Rubie e as garotas estavam lá em casa, desci as escadas e reparei no fato da Rubie estar chorando no sofá.
- O que houve? Aconteceu alguma coisa?- Perguntei preocupado.
Ela soluçou e apontou para a TV falando:
- É que o pai do Simba morreu...
Parei confuso.
- O que?
- O pai do Simba morreu, John! Isso é muito triste!
Olhei para a cara das garotas que também estavam no sofá assistindo e Megan disse com cara de tédio:
- Nem sei o que estamos fazendo assistindo Rei Leão...
- Não se preocupe, querido! É a instabilidade emocional que deixa a Rubie assim.- Disse tia Dulce.
- É assustador ver ela assim, ainda bem que está perto dos bebês nascerem.
Justin desceu as escadas também e disse:
- Partiu?
- Vamos!
- Você vai sair, John?- Perguntou Rubie secando as lágrimas e se acalmando.
- Sim, lembra que eu te disse que hoje vai ter um jogo muito importante na TV?
- Estamos indo assistir na telona do Miguel. Já fizemos nossas apostas!- Disse Justin animado.
- Vocês não se cansam dessas coisas?- Perguntou Bárbara.
- Vocês se cansam de comprar roupas e maquiagem?
- Não...
- Nós também não cansamos de futebol e apostas!
- Vem cá, John!- Me chamou Rubie.
Me aproximei.
- Eu quero um abraço...
Sorri e a abracei falando:
- Você está mesmo sensível hoje...
- E um chocolate quando voltar, tá?- Falou ela no meu ouvido.
Me levantei e disse:
- Querendo se enfiar no doce, dona Rubie?
- Ai, é só um pouco! Me compra daquelas barras que são um pouco apimentadas... Não, prefiro a de nozes! É, nozes é perfeito!
- Ok, eu compro...
- Não esquece!
- Tá, qualquer coisa me liga, ouviu?
- Ok!
- Estou falando sério, me liga!
- Ok, John! Bye!
Dei um beijo em seus lábios, depois beijei a barriga, como era de costume e saí com o Justin.
O jogo estava emocionante, era a final e estava empatado mas o nosso time estava fazendo de tudo para dar a volta por cima.
- Quem quer mais uma garrafa?
- Opa! Pode passar para cá, Enzo!- Falei animado.
- Aff, esse goleiro não dá uma folga!- Reclamou Miguel.
- Mas o nosso atacante também não! Ele vai conseguir!- Disse Justin.
- Nossa, olha o drible! A bola é nossa! Será que agora vai?- Perguntei empolgado e concentrado no jogo acirrado.
Meu celular começou a tocar, era a Rubie.
- Ai, Rubie! Agora?
Atendi.
- Oi!
- Oi, John!
- Está tudo bem?
- Sim, está... Mas parece que agora vai, os bebês estão a caminho!
- Vai? Vai?- Perguntei focado no jogador que invadia o campo adversário.
- Sim! Vai! Minha bolsa estourou, John!
- Uhuuu!! É gooool, caramba!!- Comemorei quando a bola foi certeira no gol, os garotos comemorando e gritando ao meu lado.
- Gol? Eu aqui toda esterica e você gritando que é gol?!
- Perai... O que você disse? A bolsa estourou?!
- Sim! E o próximo "gooool" que vai rolar vai ser o meu salto voando em um certo lugar!
- Ai meu Deus! Não se mova! Eu já estou indo!- Falei entrando em desespero.
- Estamos te esperando para minha mãe nos levar para o hospital, vem rápido tá? Vou pegar minhas coisas...
- Ok, ok! Estou a caminho!
Desliguei o celular e me levantei:
- Rubie vai ter os bebês?
- Sim, os bebês vão nascer! Os bebês vão nascer!
Fui me dirigir até a porta e tropecei numa mesinha que tinha de canto e quase fui ao chão, ou era o desespero ou era a bebida.
- Eu tô bem... Quem colocou isso aqui? Vocês não vem? Eles estão nascendo!- Falei rápido e me embaralhando nas palavras.
- Vamos!- Falou Enzo se levantando, Miguel também se levantou.
- Mas e o jogo?- Perguntou Justin.
- Pensa nos seus sobrinhos, guri!- Falou Miguel.
- Bem que eles podiam ter esperado só mais um pouquinho...- Falou Justin se levantando desapontado.
- Eu dirijo!- Falei.
- Dirige, nada! Não quero morrer hoje! Eu quase nem bebi então deixa comigo, vamos!- Falou Enzo pegando a chave da minha mão.
Chegamos lá poucos minutos depois, entrei meio sem ar por causa da correria e da ansiedade.
- Cheguei!
- Ah, que bom!- Disse Rubie parecendo mais aliviada ao me ver. A abracei e perguntei:
- Como você está?
- Bem e prontinha para conhecer meus filhos... Mas com dor!
- Está doendo muito?
- Ah, você sabe como sou tolerante a dor, né? Então se perguntassem o nível da dor numa escala de 1 a 10 eu estaria gritando 11, mesmo que na realidade fosse 4!
- Ela não para de tagarelar desde que a bolsa estourou!- Falou Megan.
- Ai, é a ansiedade! Vocês sabem como eu sou. Preciso me descontrair de alguma maneira, falando é a melhor delas! Você não comprou meu chocolate, né?
- Eu... esqueci! Mas te compro depois que os bebês nascerem, vamos?
- Vamos! Mas se meus filhos sairem com cara de chocolate vou bater em você!
- Boa sorte, amiga! Que nossos afilhados venham logo para o mundo!- Disse Bárbara com os olhos brilhando. Se pudessem todos iriamos para o hospital, mas não sabíamos se seria rápido ou ainda iria demorar.
