Capítulo 36

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Acompanhei Celeste até o centro da cidade, passamos o dia fazendo algumas compras, só paramos para almoçar em um restaurante. Por alguns momentos parecia que tínhamos voltado no tempo, com aquelas conversas leves e momentos legais, despreocupados de tudo ao redor.
- Para que tudo isso?- Perguntou Celeste olhando as várias coisas que eu ia comprando, Rubie havia deixado uma lista com tudo detalhado.
- Pergunte para a doida da sua prima, me faz gastar minha folga comprando coisas para ela.
Celeste sorriu e olhou para baixo, depois perguntou:
- Para onde vamos agora?
- Hã... joalheria.- Falei olhando a lista. Por que Rubie estava me fazendo comprar tudo que estava na moda no Rio? Não era mais fácil ela esperar chegar lá?
Fomos para a joalheria e comprei os brincos que Rubie queria. Parei por um momento na parte das alianças, eu e Rubie nunca chegamos a usar nada que simbolizasse nossa união mas... Não seria certo comprar algo assim para ela, Rubie poderia interpretar errado. Olhei para trás e vi Celeste experimentando alguns brincos, já usamos anéis de compromisso e talvez um dia eu dê um desses para ela... Sorri pensando nisso.
Como por enquanto isso seria um pouco demais, decidi comprar um colar para ela sem que percebesse, fazia muito tempo que eu não a presenteava.
Terminamos tudo e fomos para a rua, mas assim que saímos da loja escutamos um trovão. Olhei para cima e vi o céu escuro, iria dar uma chuva daquelas, o tempo mudou de uma hora para a outra.
Fomos rápido até onde tínhamos estacionado o carro, mas quando chegamos lá não havia nada.
- Como assim? O carro foi guinchado?- Perguntei para um homem que estava multando outros carros.
- Sim, o senhor o estacionou em frente a garagem de uma pessoa que precisava da passagem, ligaram para o guincho já que estava demorando demais. Pode resolver as coisas por esse número e aqui está a multa.
- Mas que merda, a Cíntia vai me matar!- Falei.
- Depois a gente se resolve com a Cíntia, agora temos que nos apressar porque a chuva já está começando.- Disse Celeste enquanto sentíamos os pingos começarem a cair. Corremos com dificuldade por causa das coisas que carregavamos, achamos uma loja que estava fechada mas que tinha uma parte coberta e ficamos ali. A chuva começou com força total.
- Estamos encharcados...- Falei passando a mão no meu cabelo que pingava. Olhei para Celeste que estava com um camisa branca e que ficou transparente conforme se molhou, ela se olhou e cruzou os braços envergonhada, desviei o olhar meio sem jeito.
- Vou ver se consigo um Uber...- Falei tentando disfarçar um pouco para não deixa-la constrangida.
- Ok...
Celeste se dirigiu um pouco mais para frente e ficou observando a chuva, talvez para não ter que ficar de frente para mim. Aquilo me lembrou o dia em que a pedi em namoro, estava chovendo muito também e tivemos que ficar um bom tempo juntos esperando parar, Celeste tremia de frio naquele dia então a abracei e tentei aquece-la já que não estava tão molhado, meu coração disparava e eu estava com medo da resposta que teria, mas tomei coragem e me declarei. O sol começou a sair e a chuva a parar enquanto ela dizia o sim.
A olhei pensativo e peguei a caixinha no meu bolso
- Talvez esse não seja o melhor momento mas... eu queria te dar isso.
Me aproximei dela, Celeste olhou para minha mão e sorriu assim que abriu a caixinha.
- É lindo, John... Mas eu não posso aceitar.
Ela dizia isso por causa da Rubie.
- Por favor, aceite... Estou te dando porque você é uma pessoa muito especial para mim e quero que se lembre disso.
Seus olhos azuis expressivos encontraram os meus, ela está pensativa mas aceitou. Virou e segurou seu cabelo loiro enquanto eu colocava o colar nela. Pegou ele nas mãos e sorriu enquanto agradecia com sua voz doce.
- Você... Se lembra do que eu disse no começo do ano?
Ela se virou para mim mas não disse nada.
- Está acontecendo, eu e Rubie estamos nos separando...- Afirmei, tentando não deixar transparecer como isso estava mexendo comigo. Ficou pensativa e calada.
- Sei que a espera foi longa, mas nós finalmente vamos poder resolver as coisas entre a gente, Celeste.- Falei passando a mão no seu cabelo.
- Isso ainda me parece errado... Você ficou com a Rubie.
- Eu sei, mas tudo o que tivemos vai deixar de existir. Não há mais sentimento entre nós dois...
Celeste não conseguia me encarar, parecia confusa.
