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Nós limpamos a casa por horas. Ajeitamos a sala, a cozinha, a sala de jantar e terminamos de arrumar nossos respectivos quartos. Eu guardei as roupas de todas as caixas restantes e enfileirei os livros por ordem de tamanho nas prateleiras da estante. Tyler dizia que eu tinha TOC, mas eu era apenas organizada. Então, comecei a decorar meu quarto. Eu pendurei alguns posters vintage nas paredes. Havia um da NASA com os dizeres "Explore o universo", e um de Marilyn Monroe em tons de azul e vermelho escuro.

Alcancei então meu cavalete, que agora suportava minha tela com pinceladas incompletas. Minha paleta estava manchada de muitas cores intensas e vivas, mas em sua maioria preto, branco e cinza. Na arte eu encontrei independência e satisfação. Eu poderia criar o que quisesse, porque aquele era meu mundo e o de mais ninguém. Poderia descontar minhas frustrações e dar vida aos meus pensamentos, e isso era tudo.

Eu pintei até meus pais chegarem em casa. Papai primeiro, mamãe uma hora mais tarde. Nós encomendamos comida tailandesa e jantamos em meio à risadas e conversas. No dia seguinte, arrumei-me para o segundo dia de aula. Era curioso o fato de uma escola tão grande e organizada como WEST SEATTLE HIGH SCHOOL autorizar o uso de roupas normais. Eu pensei seriamente que teria que usar uma saia de ninfeta e blusa de botões com uma gravata.

Quando desci as escadas para o café, descobri que papai tinha saído mais cedo para resolver algo na empresa. Enquanto eu tentava arduamente fazer Tyler calar a boca sobre seu novo projeto de física e comer minha torrada com geleia ao mesmo tempo, nós ouvimos buzinas do lado de fora de casa.

— Estão esperando alguém?

Engoli a torrada e neguei com o rosto ao mesmo tempo que Tyler. Nós três andamos em direção à porta, mas mamãe que abriu. Sculler estava encostado em seu carro e conversava no celular com alguém, risonho.

Tyler puxou a ponta do meu cabelo, eu gemi um "ai!" enquanto ele apontava para frente com uma careta.

— É aquele cara de ontem. Você me disse que eram só amigos.

Mamãe tinha as sobrancelhas franzidas, mas sorria. Pus-me à andar em direção ao garoto ruivo que parecia mais um pimentão, já que usava uma camiseta vermelha que combinava não somente com o carro, mas com seus cabelos. Quando já estava próxima o suficiente, ouvi o resto de uma conversa, onde Sculler parecia verdadeiramente entretido e a segunda pessoa dizia algo furiosamente, algo como "é melhor você sair daí agora, Thompson".

— Bem, ela está se aproximando. — ele sussurrou algo como "e está usando uma calça que realça aquele maravilhoso traseiro..."

— Sculler? — indaguei, minhas sobrancelhas erguidas.

Ele desligou o celular e o enfiou no bolso frontal da calça, que por sinal era bastante larga comparada à calça do professor Hughes. Eu torci o nariz. Por que diabos eu o comparei com meu professor de química?

— Está tudo bem? Você está fazendo uma careta.

— Está. — disse, incerta. — O que veio fazer aqui?

— Eu vim te buscar. — seus olhos sorriram. — Para a escola. Pensei que não teria problemas.

Eu sorri torto.

— Eu sei que disse que gostei do seu carro, mas não era para tanto. — seu peito tremeu com a risada. — Espere um segundo, vou pegar minhas coisas.

Andei até mamãe e dei de ombros.

— É um colega de escola oferecendo carona. Eu apresento vocês qualquer hora.

Tyler cruzou os braços.

Eu te levaria para a escola.

Eu ajeitei minha mochila no ombro e alcancei o resto de minha torrada.

A Teoria do Caos.Onde histórias criam vida. Descubra agora