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                     Hunter Hughes.

Gostosa. Era isso que Alex Dawson era: gostosa demais para o próprio bem. Lembro-me exatamente de quando eu a vi pela primeira vez, porque sua beleza manteve minha atenção sem esforço. É idiota, e clichê, mas eu sou clichê e você também é, e tudo o que importa é que quando nossos olhares se cruzaram pela primeira vez, eu senti a vida olhar para nós e sorrir, dando-nos sua bênção. Porque ela parecia um anjo. Um anjo com seus cabelos negros como o céu negrume em contraste com a pele branca, e olhos tão verdes quanto uma campina em um dia de primavera. Seus lábios carnudos rosados e tão bem desenhados que pareciam pintados; seu corpo escultural escondido por baixo de uma calça jeans justa que realçava o belo traseiro que ela tinha. Porra... Ela era linda.

E minha aluna.

Quando entrei na classe para dar aula para o quarto ano do ensino médio, eu quis olhar para o céu e rir, e amaldiçoar Deus por estar brincando comigo mais uma maldita vez. E não poder tê-la estava me matando lentamente todos os dias, porque eu estou atraído por Dawson em maneiras que não posso explicar. E para piorar absolutamente tudo, ela estava tão curiosa sobre mim quanto eu estava sobre ela.

Mas então, quando eu pensei que estávamos no auge de nossa atração ilegal e prestes a começar a nos agarrar pelos corredores às escondidas, ela beijou Sculler e isso causou-me uma dor de cabeça maior do que eu imaginei que seria. Eu não estava realmente apaixonado, mas eu senti algo como curiosidade.

Eu sei que é antiético, e não preciso de alguém me lembrando de um fato que ronda minha cabeça 24h por dia. Alguém como Sculler, que insiste em encher a minha paciência sobre todos os contras, apesar de também dizer os prós.

E embora eu queira beijar cada milímetro de sua pele, e torná-la minha garota, eu preciso ouvir a voz da razão, porque não sou mais um rapaz inconsequente de dezessete anos que apenas vive o momento. Eu deveria escolher entre Alex e meu emprego, e se eu fosse demitido por me envolver com uma aluna menor de idade, certamente todas as portas se fechariam. Eu adoro lecionar, e não me sinto tão atraído por ela a ponto de desistir de meu trabalho.

É bem simples, na verdade. O plano era ignorá-la e tratá-la com indiferença, e esquecer seu corpo, e seus lábios, e seus olhos bonitos. Mas é claro que ela não facilitaria para mim, com seu sorriso doce e língua afiada. Um fato vergonhoso é que não consigo raciocinar corretamente com a cabeça de cima quando estou ao seu redor, e isso me faz cometer erros estúpidos, como por exemplo aceitar supervisionar sua detenção e ficar 3 malditas horas preso no mesmo local em que ela.

Bem, pelo menos o senhor Abraham estaria lá também.

Quando eu a ouvi dizer "eu disse: dane-se", quis tombar minha cabeça para trás e gargalhar com fervor, dado ao simples fato de que duas noites atrás as mesmas palavras tinham atravessado meus lábios. Nós éramos malditamente iguais, e eu ainda não estava certo se isso era bom. Sculler disse que somos explosivos, e tudo que eu pude fazer ao ouvi-lo dizer tal coisa foi fantasiar sobre como seria nosso sexo.

Eu a encontrei na biblioteca, sentada na cadeira de uma mesa isolada lendo um livro intitulado Eletroquímica: princípios e aplicações. Mas se o vigia da biblioteca visse que ela estava passando o dedo indicador na língua e virando as folhas, estaria encrencada.

Aproximei-me e coloquei calmamente todos os trabalhos que precisavam ser corrigidos em cima da mesa em que ela estava, sentando-me na cadeira livre, que felizmente era do outro lado.

— Pare de passar saliva nos livros, ou vai se encrencar. — adverti.

Alex olhou-me por cima do livro com insolência, molhou o indicador na língua e passou para a próxima página. Eu estreitei os olhos ao vê-la me ignorar deliberadamente, e decidi focar em outra coisa além de sua língua e boca rosada. E sua desobediência. Alcancei uma caneta em minha mochila e comecei a corrigir os trabalhos.

A Teoria do Caos.Onde histórias criam vida. Descubra agora