Hunter Hughes.
— Eu não consigo ajustar!
Eu estava acostumado a me sentir triste e miserável todos os dias da minha vida. No duro mesmo, eu já havia vencido as barreiras de todo aquele lance de autopiedade e passado para a fase das piadas autodepreciativas. Mas naquele exato momento, ao ver Alex rir de um modo fascinante só por não conseguir regular o capacete, eu percebi que nunca mais seria tão feliz em toda a minha vida.
Nós saímos correndo do bar em que estávamos, como duas crianças ansiosas para entrar na fila da sorveteria. Nós estaríamos bem longe de uma sorveteria, mas tenho certeza que nossa noite seria doce. Eu não queria levá-la para casa e transar, até porque ela me socaria no rosto se eu sugerisse tal coisa. Eu apenas queria tê-la no assento traseiro da minha motocicleta, com os braços ao redor de meu torso, segurando-me fortemente, e ver seus cabelos voando e apontando para absolutamente todas as direções.
Eu lhe comprei um capacete cor-de-rosa para que pudéssemos andar juntos sem preocupações, e ela adorou. Ela quis um adesivo de um arco-íris com todas as cores da comunidade LGBT, e quando eu perguntei o porquê, ela disse que era para que todos pudessem se sentir amados quando vissem a parte de trás de seu capacete. Naquele momento, eu quis beijá-la e dizer como sua alma era bonita, mas contentei-me em ajustar as correias, porque uma mulher espera que você elogie seus cabelos ou seus sapatos, mas não sua alma.
Eis que talvez Alexandra reagisse de uma forma diferente, como absolutamente tudo o que ela faz é. Simplesmente tão especial como ela própria. Talvez Dawson olhasse para mim com aqueles olhos incríveis e sorrisse, não somente com os lábios, mas também com as orbes verdes. Teria sido o máximo ver isso de perto.
Nós acabamos indo de moto até o centro da cidade apenas, e mesmo durante o curto trajeto, eu tive que ficar me lembrando que precisava focar na estrada, para não entrarmos em um acidente. Ela abriu os braços enquanto cruzávamos a ponte; e eu queria mesmo dizer para Alexandra abaixá-los, porque poderia se machucar. Mas eu queria admirá-la. Eu adorava observá-la, até mesmo discretamente quando estávamos em sala de aula, e aquela era uma visão realmente rara para ser desperdiçada. Ela gritou, e sorriu, e fez-me gargalhar e foi extraordinário.
Nós tomamos uma balsa para chegar na praia de Alki Beach, e ao contrário de absolutamente todos os outros passageiros, optamos por ficar do lado de fora, onde estava deserto e um bocado frio. Era uma noite especial, mas o vento estava gélido, e por esta razão, eu circulei sua cintura com meus braços e a prendi de costas contra mim. Dawson apoiou o corpo contra meu peito, e eu me senti muito, muito estranho. Seu cabelo tinha cheiro de rosas quando encostei meu queixo no topo de sua cabeça, e inspirei profundamente.
Ela inclinou a cabeça para trás, apoiando-se em meu ombro, e suspirou.
— Isso é tudo muito Titanic, você não acha?
Sob a escuridão da noite, eu sorri discretamente.
— Como Rose e Jack? — ela balançou o rosto para concordar. — Não, eu penso que somos mais como Heathcliff e Catherine.
Eu tive certeza absoluta de que ela entendeu a referência quando seu corpo aconchegou-se mais ao redor de meus braços. Heathcliff era atormentado, e sentia tudo tão intensamente que chegava a destruir a si mesmo e todos ao seu redor. Embora não demonstrasse tanto assim, ele se importava com as coisas mais do que deveria. Acho que temos isso em comum. Nós dois somos um bocado idiotas.
— Bem — ela encolheu os ombros. — Pelo menos você não nos colocou no mundo do crime.
Eu tombei a cabeça para trás e ri alto. Dawson era extraordinária.
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A Teoria do Caos.
RomanceGostosa. Era isso que Alex Dawson era: gostosa demais para o próprio bem. Eu me lembro exatamente de quando a vi pela primeira vez, porque sua beleza manteve minha atenção sem esforço. É piegas, e clichê, mas eu sou clichê e você também é, e tudo qu...