Capítulo 46

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Rubie agora estava completando quatro meses de gestação, sua barriga era pequena e redonda, mas já dava para ver que estava grávida e seus enjoos finalmente haviam passado. Iria ver o sexo da criança na próxima semana, mas ela chamava tanto de a bebê que todos nós já estávamos quase convencidos de que seria uma menina.
Ela estava assistindo a uma série no nosso quarto, cheguei e me sentei ao seu lado, passando a mão em sua barriga.
- Está ansiosa para semana que vem?
- Nem tanto, só vou escutar o que já sei!
- Sua tranquilidade me impressiona... Por que não deixamos as coisas mais interessantes?- Perguntei.
- Como assim?
Mostrei para ela o que tinha acabado de comprar, dois pares de sapatinhos de bebês, um azul e o outro rosa.
- Considerando a sua forma diferente de me contar que estava grávida... Achei legal esse ser o primeiro presente da bebê ou do bebê.
Rubie me encarou.
- O que? Não podemos apostar? Você diz que é menina mas eu ainda tenho minhas dúvidas...- Falei mais para provoca-la, até eu acreditava que seria menina.
- Uma aposta?- Perguntou interessada.
- Sim, se for menina você me pede o que quiser!
- Tipo um jantar? Estou morrendo de vontade de comer lagosta!
- Ótimo, se for menina te pago um jantar e se for menino ganho uma semana das suas massagens.
- Uma semana? Não está querendo demais, não?- Disse ela rindo.
- Claro que não! A não ser que esteja com medo de estar errada...
Ela me encarou e estendeu a mão.
- Está apostado!
E assim os dias foram se passando, Rubie iria fazer o ultrassom hoje e eu estava doido para ir com ela, mas acabei ficando preso no trabalho.
- Então hoje vão saber o sexo do bebê?- Perguntou Enzo enquanto arrumava alguns papéis.
- Sim, Rubie acha que é uma menina e eu também. Ela só ficou mais animada com a gravidez depois que conheceu a Lizi!
Enzo sorriu satisfeito e disse:
- Minha princesa realmente encanta a todos, não sabia que ser pai era tão bom...
Ele me olhou e eu sorri.
- Você também parece estar bem empolgado, John. Já se acostumou com a idéia de ser "pai"?
- Engraçado, mas já! Estou até ansioso para que nasça logo, nunca tive um contato com crianças como vou ter com essa bebê... ou esse bebê- Corrigi.
Começou a entardecer e eu fui para casa já imaginando a reação da Rubie, se for menina ela com certeza vai jogar na minha cara por décadas que acertou, mas eu nem me importo. Só queria vê-la feliz.
- Cheguei, Rubie!- Falei entrando no quarto, ela não me respondeu e o meu pisca-alerta já acionou. Olhei para a Rubie que estava bem quieta, me aproximei dela e perguntei:
- Você está bem?
Ela negou com a cabeça.
- Por que? Como foi a consulta, está tudo bem com...- Já não sabia mais como chamar a criança.
Rubie continuou olhando para seus dedos, pegou os sapatinhos que estavam na mesinha de cabiceira e me entregou o azul.
- É um menino, então? Bom, eu sei que não era o que você queria mas...
- Não, John!- Ela finalmente falou e eu parei.
- Não é um menino... São dois!
- O que?!- Falei espantado.
Nos olhamos e eu perguntei:
- Você está grávida de gêmeos?
Rubie respirou fundo e disse:
- Estou... O médico falou que está tudo bem com eles e que estão crescendo em um nível saudável.
- Mas?
- Mas eu não queria dois meninos, John! Poxa, nada mais acontece do jeito que eu quero, a menina que eu tanto queria foi transformada em menino e dividida em dois!- Falou ela alarmada.
Pensei um pouco e disse:
- Essas coisas não se podem controlar, Rubie. Talvez esse seja o jeito da vida te mostrar que você não pode controlar e planejar tudo.
Ela apenas balançou a cabeça sem me olhar nos olhos.
- Espero que a felicidade que você estava sentindo pela gravidez não desapareça... Sei que é dificil, mas veja isso como se você estivesse sendo abençoada em dobro.
Mais um momento de silêncio até ela dizer:
- Eu quero ficar sozinha, John.
Olhei para ela uma última vez e me levantei para sair, mas quando estava prestes a fechar a porta vi Billy pular em cima da cama e se aproximar dela.
- O que você quer, pulguento? Desce!
Ele não se importou e continuou a se aproximar, olhou para ela como se quisesse dizer algo e se deitou com a cabeça em cima da barriga dela. Rubie pareceu surpresa com aquilo e eu também fiquei, Billy nem gostava de se aproximar dela.
Rubie foi abaixando a mão cuidadosamente e fez carinho nele, depois vi um sorriso se formar nos lábios dela devagar.
- Você vai gostar deles?... Também acho que vão te adorar, por mais que você seja irritante as vezes. Só não podem te confundir com um ursinho de pelúcia!
Eu também sorri com a cena, fechei a porta com cuidado para ela não perceber que eu estava vendo e deixei Rubie pensar.