Dona Helena foi no volante, Dulce ao seu lado, enquanto Celeste e eu ajudavamos Rubie com os exercícios de respiração nos bancos de trás, o engraçado é que as vezes parecia que eu estava precisando de mais ajuda para respirar do que ela. Fizemos a contagem e Rubie estava tendo contrações de trinta segundos a cada seis minutos.
Ao chegarmos no hospital, passamos no balcão principal para fazer o registro de entrada. Empurrei sua cadeira de rodas até a sala de partos e, em seguida, a ajudei a se despir e a colocar a roupa do hospital. Rubie ficou um pouco vermelha por ter que ficar assim na minha frente e acho que eu também devia estar, ela disse rindo para descontrair:
- Porque está vermelho? Não é como se fosse a primeira vez que me vê nua!
- Dá primeira vez foi sem querer... querendo.
Rubie revirou os olhos e sorriu me dando um tapinha.
- Seu safado! Mas você ainda não viu nada! Espero que aguente o que está por vir.
Sorri mas me lembrei que teria que ver sangue, bastante sangue.
- Não sou muito bom com sangue...
- Vê se não desmaia!
- Não vou desmaiar...- Eu acho.
Depois disso ela se deitou e ficamos esperando o médico e a enfermeira entrarem, o que aconteceu alguns minutos depois. Fizeram alguns procedimentos para ver o quanto de dilatação Rubie estava, e o anestesista trouxe algo que devia ser para amenizar mais as dores, o que pareceu ter funcionado, mas Rubie ficou meio eufórica depois disso.
Tudo correu rápidamente, eu ficava segurando sua mão e uma perna dela, enquanto a enfermeira segurava a outra. Ela fazia força com algumas caretas e gritos de dor, Rubie segurou firme minha mão enquanto eu dizia palavras de apoio. Eles estavam vindo....
Um enorme sorriso se negava a deixar o meu rosto, enquanto observava detalhadamente aquele pequeno rostinho do bebê que segurava em meus braços. Um garotinho com os cabelos desgrenhados e loiros como os da mãe, suas expressões eram fortes e marcantes, o que também me lembravam muito a Rubie. Parecia um anjo.
Olhei para o lado e observei Rubie, que olhava fascinada para seus dois bebês idênticos, estávamos deitados juntos, cada um segurando um bebê.
- Eles são lindos, não são?- Perguntou ela, encantada.
- São mesmo... Parecem com a mãe.
Ela sorriu e disse:
- Eles tem o meu formato de rosto, meu nariz e orelhas... Mas essa boca não é minha!- Falou ela rindo.
O bebê que estava no seu colo abriu os olhos devagar e olhou para ela com seus belos olhinhos azuis, eram lindos e intensos. Rubie olhou para ele e depois fitou meus olhos sorrindo admirada, por incrível que pareça os olhos deles realmente se pareciam com os meus.
- Azul realmente se tornou uma das minhas cores preferidas!- Falou Rubie e nós dois rimos.
- Como se sente sendo abençoada em dobro?
- A pessoa mais feliz do mundo...
Passou a mão bem de leve no rostinho do bebê que eu segurava e ele pareceu sorrir por questão de segundos.
- Acho que é paixão a primeira vista...- Falei.
- Não tem como não amar esses dois anjinhos...
- Verdade, eu amo... eu amo vocês três...
Rubie me olhou emocionada, com seus olhos verdes brilhando e dizendo mil coisas. Olhei para seus lábios e ela para os meus, fechou os olhos e me deixou beija-la, um beijo terno, calmo, cheio de sentimento e a melhor coisa era que dessa vez não era uma mentira.
- Com licença, seus familiares estão pedindo permissão para entrar.- Disse uma enfermeira, nos tirando do nosso momento. Rubie sorriu e falou:
- Diga a eles que entrem, por favor.
Todos entraram e foi um misto de emoções, as garotas todas estavam emocionadas e com os olhos brilhando, Bárbara até chorou de felicidade. Dona Helena e Dulce olhavam para Rubie orgulhosas e fascinadas para os bebês, acho que as duas estavam se sentindo "avós". Miguel, Justin e Enzo davam os parabéns com um sorriso no rosto. Celeste parecia encantada com os bebês, não parava de admira-los e até Cíntia parecia realmente feliz pela Rubie.
- São tão lindos, querida... Parecem dois anjinhos vindos do céu!- Falou vovó Anabel também tentando segurar as lágrimas.
- Eu não disse que iriam se parecer com a mãe, vovó Bel?- Falou Rubie rindo.
- Parecem mesmo!- Disse Helena sorridente.
- Ah, mas esses olhos lindos são do John!- Disse vovó enquanto os dois bebês observavam o movimento.
Eu ri meio nervoso, mas amei o fato deles terem os olhos azuis, pareciam mesmo meus filhos. Eu sentia no meu coração que eram meus filhos.
- E como vai ser o nome deles?- Perguntou Dulce empolgada.
Rubie olhou para os dois sorridente, depois para todos nós e disse:
- Podem dar as boas vindas para o pequeno Rychard...- Falou olhando para o bebê do seu colo- E para o pequeno Ryan.- Disse olhando para o que estava no meu.
Ryan pareceu sorrir de novo, como se tivesse aprovado. Todos rimos e adoramos os dois nomes que pareciam feitos exclusivamente para eles. Sentimento de família reunida, de amor... Não tinha como ser mais perfeito do que aquilo.
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Namorado de Mentirinha (Revisando)
Teen FictionHistória registrada, plágio é crime! John é um cara maduro, centrado, companheiro e sempre preocupado em fazer o correto. Já Rubie é a garota que faz o que der na telha, é direta, sem papas na língua, adora zoar tudo ao seu redor e correr atrás dos...