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                     Alex Dawson.

O mundo não para. Nunquinha. As pessoas não vão se mobilizar porque você quebrou a perna, ou porque algum parente seu faleceu. É física. Estamos em constante movimento, e às vezes isso pode ser um saco.

A realidade é que o tempo estava passando rápido demais. Eu estava começando a me preocupar com todo aquele lance de enviar cartas para as Universidades. E eu ainda estava falhando em Economia, perdendo aulas por conta de uma gripe que parecia nunca ir embora, e sendo ignorada por meu professor de Química. Ele tomou a decisão de me ignorar há algumas semanas, e eu estava bem com isso, porque Hughes estava sendo mais profissional em sala de aula do que nunca.

Suas roupas caíram no esquecimento por quase um mês, até mamãe encontrá-las na secadora durante o café desta manhã. Ela apareceu com as peças em mãos, olhando-as curiosamente.

— Tyler, você esqueceu suas roupas na secadora.

Tyler é um péssimo mentiroso, então eu previ que tudo seria bastante desastroso. Ele torceu o nariz, mas pegou as peças de roupa mesmo assim.

— Essas não são minhas.

Eu chutei sua canela por debaixo da mesa, e ouvi um gemido de dor.

— Alex! — ele repreendeu-me. — Por que chutou minha canela?

Eu rolei os olhos, impaciente. Como alguém poderia ser um gênio em Física, mas tão estúpido em outras coisas? Papai abaixou o jornal, repentinamente interessado na situação, e eu soube que estava ferrada.

— Por que chutou a canela do seu irmão, Alexandra? — uh oh, ele chamou-me pelo nome inteiro. — Há algo que queira nos contar?

— Não? — fiz uma tentativa.

— Não banque a espertinha, mocinha. De quem são estas roupas?

— Bem... — olhei para mamãe, para Tyler, e tomei as roupas de sua mão para enfiá-las na mochila. — São minhas.

— Suas? — papai indagou, desconfiado.

— Sim. Eu comprei roupas de menino porque eram legais, então escondi no meu quarto porque pensei que vocês não aprovariam.

Mamãe olhou para papai, e ele olhou para ela. Tyler estreitou os olhos, não caindo no meu teatrinho, mas voltou a comer seu cereal.

Eu sou o máximo.

— Não há nada de errado em usar roupas de meninos, querida. — mamãe disse, por fim. — Se você gosta de algo, deve usar.

— Certo, mamãe. — concordei.

Papai acabou por acreditar também, e eu senti que merecia um Oscar. Eu havia dito para Sculler que iria com meu irmão para escola durante essa semana, e ele pareceu confuso, mas acabou por aceitar.

— Você comprou roupa de meninos porque "eram legais"? — Tyler ironizou, enquanto ligava o carro.

Eu dei de ombros, e passei o cinto de segurança ao redor de meu tronco.

— Você podia ter me ajudado.

Ele balançou o rosto, e esticou o dedo para ligar o rádio.

— Eu não vou te encorajar a mentir.

Eu o encarei por mais alguns segundos antes de desviar o rosto para a janela, e observar a chuva que caía. Nós fomos em silêncio até a escola, e eu apenas murmurei um "obrigada" em despedida. Eu corri para dentro do prédio, porque a chuva caía incessante. Desviei de outros estudantes molhados para chegar ao meu armário, e inconscientemente olhei para o lado, para o lugar que Hughes sempre ficava encostado, fumando seu cigarro.

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