- Rubie vai se mudar e eu pretendo ficar... Mas preciso saber, você sente algo por mim? Me daria essa chance ou tudo o que um dia tivemos deixou de existir?
Ficamos uns instantes em silêncio, seus olhos brilhavam.
- Você sabe que sinto... todo aquele sentimento de antes está aqui intacto... Volto a ser aquela garota de 16 anos quando estou com você, mas tenho medo John.
- Não precisa ter medo, Celeste. Eu voltei, ficamos tanto tempo esperando um ao outro... Tivemos a chance de nos reencontrar, só preciso que você me aceite de volta.
Depois de uns instantes pensando, ela disse com o mesmo olhar de quando aceitou namorar comigo.
- Eu aceito...
A chuva começou a parar e as nuvens a se dissiparem. Me aproximei dela, desejando voltar ao passado, mas assim que estava próximo de beija-la Celeste colocou o dedo na minha boca e disse:
- Te aceito... Mas você ainda é o namorado da minha prima, resolva as coisas com a Rubie primeiro. Depois vemos o que o futuro nos reserva...
Abaixei a cabeça desapontado. Nesses últimos tempos eu não conseguia ficar com ninguém de verdade, talvez seja porque só tenho mulheres complicadas na minha vida.
- Ok... vou me resolver rápido. Eu juro!
Celeste sorriu para mim e se aproximou, encostando a cabeça no meu peito, nos abraçamos mesmo estando molhados pela chuva.
- O Uber chegou... acho melhor você cruzar os braços de novo.- Falei assim que nos afastamos, Celeste tinha até esquecido dessa parte.
Um pouco depois que chegamos em casa recebi uma mensagem do Miguel, me convidando para ir em algum bar só para beber um pouco e jogar conversa fora. Topei e fui de encontro a ele.
Quando o encontrei não consegui segurar o riso vendo o curativo no nariz.
- Isso! Ri da desgraça alheia mesmo!- Disse ele.
- Foi mal, mas é engraçado. Anda perdendo o poder, cara. Está se rebaixando a beijar bolas agora?
- Pode zoar mas eu quase consegui beijar a Bárbara, falto isso aqui ó!- Falou ele fazendo um sinal com a mão.
- Então acho que o Justin tem que começar a se preocupar.
- Também acho! Ela está quase cedendo, mais um pouco e eu consigo.
Pedimos algumas bebidas e íamos conversando sobre algumas coisas aleatórias, mas Miguel ficava voltando no assunto da Bárbara direto.
- Eu estou pensando em comprar outra coisa para a Bárbara que não seja jóias, fica meio repetitivo, sabe?
- Não, porque não tenho grana para comprar jóias toda hora. Acho que nem se tivesse compraria direto.
- É só para agradar, mas as mulheres também enjoam fácil.
- Sei... e quando elas forem para o Rio? Falta pouco agora.
- Andei pensando nisso também, eu e o Justin não iriamos conseguir continuar com a aposta... Se bem que eu estou pensando de passar um tempinho lá no Rio de Janeiro.
- Passar um tempinho? Vai se mudar com elas?
- Não me mudar, só passar uma temporada. A Bárbara não conhece tudo lá do Rio, poderia mostrar mais lugares para ela.
Olhei para o Miguel o analisando.
- Quem diria... Você, apaixonado?
Miguel me olhou espantado.
- O que?! Não! Eu não estou apaixonado!
- Não, imagina... Só está pensando em se mudar para ficar perto de uma garota.
- Não é por isso...
- Sei! Compra presentes, vive pensando e falando dela, parou de ficar com outras garotas...
- Isso é mentira, eu fiquei com três mulheres no evento de djs!
- O evento aconteceu antes da gente conhecer a Bárbara e já faz uma década!
Miguel abriu a boca para contestar mas não tinha o que dizer.
- Eu só gosto dela...- Falou por fim.
- Não tem problema em se apaixonar, cara!
- Mas eu não posso estar apaixonado... e minha liberdade? Sou muito novo pra me prender!
- Agora está falando igual o Justin. Olha Miguel, gostar de alguém assim não é ruim, na verdade é ótimo principalmente quando se é correspondido! Mas se você ficar pensando que vai se prender, vai acabar deixando muita chance escapar. Chances que teria com a Bárbara, não se esqueça!
- Quer saber? Depois eu penso nisso, não quero esquentar minha cabeça agora... Talvez você esteja errado sobre isso!
- Ou talvez eu esteja certo sobre isso!- Eu disse sorrindo.
- É, que seja! Vamos beber!- Falou Miguel levantando seu copo, brindamos e continuamos a conversar.

Namorado de Mentirinha (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora