Namorado de Mentirinha (Revisando)

Capítulo 37

Falta uma semana para a ida das garotas para o Rio de Janeiro, eu e a Rubie não nos desgrudavamos enquanto não tinha ninguém de platéia, saber que ela estava indo embora era como perder uma parte de mim.
Justin também estava chateado, não conseguiu chegar aonde queria com a Megan, já Miguel teria tempo de sobra para continuar tentando com a Bárbara, indo junto com elas.
- Isso é muito injusto, não vou pagar a aposta caso você fique com a Bárbara no Rio!- Dizia ele enquanto jogávamos vídeo game na casa do Miguel.
- Devia, eu vou ter vencido honestamente.- Comentou Miguel.
- Mas estou em desvantagem! Se eu tivesse grana pra ir para o Rio também...
- Justin, você não tem dinheiro nem para ir ali na esquina, que dirá para ir no Rio de Janeiro.- Falei.
Justin começou a me atrapalhar para perder a partida.
- Sai fora, idiota! Eu vou perder!- Eu disse tentando me concentrar.
- Continua! Continua!- Falou Miguel aproveitando a chance- Ganhei! Uhu!
- Besta! Isso foi trapaça.
- Não importa, passa pra cá o controle!- Disse Justin pegando o controle da minha mão.
Meu celular começou a tocar, olhei no visor, era a Rubie.
- Oi, Rubie! E aí, tudo bem?
- Onde você está?- Disse ela rápido.
- Estou aqui na casa do Miguel, Justin também está com a gente. Por que?
- Preciso de você.
- Aconteceu alguma coisa?- Perguntei.
- Só...Vêm pra casa! Preciso muito, muito mesmo de você...
Ela parecia bem aflita ao celular e aparentava ser coisa séria, isso me deixou preocupado também.
- Ok, eu já estou a caminho.
Desliguei o celular e me levantei.
- Rolou alguma coisa?- Perguntou Miguel.
- Não sei, mas a Rubie estava estranha ao celular, melhor ver o que aconteceu. Você vem, Justin?
- Vou ficar mais um pouco, mano. Depois eu vou!
- Tá, até depois.
Me dirigi rápido até em casa, parei um momento apenas para conversar com a Celeste, nossos olhares e sorrisos agora eram cheios de segredos. Depois subi até o quarto, entrei e vi Rubie estremecer assustada.
- Você me assustou! Por que demorou tanto?
- Eu vim o mais rápido que pude. O que houve? Você está com uma cara péssima!- Falei e ela estava mesmo.
Rubie me olhou totalmente angustiada e preocupada, passava a mão no rosto e ficava andando de um lado para o outro.
- John, aconteceu uma coisa muito grave...
- Então, me fala! Está me deixando preocupado!
- É que... Eu...- Ela se aproximou de mim sem conseguir me encarar, mas logo depois se afastou dizendo aflita - Não posso! Não posso! Não consigo dizer isso! Meu Deus, o que vou fazer?
Fui até ela, a segurei pelos ombros e fiz olhar nos meus olhos.
- Rubie, está tudo bem... Pode ficar tranquila, respire fundo e me diga com calma o que aconteceu.
- Não dá...- Falou com a voz trêmula depois de respirar profundamente. Olhei em volta tentando achar uma solução.
- Bom... Você podia me dar uma dica! Qualquer coisa que me ajude a entender, me diz uma palavra ou aponte alguma coisa referente. Só tente me explicar!
Rubie olhou em volta, ela estava pálida e um pouco trêmula. Nunca tinha visto ela assim, até seus olhos eram de pura preocupação, depois de uns instantes, Rubie fitou seus sapatos que estavam no chão.
- Sapatinho!- Disse convicta e me encarou.
Fiquei perdido, não tinha conseguido entender nada.
- O que?
- Sapatinho, John!
- Sapatinho... Por acaso aconteceu alguma coisa com seus saltos? Billy estragou outro? Não conseguiu comprar o que queria?... Se você me fez passar toda essa aflição por causa de um sapato eu vou ficar muito...
Rubie começou a espernear, colocou as mãos em minha direção como se quisesse me estrangular e disse nervosa:
- Não, John! Não tem nada haver com meus sapatos, antes fosse! Seria bem melhor!
- Mas então, o que raios significa sapatinho?- Falei sem paciência.
- Sapatinho! É tão fácil!
Rubie suspirou e andou de um lado para o outro mais uma vez. Estava em desespero, se aproximou de mim e disse colocando as duas mãos sobre a barriga:
- Sapatinho!!
Paramos, fiquei olhando para sua barriga e para ela, no começo não entendi, mas então a ficha caiu como um prédio desmoronando sobre mim.
Grávida?!
Fiquei sem reação, paralisei, as palavras não vinham e minha cabeça girava. Como isso estava acontecendo?