Quando subi de novo ela estava cochilando, me deitei ao seu lado mas ela acabou despertando.
- Desculpe, não queria te acordar...
- Está tudo bem, já descansei.
- Você está melhor?
- Sim... Pude pensar direito nas coisas e acho que você tem razão. Só preciso me acostumar com a idéia de ter gêmeos. Foi um baque!
- Você vai ver como vai dar tudo certo, serão sorrisos em dobro, amor em dobro...
- E fraldas sujas em dobro, choro em dobro!- Rubie sorriu- Mas eu quero estar preparada para tudo.
A olhei com carinho e acariciei seus cabelos.
- Essa é a Rubie que eu conheço...
Ela também me olhou, mas perguntou:
- Eu vou ter que te fazer massagem em dobro?
Eu ri e falei:
- Ah, eu não dispensaria, não! Mas como sou bonzinho deixo você fazer só uma semana... e ainda pago o nosso jantar.
- Por que? Eu perdi a aposta!
- Eu sei... Mas não quero que meus "filhos" nasçam com cara de lagosta!
Rubie fez uma careta e falou sorrindo:
- Verdade, temos que pensar no futuro deles, não quero que nossos filhos sejam dois solteirões porque parecem uma lagosta!
Ela falou nossos filhos sem colocar aspas ou ênfase e isso fez com que uma pequena explosão de alegria surgisse dentro de mim, mesmo eu não sabendo muito bem o porquê daquilo me deixar feliz.
Ela se deitou no meu peito e encostou a barriga em mim, mantive uma mão em seu cabelo e a outra sobre a barriga, como se estivesse fazendo carinho nos três.
Continuamos naquele momento até Rubie erguer a cabeça.
- O que foi isso? Você sentiu?
- Senti o que?
- Foi bem aqui e... De novo!- Disse ela passando a mão na barriga. Coloquei a mão também e senti um leve movimento, eu e ela nos olhamos como dois bobos.
- Um deles está chutando?- Perguntou Rubie, ainda sem acreditar.
- Está! Que incrível!- Falei surpreso.
- Desse lado! Desse lado!
- Agora é o outro?
- Sim... Parecem gostar da sua voz!
Sorri e continuamos a ver eles se movendo e chutando, Rubie parecia maravilhada e eu mais ainda de estar podendo viver esses momentos com ela... e logo mais com eles.
No dia seguinte estávamos de folga, era domingo e iriamos aproveitar um pouco. Talvez comer a lagosta que Rubie tanto queria. Ela foi se arrumar e logo depois eu fui tomar banho.
Sai do banheiro de toalha para pegar uma peça de roupa que eu havia esquecido. Rubie estava sentada na cama já pronta, enviando mensagem para alguém.
- Você conhece algum lugar que vende lagosta, John?
- Não, mas qualquer coisa a gente pesquisa na Internet ou pergunta para o Miguel.
- Será que a gente também acha algum lugar que serve feijoada?
- Você quer feijoada ou lagosta, Rubie?
- Eu não posso comer dos dois?
- Quer passar mal, é? Não seja gulosa!
Rubie ficou me olhando de uma maneira diferente, descendo os olhos.
- O que foi?
- Nada, não!
Continuei procurando a roupa que queria, Rubie se levantou e perguntou:
- O que tem de mal em ser gulosa de vez enquando? É bom para aproveitar a vida!
- O ruim é aproveitar demais e depois interferir na saúde dos bebês.
- Eu nunca faria nada que pudesse prejudica-los
Me virei e só agora percebi que Rubie estava bem próxima de mim.
- Hã... que bom! Espero que continue com esse pensamento para não fazer nada errado.
- E o que seria errado?- Perguntou ela me olhando com algo a mais no olhar.
- Não sei... muitas coisas.
Ela colocou as mãos na minha toalha e perguntou:
- Eu fazer essa toalha cair, seria algo errado?
Seus olhos estavam cheios de desejo e eu perdido no que estava acontecendo. Oi? Rubie estava mesmo dando em cima de mim? Que parte da história eu perdi?
- O que disse?- Perguntei só para ter certeza.
- Você me escutou... Essa toalha cair, seria algo errado?- O tom de voz dela sensual estava me enlouquecendo e saber que minha toalha facilmente iria para o chão, só me atiçava mais.
Não pensei se era errado ou não, apenas a puxei para mim e a beijei com vontade, ela correspondeu com mais vontade ainda. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas também não me importava e esse era o problema, nem o fato das coisas estarem uma loucura mudava o meu desejo
O beijo estava ficando mais intenso, estávamos quase nos direcionando para a cama, mas Rubie me deu um tapa do nada.
- Ai! Por que fez isso?
- É que... A gente precisava parar! Você é o John!
- Eu sei quem sou! Você não podia falar que queria parar?
- Minha boca estava ocupada. Digo... Só esquece o que rolou- Se virou meio desnorteada.
- Rubie...
- Eu disse para esquecer, John!
- Ok, mas... Me devolve a toalha?
Ela olhou para suas mãos e ficou surpresa, jogou a toalha para trás sem me olhar e entrou no banheiro.

Namorado de Mentirinha (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora