pelo portão quando escutei alguém me chamar. Me virei e era ela:

-Oi! Que bom ver você, achei que não tinha vindo hoje. -Eu disse dando um abraço nela.

-Pois é, me atrasei hoje na sala. Eu preciso ir, mas me passa seu número pra gente poder conversar.

Passei meu número pra ela e ela prometeu me escrever ou me ligar mais tarde. Ela parecia com pressa, se despediu de mim e foi embora. Vi quando ela entrou num carro preto e partiu. Eu precisava me apressar também, senão, não teria tempo pra almoçar. Fiz uns cálculos rápido. Quinze minutos pra chegar em casa, mais dez minutos pra chegar na loja. Ótimo, eu teria mais de meia hora pra comer. Dava tempo de chegar em casa e voltar. Preciso achar um apartamento mais perto da loja. Assim sobraria mais tempo.

Meu primeiro dia na loja foi muito divertido, o movimento era intenso, mas quando dava uma folguinha eu parava pra conversar com as meninas, Deisi, Marina, Luiza e Solange. Todas eram muito engraçadas, muito diferente do que eu imaginei no dia interior quando elas ficaram me encarando.

Ao fim do dia, minhas pernas estavam exaustas, mas eu estava feliz. Tudo estava indo muito bem. Marina me disse que no prédio que ela mora tem um apartamento pra alugar. Então assim que a loja fechou, fui com ela para o prédio. Andamos dois quarteirões em direção a faculdade e descemos uma rua. Era um prédio de uns cinco andares. Aparentemente era simples, mas muito bem conservado. Passamos pelo porteiro, que nos cumprimentou e subimos para o terceiro andar. Entramos no apartamento da Marina, ele era espaçoso, tinha uma sala grande e ela me disse que era o maior cômodo. A cozinha e a sala de jantar era pequena e havia apenas um quarto. A sacada era na verdade uma varanda grande, quase do mesmo tamanho da sala. Eu adorei. Seria perfeito um apartamento assim pra mim.

Ela guardou sua bolsa, trocou de roupa e voltou pra sala. Eu estava na varanda observando a paisagem e escutei ela falar no telefone. Acho que ela falava com o síndico do prédio.

-Daqui meia hora Ramon chega. Ele vira fala com você. Ele pareceu bastante empolgado em vir te mostrar o apartamento. Acho que você está com sorte.

-Tomara. Eu gostei muito do seu apartamento. É perfeito pra uma pessoa solteira. - Falei admirando o apartamento. Marina estava sendo muito legal comigo, eu ficaria em dívida com ela se eu conseguisse um apartamento aqui.

-Nao conheço os outros apartamentos, mas acredito que sejam todos iguais. Vou preparar alguma coisa pra gente. Eu sempre chego em casa morrendo de fome. -Ela disse e foi pra cozinha. Eu apenas sentei numa das banquetas e fiquei observando ela fazer um suco natural e arrumar a mesa com pão, presunto, queijo, requeijão e um bolo de fubá comprado na padaria.

Vendo aquilo tudo na mesa, me deu até vontade de comer. Então eu aceitei seu convite e lanchei junto com ela. Marina falou um pouco sobre a vida dela, que já havia sido casada uma vez, mas que não deu certo e ela resolveu vir pra cá pra morar com uma amiga, e um mês depois que ela estava ali, a amiga foi embora pro exterior pois havia conseguido um trabalho de modelo, então ela ficou sozinha com o apartamento. Já fazia mais de um ano que ela estava aqui. Ela queria muito poder comprar o apartamento, mas não tinha certeza, pois se um dia ela resolvesse se casar, o apartamento seria muito pequeno pra ter uma família. Enquanto ela falava eu ficava aliviada por ela não perguntar sobre mim ou a minha família. Eu ainda não estava preparada pra falar de mim com ninguém.

Perguntei quanto ela pagava de aluguel, e deduzi que gastaria quase todo meu salário ali, mas tudo bem. Eu havia gostado do lugar e naquela localização, eu não acharia nada mais barato.

Uma hora já havia se passado quando a campainha tocou. Marina atendeu, e era um homem alto, bem arrumado, com os cabelos quase totalmente brancos. Eu joguei uns 50 anos, mas ele não deveria ter essa idade, acho que ele era grisalho.

-Me desculpem a demora. O trânsito nesse horário é horrível. Então, essa é a jovem!? -Ele perguntou olhando pra mim.

-Sim. -respondeu Marina

-Ola, prazer! Meu nome é Ysabella.

-Muito prazer Ysabella, vamos conhecer o apartamento?

Saímos os três e subimos para o quarto andar. Ele abriu a porta do apartamento 101. Não sei porque usar números altos. É claro que não havia 101 apartamentos naquele prédio. O apartamento era exatamente igual ao de Marina, com a exceção de que este estava vazio. Ele me mostrou todo o apartamento, falou de como funcionava o prédio, as regras de barulhos, horários, etc. E me perguntou se eu havia gostado. É claro que eu havia gostado. Se tivesse móveis no apartamento eu já ficaria ali.

Ele me disse que voltaria no dia seguinte com os papéis para assinar o contrato, e assim que tivesse tudo assinado eu já poderia me mudar. Agradeci a ele e principalmente a Marina pela grande ajuda e voltei para o hotel. Eu novamente estava muito feliz. Quando cheguei no hotel, tomei um banho e assisti um pouco de televisão e acabei dormindo. Quando acordei já era madrugada, desliguei a TV e voltei dormir.

***

Olá,

Estão gostando?
Que menina de sorte essa Ysabella hein?
O que mais espera por ela?
Devem estar se perguntando o que aconteceu com Christian. Mas não se preocupem, logo o destino vão fazer esses dois se encontrarem novamente.

Até mais,
Débora

Assume que me Ama Onde histórias criam vida. Descubra agora