Rubie, percebendo que eu tinha entendido se deixou dominar por sua angústia, seus olhos estavam vazios e sua feição triste. Se guiou até a cama, se sentou e ficou olhando para a janela enquanto abraçava suas pernas. Eu ainda a estava olhando, percebi que também precisava me sentar, não estava muito bem, me guiei tropeçando nos benditos sapatos dela e me sentei no poltrona. Na minha cabeça passava mil coisas enquanto eu olhava para o vazio.
Nem sei quanto tempo ficamos assim, mas só fomos tirados do devaneio por alguém batendo na porta. Era a Cíntia.
- Licença, estão perguntando se vocês vão jantar em casa hoje ou... Nossa, está acontecendo um enterro aqui? A cara da Rubie está mais feia que o natural!
- Ah... Sai daqui Cíntia ! Ninguém está com animo para te aturar!
- Tá bom, nervosinha! Mas se eu fosse você ajudava seu namorado, parece que paralisou! John, você está bem?
Eu estava em outra dimensão no momento, uma dimensão com muitas mamadeiras, fraudas e chupetas que era extremamente assustadora. Fiquei sem resposta.
- É prima, ele tá mal. Se quiser eu levo ele lá para o meu quarto pra cuidar dele.- Disse Cíntia provocando.
- Eu... Mandei... Você... Sair!!- Dizia Rubie enquanto atacava os travesseiros da cama na Cíntia com toda a força.
- Ai! Para! Eu hem? Já estou saindo, que estresse!
Cíntia fechou a porta e só agora voltei para a realidade, Rubie e eu nos olhamos e ela perguntou:
- Você não vai falar nada?
Respirei fundo e passei a mão no rosto antes de falar:
- Quer que eu diga o que? Que eu devia saber que suas loucuras sempre acabam assim, que não devia ter sido tão burro a ponto de ter aceitado sua proposta ou que você é uma tremenda irresponsável por ter se deitado com um idiota qualquer e engravidado?
- Eu não sou irresponsável! Aconteceu, John! Como eu ia saber?
- Nossa! É algo impossível fazer sexo sem proteção e engravidar, né Rubie? Qualquer um sabe muito bem das consequências!
- Eu estava bêbada! Não sabia o que estava fazendo!
- Sabia muito bem quando saiu por aquela porta! Estar bêbada não tira a sua culpa, só aumenta e muito! Admita, você foi irresponsável, burra e uma grande idiota por ter feito o que fez! Você não é mais uma garota, Rubie. Mas consegue ser muito mais imatura que uma criança! Só sabe fazer merda!- Eu estava exaltado e furioso, tinha me levantado e começei a andar de um lado para o outro enquanto dizia:
- Sua mãe tem razão quando fala que você não faz nada que preste e só age por impulso. Agora vai ter que lidar com todas as consequências dos seus atos! O que vamos fazer, Rubie? Me diz qual é o seu "grande plano" para lidar com uma gravidez? Me diz!!- Gritei furioso.
- Eu não sei!!- Ouvi ela também gritar aos soluços, me virei e vi Rubie chorando sem parar- Eu não sei...
Ela levou suas mãos ao rosto e se deixou lavar em lágrimas. Parei sem reação, nunca tinha visto ela derramar uma lágrima sequer e agora se afundava em um choro de desespero e tristeza, mas principalmente de arrependimento.
Toda a raiva que eu estava sentindo sumiu, fui tomado por outro sentimento enquanto a via tão fraca, desamparada, frágil e totalmente sem chão... Queria conforta-la, por mais que ela tivesse errado feio, ainda era humana e eu sabia que estava sofrendo muito com aquilo, pela primeira vez Rubie não tinha como controlar o que estava por vir.
Fui até ela e me sentei ao seu lado, a abraçando e acariciando seus cabelos, suas lágrimas molhavam minha camisa enquanto eu dizia:
- Calma, Rubie... Eu... Me perdoa, eu não devia ter dito essas coisas.
- John...- Ela se agarrou a minha camisa enquanto dizia- Estou com medo...
Ela falou baixinho, estava tão desamparada que até parecia uma criança. A ajeitei em meus braços e disse baixinho no seu ouvido:
- Eu sei, Rubie... Mas vai dar tudo certo.
- Eu não quero estar grávida, não quero!
Rubie me olhou com os olhos cheios de lágrimas e disse:
- O que eu vou fazer, John?
Passei a mão no seu rosto e falei:
- Se acalme, Rubie. Não vamos pensar nisso agora, vai ficar tudo bem... eu estou aqui com você...
Ela voltou a colocar a cabeça sobre meu peito, ficamos assim até suas lágrimas irem parando e ela se acalmando.
Tudo ficaria bem? Nem eu sabia responder esta questão...