10.

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          Pasmem! Atualização dupla.

                Alexandra Dawson.

— Entreguem os trabalhos.

Eis que o problema, ou a solução, pode ser colocado em perspectiva se um velho clichê for citado. A vida é feita de escolhas. Por exemplo, eu, Alex Dawson, escolhi comparecer à uma festa particular no sábado, ao invés de ficar em casa. Festa essa que fez-me ingerir uma quantidade considerável de álcool e que fez-me passar mal no domingo. Curiosamente, domingo é o dia que eu faço as tarefas da escola. Deveres atrasados, revisões para testes, e trabalhos.

E, para melhorar minha situação, sintam a ironia, o clima de Seattle finalmente teve efeito sobre mim. Então eu estava de ressaca, com o nariz congestionado e um belo par de olheiras, e sem o trabalho de Eletroquímica que valia 20% da nota.

Eu encostei a testa na madeira gelada da minha mesa, visando clarear meus pensamentos, e inspirei profundamente. Hunter também não parecia ter tido o melhor final de semana da sua vida. Seu cabelo estava uma bagunça, as madeixas apontavam para todos os lados e sua barba estava por fazer, e eu pensando que ele não podia ficar mais bonito do que já era. E diferentemente de todas as outras aulas, ele não desviou o olhar em minha direção uma vez sequer. Ele evitou olhar para este canto da sala como o Diabo evitava a cruz, e eu nem sabia o motivo.

Senti uma mão leve chacoalhar meu ombro suavemente e ergui o rosto, vendo Maxine com a feição preocupada.

— Você está bem?

Passei a mão por meus olhos e endireitei-me na cadeira, concordando com o rosto.

— Está pronta para ir?

— Vá na frente. — murmurei, e joguei meu livro de Química para dentro da mochila. — Eu preciso falar com o professor Hughes.

Max deu de ombros, mas concordou com o rosto antes de atravessar a porta. Eu e Hunter éramos os únicos ainda presentes na sala de aula. Seu cenho estava enrugado de uma maneira adorável, e os lábios estavam presos em um bico concentrado.

— Professor?

Ele ergueu o rosto, distraindo-se da sua tarefa de corrigir os trabalhos que lhe foram oferecidos há poucos minutos, e, pela primeira vez no dia, olhou para mim. E, para ser honesta, eu não tenho certeza se ele gostou de fazê-lo. Ele deixou a caneta escapar de sua mão, caneta esta que bateu contra o chão e produziu o único ruído que ouvi desde que eu o chamei.

Hunter e eu curvamos nossos corpos ao mesmo tempo na intenção de pegar a caneta do chão, e acabamos por pegá-la juntos. Cada uma de nossas mãos estava em um lado do objeto, mas nossos dedos esbarravam-se levemente. Ele desviou os olhos cinzentos em minha direção, e meu corpo tremeu com tamanha intensidade que as orbes guardavam. Eu larguei a caneta em cima de sua mesa, e esfreguei as palmas suadas na calça.

— Eu não fiz o trabalho. — murmurei.

Ele inspirou fundo e passou as mãos sobre o rosto. Então, encostou as costas na cadeira acolchoada e olhou-me novamente, ansioso.

— Por que você continua complicando minha vida?

Mordi os lábios, e observei seus olhos mudarem de foco por alguns instantes.

— Eu realmente não sei.

— Bem, você está de detenção. E cumprirá as duas horas de castigo com o Sr. Abraham na biblioteca, fazendo o trabalho que já deveria estar pronto.

Olhei para o teto de gesso da sala e soltei uma lufada de ar.

— Depois do almoço? — indaguei, esperançosa.

Agora. Sem computadores, consulte livros.

Eu rolei os olhos, impaciente.

— Você não faria isso com qualquer outro aluno.

— Você não é qualquer outro aluno. — ele disse. — Você é Alexandra Dawson, de Memphis. Inferniza minha vida absolutamente todos os dias, o que é uma droga, já que temos aulas juntos em apenas três dias da semana.

Eu sorri, achando toda a situação um bocado bizarra e divertida, e apoiei ambas as mãos na mesa, curvando-me sobre a madeira.

— Continue, professor.

Seus olhos brilharam, inquietos, e ele decidiu seguir o exemplo. Ele curvou-se sobre a mesa, ficando ainda mais próximo de meu rosto.

— Você se acha boa demais para fazer todos os trabalhos, e os deveres. E passa a aula inteira olhando-me, ao invés de prestar atenção no que deveria lhe interessar.

Meu sorriso alargou-se, e curvei-me ainda mais em sua direção. Ele apoiou o polegar em meu queixo, esticou o dedo indicador e acariciou as maçãs de meu rosto. Eu quis me jogar em cima dele quando as orbes cinzentas desviaram-se para meus lábios. Eu os prendi entre os dentes, e pude ouvi-lo inspirar profundamente.

— Você está errado, professor. Eu presto atenção no que me interessa. — assoprei as palavras, e olhei-o sobre os cílios longos.

Eu estava perto o suficiente para acompanhar em câmera lenta o esgar do canto de seus lábios, e ver uma covinha formar-se do lado esquerdo de sua bochecha. Maldito.

Três horas de detenção. — ele sussurrou, e olhou-me. — E eu estarei lá.

Afastei-me, sorrindo secamente, e alcancei minha mochila no chão.

— Dane-se.

— O que disse?

Apoiei-me na batente por alguns instantes e virei o rosto em sua direção.

— Eu disse: dane-se.

OI, atualizei duas vezes porque são pontos de vista diferentes que não devem se misturar, e são duas partes pequenas que estavam me atrapalhando. Espero que gostem.

A Teoria do Caos.Onde histórias criam vida. Descubra agora