04.

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— Senhorita Dawson? 

Eu ainda o observava quando ouvi meu nome ser chamado. Desviei o olhar para o lado oposto, e vi uma mulher. Ela tinha cabelos loiros e curtos, um nariz adunco curvado para cima, e um sorriso simulado que não esbanjava tanta simpatia quanto ela queria transmitir. Ela usava um terninho elegante e caro, e sapatos de salto e de bico fino.

Max, cujo canto dos lábios ainda sorriam, torceu o nariz e apressou-se para disfarçar o ato. Rapidamente, voltei meus olhos para o final do corredor e observei o grupinho se dissipar; observei também ele arrastar a ponta do cigarro pela parede para apagá-lo — o que não foi nada higiênico —, e petelecá-lo para o lixo.

— Diretora Medsker. — Maxine saudou, monótona.

A tal diretora Medsker desviou o olhar para uma das estudantes de sua escola, e avaliou suas roupas coloridas e seu cabelo tingido. Em seguida, ela sorriu tão forçadamente que pareceu estar fazendo uma careta. Eu quis rir.

— Maxine, como vai? Vejo que decidiu mudar a cor dos cabelos. De novo.

Max sorriu satisfeita com a possível ideia de seu visual estar incomodando a mulher, e piscou um olho só. 

— Você sabe o que eu digo, diretora, ser constante é uma inconstância.

Meus lábios ergueram-se, risonhos, quando a mulher mais velha ignorou-a e virou o rosto em minha direção.

— Você deve ser Alexandra Dawson. Seu pai ligou-me para informar sobre sua matrícula. É um prazer tê-la aqui.

— Obrigada... 

— Ruth. Ruth Medsker.

— Obrigada, senhora Medsker.

— Oh, querida. — ela riu. — Você pode me chamar de Ruth. Qualquer coisa em que eu possa te ajudar, tenho certeza de que a Maxine te levará até minha sala.

Eu olhei para Max, e a diretora também. Ela ergueu os polegares em confirmação e balançou a cabeça.

— Não se atrasem para a aula.

Uau. — ela disse, ao ver Medsker se afastar. — Seu pai deve ser alguém bastante influente.

Com o corredor já vazio, alcancei minha mochila, agora cheia apenas com os livros necessários, e comecei a andar ao lado de Max.

— Por que diz isso?

— Eu não vejo Medsker chamar alguém de querida desde que a filha dela se formou.

Eu sorri, desconcertada. Ela esbarrou em meu ombro, despreocupada, e ofereceu-me um meio sorriso.

— Venha, querida, nossa sala é por aqui.

Nós subimos dois lances e meio de escada antes de Max atravessar a porta para uma sala que tinha vista panorâmica para o gramado da escola. Como uma amante da natureza e de lugares abertos, eu suspirei em pura satisfação. Max acenou com a mão para que eu a seguisse, e eu acabei me sentando na primeira carteira da última fileira, cuja parede era apenas vidro, enquanto ela ocupou o lugar atrás de mim.

— Alex, esse é Sculler.

Sculler. Que tipo de nome era esse? Este era um dos três garotos que conversava com o desconhecido do corredor. Seu cabelo era ruivo, e seus olhos eram azuis. Uma bela combinação, um belo rosto. Havia sardas distribuídas de maneira disforme ao redor de seu nariz e abaixo de seus olhos. Seu sorriso era bonito, mas na parte inferior havia um dente torto que lhe fornecia algum charme.

— É Alex, não é?

Eu concordei com o rosto, e cumprimentei a mão estendida.

— É um prazer conhecê-la. — ele disse, galanteador.

A Teoria do Caos.Onde histórias criam vida. Descubra agora